Datos del trabajo


Título

EXPERIENCIAS DE MULHERES QUE ENVELHECEM COM O VIRUS DA IMUNODEFICIENCIA HUMANA

Introdução

O envelhecimento é considerado um fenômeno inerente à própria vida, tal como é a infância e a adolescência, sendo caracterizado por mudanças biopsicossociais específicas vinculadas à passagem do tempo, variando de acordo com o indivíduo, podendo ser determinado por perfil genético, ou por características ambientais, além do estilo de vida adotado. No Brasil, com a queda das taxas de fecundidade, o controle das doenças evitáveis e a redução da mortalidade infantil, houve rápido crescimento da população idosa, modificando-se a configuração social do país1. Em decorrência destas mudanças, constata-se que a maioria dos idosos brasileiros são mulheres com prevalência de idade entre 60 a 64 anos, estas, por sua vez, em decorrência de alterações propiciadas pela idade, tornam-se mais propensas à ocorrência de doenças, dentre as quais cita-se o acometimento pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV)2. Em boletim epidemiológico brasileiro gerado no ano de 2017, constatou-se que entre os anos de 2007 a 2017, foram notificados 62,198 casos de HIV em mulheres. Relacionado ao HIV/Aids em mulheres idosas, há uma leve estabilização na detecção durante a década atual, porém, ainda sendo considerado motivo de grande preocupação para a saúde pública. Além do perfil idoso da doença, estudos confirmam que houve significativas mudanças no perfil epidemiológico da doença em décadas passadas, o que evidenciou a sua feminização3. Em decorrência dessas constatações, tendo em vista a manutenção da qualidade de vida (QV) das mulheres idosas que vivem com o HIV/Aids, buscando alcançar o envelhecimento ativo, conforme preconizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), e seus aspectos biopsicossociais, é importante conhecer como se dá o envelhecimento frente a este agravo à saúde, levando em consideração não apenas os aspectos socioepidemiológicos, mas, também, os significados e representações atribuídos à vivência com o HIV nesta faixa etária.

Objetivos

Investigar diferentes significados atribuído ao cotidiano vivido por mulheres idosas soropositivas para o HIV, com enfoque na experiência de envelhecer com a doença.

Método

Estudo qualitativo conduzido de acordo com a abordagem do Interacionismo Simbólico. Consideramos essa abordagem adequada para compreender o significado de viver com uma doença episódica em mulheres idosas que vivem com o HIV. As participantes foram mulheres idosas diagnosticadas com o vírus HIV, recrutadas em um Serviço de Assistência Especializada no atendimento a pacientes com HIV/Aids em um município do Nordeste brasileiro. Utilizou-se o critério de conveniência a partir da procura destas idosas na instituição. Teve-se como critérios de inclusão: mulheres com idade igual a/ou superior a 60 anos, portadoras de HIV/Aids, que estavam regularmente cadastradas no programa de DSTs/Aids do município de Imperatriz e que faziam uso de antirretrovirais por período igual ou superior a um ano. Foram excluídas todas as pacientes que de alguma forma se negaram a participar do estudo e as pacientes que apresentavam transtornos mentais. Os dados foram coletados entre março a junho de 2017 por meio de entrevistas semi-estruturadas em profundidade, a fim de explorar as experiências das mulheres que vivenciam envelhecer com HIV para obter uma percepção de suas vidas no presente e os desafios que surgem à medida que envelhecem com o HIV. As entrevistas ocorreram em locais acessíveis mutuamente acordados pelos participantes e investigadores e duraram entre 1 e 1,5 horas de duração. Por se tratar de um estudo qualitativo, o critério usado para determinar o número de participantes foi o de saturação. Assim, neste estudo, a saturação de dados foi alcançada após 12 participantes terem sido entrevistadas. As entrevistas foram gravadas em áudio e posteriormente transcritas na integra e analisadas, seguindo-se às recomendações da análise de conteúdo. A análise dos dados foi conduzida pelo autor principal e, em seguida, discutida com dois outros pesquisadores até considerem suficientemente esclarecedora, contextualizada, fundamentada no relacional e coerente. Foi realizada leitura minuciosa sobre expectativas e ações gerontológicas para o HIV, à luz do Interacionismo Simbólico. Este estudo faz parte de um macroprojeto intitulado “Mulheres convivendo com aids: fatores de risco, protetivos e resiliência”. O projeto foi submetido ao Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal do Tocantins, conforme disposto na Resolução do Conselho Nacional de Saúde nº 466/2012, tendo aprovação com parecer nº 105/2014.

Resultados

A análise revelou dois grandes temas derivados dos dados: a compreensão da experiência vivenciada com o diagnóstico do HIV (esta tema gerou dois subtemas, sendo eles: Reconhecendo mudanças, se reconhecendo e construindo o significado de autocuidado para envelhecer bem); e do tema convivendo com as pessoas e o HIV surgiu o subtema alterações de convivência no âmbito afetivo e familiar (que trata de mecanismos que favorecem ao autocuidado destas mulheres idosas após o diagnóstico do HIV/Aids). A partir deste segundo tema, o estudo evidencia que as mulheres idosas acusam sofrer de preconceito inerente à infecção, seja no ambiente de trabalho, pelos familiares e outros atores sociais que se relacionam. Assim, este preconceito em relação à infecção, soma-se ao preconceito existente em relação ao idoso propriamente dito. As características relacionais e contextuais deste estudo podem ser vistas como limitantes do entendimento que pode ser extraído das entrevistas. De acordo com sua abordagem metodológica, o objetivo deste estudo não é generalizar seus achados, mas permitir sua transferência experimental para outros contextos relevantes.

Considerações Finais

O interacionismo simbólico é proposto como uma maneira de estabelecer um estágio mútuo para facilitar uma compreensão geral da importância do significado das palavras, desta forma, o estudo possibilitou conhecer o significado atribuído à vivência de idosas com o diagnóstico do HIV/Aids. A confirmação da infecção traz complicações concernentes a como estas mulheres se enxergam perante a sociedade após o diagnóstico. Referências: 1. Ferreira OGL, Maciel SC, Silva AO, Sá RCN, Moreira MAS. Significados atribuídos ao envelhecimento: idoso, velho e idoso ativo. Rev Psico. 2010; 15(3):357-364. 2. Orlandi FS, Santos DA, Mendiodo MSZ, Pepino BG. Avaliação da atitude diante do envelhecimento de mulheres com 50 anos ou mais portadoras de HIV/AIDS. Revista Kairós Gerontologia, 2011;14(2):63-80. 3. BRASIL. Boletim Epidemiológico de HIV/Aids. Semanas epidemiológicas - janeiro a junho de 2017. Ministério da Saúde - Secretaria de Vigilância em Saúde - Departamento de DST, Aids

Palavras Chave

Saúde da mulher. HIV/AIDS. Envelhecimento.

Area

Saúde do Idoso

Instituciones

Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC - Santa Catarina - Brasil, Universidade Federal do Maranhão - Maranhão - Brasil

Autores

SIMONY FABIOLA LOPES NUNES, Flaniellton da Silva Reis, Rafaela Vivian Valcarenghi, Francisco Dimitre Rodrigo Pereira Santos, Claudia Regina de Andrade Arrais Rosa, Leila Rute Oliveira Gurgel Amaral, Angela Maria Alvarez