Datos del trabajo


Título

O CONHECIMENTO DE UMA POPULAÇÃO RURAL SOBRE A RELAÇÃO DO CONSUMO DE AGROTÓXICO E A SAÚDE

Introdução

O uso dos agrotóxicos tem crescido mundialmente, a partir de 1950, para aumentar e melhorar a produtividade das lavouras, por meio do controle de pragas.1-2 No Brasil a situação não é diferente, destacando-se como o maior consumidor de agrotóxicos no mundo, sendo o estado de Santa Catarina, o 11º consumidor na colocação nacional. Esse aumento no consumo acaba desencadeando riscos à saúde da população, principalmente na população rural, tornando-se ainda mais vulnerável devido suas condições socioeconômicas, tendo estes, menos acesso a informações e tecnologias, podendo resultar no uso abusivo dessas substâncias associado ao não uso de equipamentos de proteção individual no seu manuseio. Dentre um exemplo de população rural, a cidade de Antônio Carlos destaca-se pela alta produção de hortifrutícolas, expondo a população tanto de maneira ocupacional quanto ambiental, podendo causar consequências de vindas do manejo incorreto do agrotóxico.3 Essas consequências estão principalmente vinculadas aos danos na saúde, favorecendo o desenvolvimento de câncer, danos no sistema nervoso, endócrino e renal,4 como também, alterações psíquicas, tornando-os mais propensos a desencadear depressão e consequentemente, cometer suicídio.5 Levando em consideração a falta de conhecimento da população rural, as consequência geradas pelo uso incorreto do agrotóxico e a competência da enfermagem em promover e realizar ações que possibilitem a melhoria da qualidade de vida e da saúde da população, incluindo, os determinantes sociais e suas famílias,6-7 verificou-se a necessidade de conhecer a percepção da população deste município sobre a utilização dos agrotóxicos e seus riscos, a fim de contribuir para esclarecimentos e informações para a população.

Objetivos

Identificar o conhecimento de uma população rural do município de Antônio Carlos sobre os riscos da intoxicação por agrotóxicos, sua relação com o desenvolvimento de doenças e a promoção da saúde.

Método

O estudo trata-se de uma pesquisa qualitativa, do tipo exploratório-descritiva, realizada no período de julho a agosto/2017. A coleta de dados ocorreu por meio de entrevistas semiestruturadas, tendo uma população de 12 moradores de uma das áreas de abrangência da Unidade Básica de Saúde do município de Antônio Carlos. Os participantes e a área de abrangência selecionada foram selecionadas via sorteio, após convite e explicação da pesquisa nas reuniões de grupos que são ofertadas pela unidade, levando em consideração os critérios de inclusão e exclusão pré-selecionados. As entrevistas foram realizadas em domicílio, previamente marcadas, áudio-gravadas, transcritas e analisadas por meio das etapas da Análise de Conteúdo de Minayo. A pesquisa só ocorreu após aprovação da Secretaria Municipal de Saúde de Antônio Carlos e do comitê de ética da Universidade Federal de Santa Catarina, e com a assinatura do Termo de Consentimento Livre Esclarecido pelos participantes

Resultados

O estudo resultou em 4 categoria, na primeira categoria denominada “Compreensão e utilização dos agrotóxicos” fica evidente o uso de agrotóxicos no cotidiano dessas pessoas, sendo relatado pelos participantes, o uso de forma consciente e regrada. Na segunda categoria “Riscos e benefícios dos agrotóxicos” mostra que a população sabe que o uso indiscriminado e incorreto causa danos à saúde, porém, o utilizam por questões econômicas para melhoria da produtividade agrícola, não abrindo mão do uso, mesmo afirmando a existência de riscos para a saúde. Esses riscos estão principalmente vinculados ao surgimento de cânceres, desconhecendo os demais prejuízos que podem causar . Apesar da maioria ter trazido sintomas semelhantes aos de uma intoxicação por agrotóxico, não associam essa informação como um fator preocupante. Isto ocorre, possivelmente pela falta de conhecimento dos sintomas desencadeados por uma intoxicação aguda, podendo estar diretamente ligado ao nível de escolaridade e esclarecimento destes usuários. A “Utilização dos equipamentos de proteção individual” consiste na terceira categoria que identifica a baixa adesão ao uso dos equipamentos de proteção individual, sendo uma prática incomum entre os entrevistados. Na última categoria “Atitudes para a promoção da saúde”, o conceito da saúde está ligado diretamente à ausência da doença e a promoção da saúde relacionada a atitudes diárias de alimentação e atividade física, possuindo relatos de desconhecimento do significado de promoção da saúde. A população também traz queixas de falta de atividades que ensinem a população sobre os cuidados relacionados a saúde e a utilização dos agrotóxicos, assim, destaca-se a deficiência desta população e a importância da ação do enfermeiro como um agente transformador desse cenário por meio de atividade de promoção e conscientização dessa população.

Considerações Finais

O estudo alcançou seu objetivo principal, evidenciando o déficit do conhecimento da utilização dos agrotóxicos e da aderência no uso dos equipamentos de proteção individual. A partir do conhecimento da realidade, verificou-se a necessidade da realização de futuros projetos de educação em saúde como meio de promover a saúde e informar à população sobre o assunto. Apesar disso, essa pesquisa foi um pequeno passo na produção científica, sendo necessário novos estudos para aprimorar e aprofundar a temática, possuindo algumas limitações devido a existência de estigmas em relação ao uso de agrotóxicos o que causa receio da população no diálogo aberto sobre o assunto.

REFERÊNCIAS
1 Brasil. ​Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário. ​AgriculturaFamiliar. ​Brasília, DF; 2016.
2 Pires DX, Caldas ED, Recena MCP. Uso de agrotóxicos e suicídios no Estado do Mato Grosso do Sul, Brasil. Caderno de Saúde Pública. 2005; 21(2):598-605.
3 Brasil. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador. Relatório: ​Vigilância em Saúde de Populações expostas a agrotóxicos no estado de Santa Catarina. Florianópolis, SC; 2015.
4 Estado de Santa Catarina. Secretaria de Estado de Saúde. Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina Superintendência de Vigilância em Saúde. Proposta de vigilância em saúde de populações expostas a agrotóxicos em Santa Catarina. Florianópolis, SC; ​2013.
5 Korbes D, Silveira AF, Hyppolito MA, Munaro G. Alterações no sistema vestibulococlear decorrentes da exposição ao agrotóxico: revisão de literatura. Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia. 2010; 15 (1): 146-152.
6 World Healt Organization (org.) The Ottawa Charter for Health Promotion. Ottawa, Canada:WHO; 1986.
7 Buss PM. Promoção da saúde da Família.

Palavras Chave

Agrotóxico. Atenção primária a saúde. População rural. Promoção da saúde.

Area

Educação popular e saúde

Autores

Amanda Richartz, Camila Vicente, Ivonete Teresinha Schulter Buss Heidemann, Fabiano Oliveira Antonini, Indiara Sartori Dalmonin, Luciana Martins da Rosa