Datos del trabajo


Título

PERCEPÇAO DOS ENFERMEIROS ACERCA DO PROCESSO DE REFERENCIA E CONTRARREFERENCIA NA REDE MUNICIPAL DE SAUDE

Introdução

O Sistema Único de Saúde foi idealizado para operar através de Redes de Atenção à Saúde como uma resposta social organizada às necessidades, demandas e preferências da sociedade1 Embora, esses níveis de atenção tenham sido idealizados e organizados para funcionar como uma rede interligada, levando em consideração a gravidade do usuário, há uma grande dificuldade de estruturar os serviços de saúde e os fluxogramas de atendimento na realidade atual2. Sistemas estruturados em diferentes níveis de atenção, como o brasileiro, recebem críticas no sentido de serem incapazes de se articularem, resultando em um cuidado fragmentado, principalmente para o enfrentamento das condições agudas ou agudizações das condições crônicas3. Seguindo este raciocínio, para efetivar estes valores de integralidade há necessidade de um adequado sistema de referência e contrarreferência para viabilizar o fluxo entre as diversas esferas que compõe a Rede de Atenção à Saúde3

Objetivos

Levantar as facilidades e as dificuldades dos enfermeiros de uma rede municipal de saúde na efetivação da referência e contrarreferência entre a Atenção Primária à Saúde e as Unidades de Pronto Atendimento e desenvolver um processo reflexivo com os profissionais de saúde sobre a importância da utilização de um fluxograma de referência e contrarreferência entre Atenção Primária à Saúde e as Unidades de Pronto Atendimento.

Método

Pesquisa Convergente Assistencial com enfoque na gestão do cuidado4. A coleta de dados ocorreu no período de julho de 2017 a fevereiro de 2018. Os sujeitos da pesquisa tiveram sua participação firmada pelo aceite à participação através do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido específico de cada etapa. A coleta de dados ocorreu em dois momentos. O primeiro momento ocorreu de julho a agosto de 2017 e a população estudada foi composta por 91 enfermeiros que atuam no município e sete residentes de enfermagem. Como critério de inclusão utilizou-se ser enfermeiro ou enfermeiro residente da Secretaria Municipal de Saúde, com cadastro no grupo de e-mails da categoria. A coleta de dados se deu pela aplicação de um questionário disponibilizado pela ferramenta SurveyMonkey; com quinze questões fechadas e abertas que permitiu conhecer como os enfermeiros percebem a referência e contrarreferência entre a Atenção Primária à Saúde e as Unidades de Pronto Atendimento. O segundo momento ocorreu de outubro de 2017 a fevereiro de 2018, participaram nove enfermeiros, os quais haviam respondido ao questionário do momento anterior, e que faziam parte da Comissão de Sistematização da Assistência em Enfermagem da Secretaria Municipal de Saúde do município estudado. Com esses foi realizado um grupo de convivência no qual foram apresentados e discutidos os resultados obtidos com o questionário e levantada as sugestões para elaboração do fluxograma de referência e contrarreferência entre a Atenção Primária à Saúde e as Unidades de Pronto Atendimento. A análise dos dados seguiu os preceitos da Pesquisa Convergente Assistencial e ocorreu em três etapas, apreensão, síntese e teorização4. Na fase de apreensão foi realizada a codificação dos dados dos questionários e do grupo de convivência. Na fase de síntese foram comparados os dados obtidos separando em categorias por palavras-chave e temas semelhantes. Na fase de teorização realizou-se uma reflexão confrontando os dados encontrados com a literatura sobre o assunto, buscando pontos comuns e divergentes, relacionando a aplicabilidade com a prática assistencial. A análise dos questionários e das falas do grupo de discussão resultou em cinco categorias: “percepção dos profissionais no sistema de referencia e contrarreferência”, “fluxo de referência e contrarreferência na realidade atual”, as “facilidades no sistema de referência e contrarreferência”, as “dificuldades no sistema de referência e contrarreferência”, e, “aspectos essenciais a um fluxograma de referência e contrarreferência”.

Resultados

Constatou-se que a referência e a contrarreferência entre as unidades ocorre desarticulada e informalmente. Não existem fluxos formais para referenciar usuários da atenção primária para as unidades de pronto atendimento e vice versa. Destaca-se a fragilidade de elo entre a Atenção Primária à Saúde e os serviços de outros níveis, não há contrarreferência ou retorno monitorados, implicando em descontinuidade do cuidado, e baixa resolubilidade dos casos. A ferramenta mais utilizada nos encaminhamentos é um formulário, com registro ineficiente de informações e das intervenções realizadas e as motivações que justificam o encaminhamento. O Sistema de Registro Eletrônico é considerado um aspecto positivo para a efetivação de um fluxograma de referência e contrarreferência.

Considerações Finais

A referência e contrarreferência ainda são vistas como entraves a integralidade do cuidado e exige uma mudança na prática, não só a padronização de fluxos, mas também a conscientização dos profissionais envolvidos em todos os pontos da Rede de Atenção à Saúde. Os participantes do estudo identificam que, hoje, este fluxo é informal e desarticulado, mas conseguem visualizar qual deveria ser o trânsito ideal deste usuário na rede, bem como, percebe como sua atuação é importante e prejudica o usuário quando não há responsabilização do cuidado e a comunicação eficaz entre os pontos da rede. Observamos que este fluxo, mesmo que informal, acontece em ações isoladas e tem sido cada vez mais difundido e estimulado, não estando distante do preconizado, precisando de ajustes operacionais, capacitações e incentivo institucional. Um passo importante para a efetivação da continuidade do cuidado já foi dado, e é visto como um grande facilitador, o Sistema de Registro Eletrônico, tecnologia apontada como essencial dentro do componente logístico, sem o qual esta integração não é possível. Precisamos caminhar para que esta integração de informações com o histórico de atendimentos do usuário, através do prontuário eletrônico, seja ampliado a nível estadual, já que é comum o fluxo de usuários entre serviços das esferas municipais e estaduais. Outro passo importante para auxiliar esta integração é o incentivo a comunicação entre os profissionais, favorecendo e facilitando a continuidade do cuidado, ampliando o acesso do usuário em unidades de saúde de várias complexidades, em qualquer direção.

Palavras Chave

ENFERMAGEM
REFERÊNCIA E CONTRARREFERÊNCIA

Area

Gestão de Serviços de Saúde

Autores

SABRINA DA SILVA DE SOUZA, Milena Pereira , Eliane Matos