Datos del trabajo


Título

VIOLENCIA NO TRABALHO: POTENCIALIDADES DE INVESTIGAÇAO DO TEMA A PARTIR DO ESTUDO MISTO PARA INVESTIGAÇAO DA TEMATICA

Introdução

A Organização Mundial da Saúde define violência como o uso da força ou do poder, real ou ameaças, contra si próprio, outras pessoas ou grupos, ocasionando lesão, morte, danos psicológicos ou privação. Considera violência no trabalho como resultado da interação complexa de diversos fatores, com ênfase nas condições de trabalho e na interação trabalhador agressor. Para a Organização Internacional do Trabalho, a violência no ambiente de trabalho caracteriza-se por incidentes envolvendo abuso, ameaça ou ataque em circunstâncias de trabalho, configurando-se como malefícios explícitos ou implícitos à segurança, bem-estar ou saúde do trabalhador. Os trabalhadores de enfermagem, diariamente, estão expostos a situações de violência no trabalho. Sua manifestação ocorre, principalmente, por meio da agressão verbal por parte do paciente e seus familiares que, insatisfeitos com o atendimento, direcionam sua insatisfação a que está na linha de frente do atendimento, a enfermagem,3 o que repercute de forma complexa na sua saúde e assistência prestada.

Objetivos

Analisar a violência no trabalho da Enfermagem no ambiente hospitalar.

Método

Tratou-se de pesquisa com abordagem mista que utilizou a estratégia aninhada concomitante, ou seja, as abordagens quantitativa e qualitativa, conforme referencial de Creswell. Esta estratégia, segundo o autor, prevê a coleta dos dados no mesmo encontro com o participante do estudo, bem como a análise conjunta destes, com associação de abordagens e proporcionando ao pesquisador uma possibilidade mais ampla como resultado. O local da pesquisa foi um hospital público no Sul do Brasil. Participaram do estudo enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem, totalizando 198 trabalhadores, selecionados por sorteio aleatório. Na etapa quantitativa da investigação foram mensuradas as características demográficas e labo¬rais dos trabalhadores, e para o levantamento da violência ocorrida nos últimos 12 meses foi utiliza¬do o Survey Questionnaire Workplace Violence in the Health Sector, proposto pela Organização Mundial da Saúde, Organização Internacional do Trabalho e de Serviços Públicos e Conselho Internacional de Enfermagem, traduzido e adaptado para a língua portuguesa. Na etapa qualitativa do estudo foram entrevistados 15 trabalhadores que sofreram violência no último ano, selecionados intencionalmente a partir da disposição para relatar suas experiências e sentimentos acerca do ocorrido, o que foi identificado ao longo da coleta quantitativa. O número de trabalhadores entrevista¬dos foi definido pela saturação dos dados. Utilizou-se um roteiro semiestruturado para compreender a origem e as situações em que ocorre a violência no ambiente de trabalho. A coleta de dados ocorreu de outubro de 2014 a novembro de 2017. Os dados foram analisados mediante codificação, tabulação e com auxílio do software SPSS versão 21.0. A pesquisa foi aprovada por um Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, sob parecer n° 933.725.

Resultados

Por meio da análise conjunta dos dados, foi possível perceber a complementaridade entre os instrumentos de pesquisa, o que resultou em evidências precisas e que provocam reflexões. O estudo reforça a presença de violência no local de trabalho e que esta possui relação com as condições e a organização do trabalho. Entre os participantes do estudo 25,8% da amostra da etapa quantitativa eram enfermeiros, 71,2% técnicos de enfermagem e 3,0% auxiliares de enfermagem, sendo 84,2% do sexo feminino. A maioria dos trabalhadores que sofreram violência eram brancos 85,1%, solteiros 41,1% e menor número de filhos 0-1,5%. Quanto a função, eram enfermeiros 37,6%, tinham função de chefia 28,7%, contato mais frequente com os pacientes 94,1%, maior número de profissionais que atuam junto no ambiente de trabalho e maior preocupação com a violência no local de trabalho. Profissionais que tem contato físico com os pacientes e estão em cargo de chefia apresentam uma probabilidade maior de sofrer violência no ambiente de trabalho, sendo o profissional médico o perpetrador mais frequente. Profissionais que tem contato físico frequente com os pacientes apresentam 97% maior probabilidade de violência no trabalho. Também aqueles com mais de um filho apresentam redução de 14% na prevalência de violência no trabalho. Ainda, em relação a escala de preocupação com a violência no local de trabalho, há um aumento de 14% na probabilidade de sofrer violência no trabalho. Ainda, para cada ponto a mais na escala de preocupação com violência no local de trabalho, há um aumento de 14% na probabilidade de sofrer violência no trabalho. Por fim, profissionais que apresentam cargo de chefia apresentam uma probabilidade 41% maior de sofrer violência no ambiente de trabalho. Na etapa qualitativa aspectos singulares do fenômeno estão sendo desvelados, especialmente a relação com a segurança do paciente. Esta etapa permitiu a escuta dos participantes que sofreram com o fenômeno, sinalizando detalhes do processo de trabalho, bem como implicações no modo de assistir dos trabalhadores a partir dos episódios, a banalização da violência no trabalho, a partir da soma de impressões dos participantes, de difícil análise na abordagem quantitativa. Assim, reforçou-se com o estudo que alguns objetos de investigação requerem a utilização de estratégia aninhadas concomitantes, potencializando aos pesquisadores uma apreensão mais ampla como resultado.

Considerações Finais

O estudo revelou a existência de violência no ambiente hospitalar e sua influência negativa sobre os trabalhadores. Os trabalhadores de saúde vítimas da violência manifestam insegurança, medo e sofrimento o que pode influenciar na saúde dos trabalhadores e na qualidade da assistência por eles prestada. O estudo realizado contribui para a análise do fenômeno da violência no trabalho da enfermagem, o qual se destaca como problema de saúde pública que pouco tem sido identificado, mensurado e prevenido, tem sido naturalizado no cotidiano dos serviços de saúde brasileiros. A abordagem mista, como escolha metodológica, propiciou para a análise do fenômeno da violência no trabalho, pois integrou elementos complementares e potencializou as interpretações e inferências sobre os achados.

Palavras Chave

Violência no trabalho. Saúde do trabalhador. Enfermagem.

Area

Violências e Saúde

Instituciones

Universidade Comunitária da Região de Chapecó - UNOCHAPECÓ - Santa Catarina - Brasil

Autores

GRASIELE FATIMA BUSNELLO, Letícia Lima TRINDADE, Daiane DAL PAI, Carine VENDRUSCOLO, Elisangela Argenta ZANATTA, Daiana GRASIELE F. BUSNELLO BRANCALIONE, Manoela Marciane CALDERAN, Suellen Tainá RIBEIRO