Datos del trabajo


Título

AS REPRESENTAÇOES SOCIAIS DE MULHERES ALCOOLISTAS A PARTIR DA PERSPECTIVA DE GENERO FEMININO

Introdução

A modernidade permitiu que o consumo de álcool por mulheres se expandisse, porém, estudos epidemiológicos ainda apontam diferença no padrão de consumo do álcool entre homens e mulheres, constando-se que as mulheres ainda consomem menos bebidas alcoólicas que os homens (1). O II Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LENAD) realizado em 2012 no Brasil constatou que a frequência de consumo da bebida alcoólica por mulheres teve um aumento 10 pontos comparado ao I LENAD realizado em 2006 em que 27% das mulheres no país bebiam com frequência (2). Além de gerar transtornos sociais como acidentes de trânsitos e agressões, o abuso do álcool está associado a diversos riscos à saúde, principalmente para mulheres, pois são mais frágeis aos efeitos do álcool quando comparado ao biológico masculino(3). Poucas são as pesquisas relacionadas ao binômio alcoolismo e mulher, principalmente no que diz respeito a estudos experimentais, controlados, que tentam explicar os fatores que envolvem o alcoolismo feminino, além de estudos que mostre intervenções voltadas a elas. Grande parte das pesquisas são baseadas em estudos com homens e comparação entre o gênero (4).

Objetivos

Descrever as representações sociais de mulheres alcoolistas acerca da sua dependência química a partir da sua história de vida.
Analisar as implicações dessas representações sociais para o cuidado de si.

Método

Este estudo é do tipo descritivo, com abordagem qualitativa, utilizando como aporte metodológico a Teoria das Representações Sociais de Serge Moscovici e de seus seguidores para guiar a análise dos dados. (5). A pesquisa foi realizada com 30 mulheres alcoolistas em abstinência que participam das reuniões dos alcoólicos anônimos, sendo empregado o ponto de saturação dos dados para terminar a etapa de coleta de dados. A técnica de análise foi a temática empregada muito na psicologia social. O estudo obedeceu os quesitos da Lei 466/2012 (CNS, 2012), este estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Pará, sendo aprovado no dia 05 de maio de 2016, sob o Parecer nº 1.531.926 e CAAE 55773016.8.0000.0018. No total, participaram do estudo 30 mulheres alcoolistas, com idade superior a 18 anos, que estavam frequentando assiduamente os grupos de apoio alcoólicos anônimos e todas em abstinência de bebida alcoólica. Como campo de pesquisa para o estudo, tivemos alguns Grupos de Alcoólicos Anônimos cadastrados no Escritório Geral dos Alcoólicos Anônimos de Belém do Pará, os quais nos permitiram identificar grande número de mulheres.

Resultados

A Teoria das Representações Sociais é operacionalizada de forma que haja uma aproximação do universo do senso comum, permitindo desvelar um conjunto de opiniões elaboradas por sujeitos sobre um objeto psicossocial, como uma forma de saber prático (5). Problematizando que o alcoolismo feminino sofre um grande estigma, portanto pouco estudado. A relação do álcool é forte por contextos históricos em que sempre foi considerado o homem como ser forte e sua liberação para beber (4). O fenômeno das representações sociais é explicado de forma teórica com a construção de saberes sociais envolvido com a dimensão cognitiva dos indivíduos. Essa Representação Social (RS) é criada nas instituições, nas ruas, pelos meios de comunicação, comunicação informal, através de movimento sociais, ou seja, em todos os lugares de aspectos sociais, por meio de argumentação, falas e discussão do seu cotidiano (7). Ainda que o alcoolismo feminino abrange muito mais que apenas alcoolização e descontração, essa questão relaciona-se com processo de enfrentamento das situações frustrantes e fuga da amargura, envolvendo a carga negativa para o alcoolismo que elas carregam e também a sua identidade pessoal (8). No decorrer dos últimos dez anos, o consumo de bebidas alcoólicas tem sido feito mais cedo pelas pessoas, aumentando o risco para dependência do álcool. Em meio a este fato estão inseridas as mudanças no padrão do uso de bebidas alcoólicas e o consumo por mulheres que tem se tornando semelhantes aos padrões masculinos (8). Desde que estudos começaram a ser realizados acerca da relação entre gênero e a doença alcoolismo, a abordagem enfatiza o gênero masculino, provavelmente por causa do estigma construído ao longo das décadas sobre a mulher envolvida com o alcoolismo. Os efeitos causados pelo álcool como agressividade, isolamento e/ou fracasso no cumprimento nas suas funções no seio familiar é percebido com maior gravidade em mulheres (6). A mulher tem suas características peculiares que precisam ser investigadas de forma isolada, com um olhar atento em buscar os diversos fatores que envolvem o alcoolismo feminino, além de buscar intervenções pertinentes para essas alcoolistas. Porém, o consumo de bebidas alcoólicas por mulheres ainda é visto como algo negativo pela sociedade, um conceito construído e julgado como comportamento imoral, o que dificulta a procura por atendimento especializado, podendo agravar a doença (3). A princípio, o alcoolismo possui saberes consensuais, porém a busca pela sobriedade em uma instituição que ajuda no combate à alcoolização, na qual o método utilizado é o compartilhamento de experiências e informações, torna o saber mais elaborado, com sentidos científicos, assim há a objetivação da substância alcoólica ancorada como doença. As mudanças de pensamentos e ideias são dinâmicas, e a habilidade de entender e avaliar os eventos envolvidos na mudança é um conhecimento socialmente compartilhado, pois são conhecimentos da vida diária que estão em constante formação e transformação de representações sociais através de relações interpessoais (7).

Considerações Finais

A bebida alcoólica por muito tempo foi representada como algo positivo em suas vidas, porém as suas experiências vividas e compartilhadas puderam lhe remeter a outras denominações, então se reconheceu a substância como droga, denominação social e pessoas comum entre as mulheres entrevistadas. A busca pelo conhecimento das representações processuais de mulheres em abstenção foi realizada com base no referencial teórico e metodológico da Teoria das Representações sociais, utilizado como facilitador, já que possibilita a compreensão da relação entre essas mulheres e o objeto social alcoolismo, visto que são seres pensantes que processam em seu cognitivo a hierarquia da importância do objeto social em seu amplo aspecto dentro de um grupo social.

Palavras Chave

Enfermagem. Alcoolismo. Psicologia Social.

Area

Saúde da Mulher

Autores

Silvio Eder Dias da Silva, Joel Costa Lobato, Jeferson Santos Araújo, Natacha Mariana Farias da Cunha, Arielle Lima Dos Santos, Yasmin Martins de Sousa, Adriana Alves Moura, Roseneide dos Santos Tavares, Amanda Leticia Santos dos Ferreira, Irene de Jesus Silva