Datos del trabajo


Título

MAIOR DOR DO PARTO: REPRESENTACÕES SOCIAIS DE MULHERES SOBRE VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA INSTITUCIONAL

Introdução

: A violência apresenta várias faces e, no presente artigo irá tratar da violência obstétrica, um tipo de violência bastante comum que ocorre no cenário das instituições de saúde, considerada como problema de saúde pública(1). A violência obstétrica em maternidades tem sido tema de estudo em diversos países. Pesquisas demonstram que, além das dificuldades econômicas e estruturais que os serviços de saúde enfrentam, as violências encontram-se subjacentes às vivências das mulheres no trabalho de parto e parto(2-3).A violência obstétrica é evidenciada pela negligência, violência verbal ou psicológica, incluindo tratamentos grosseiros, ameaças, gritos e humilhações, violência física, incluindo a recusa deliberada da administração de anestésicos para aliviar o sofrimento das parturientes, e até mesmo a violência sexual. Essas variações assemelham-se aos praticados nas relações interpessoais(4-5).Esta violência é pouco identificada e visibilizada pelas vítimas, sendo, em geral, naturalizada e aceita. Na sua forma mais específica, quando praticada dentro das maternidades, durante o período de trabalho de parto e parto, é perpetuada por profissionais que deveriam promover a saúde, garantindo-lhes uma atenção humanizada, preventiva e reparadora. É considerada comum a prática de violência obstétrica institucional discriminatórias, referentes as questões de gênero, étnica, orientação sexual e religiosas, considerando estes fatores umcampo frequente para ocorrência de talviolência.O controle da violência obstétrica institucional no trabalho de parto e parto consiste em um desafio, tendo em vista a sua invisibilidade e o não reconhecimento como violação dos direitos humanos. Sendo assim, ampliar os conhecimentos sobre o cuidado prestado às mulheres em trabalho de parto e parto, torna-se uma ferramenta valiosa para a avaliação do processo de atenção no atendimento obstétrico dentro das maternidades.
Este estudo assumiu como pressuposto a ideia de para mudar este tipo cuidado, é importante identificar que concepção os sujeitos envolvidos têm sobre ela. Nesse sentido, recorreu-se à teoria das representações sociais, que se ocupa em estudar o conhecimento que as pessoas utilizam para interpretar e compreender sua realidade vivenciada emsociedade. As representações sociais são uma forma de conhecimento socialmente elaboradas e partilhadas com um objeto prático e contribui para a construção de uma realidade comum ao conjunto social.

Objetivos

Conhecer as representações sociais de mulheres sobre a violência obstétrica institucional no trabalho de parto e parto

Método

Trata-se de um estudo tipo exploratório e descritivo, de abordagem qualitativa, realizado na maternidade do Hospital Regional de Loreto, na cidade de Iquitos, Peru. A instituição é referência no atendimento obstétrico e neonatal da localidade onde está inserida. As participantes deste estudo foram 30 mulheres que realizaram o parto natural e estavam internadas no Alojamento Conjunto da Maternidade selecionada.O tamanho da amostra foi definido mediante a saturação das informações.Os critérios de inclusão abrangeram mulheres com mais de 18 anos que permaneceram internadas após trabalho de parto normal, com duração mínima de 6 horas no Centro Obstétrico. Como critério de exclusão foi definido mulheres submetidas à cesarianas e que expressaram o desejo de não participar do estudo, bem como as sem condições clínicas (físicas, mentais ou emocionais) adequadas para serem entrevistadas.Os dados foram obtidos por meio de entrevistas semiestruturada aplicadas individualmente, no período de janeiro a março de 2015.Nas entrevistas foram incluídas as seguintes informações: Características sociodemográficas, antecedentes obstétricos, perguntas sobre as vivências no trabalho de parto e parto. As respostas foram gravadas e posteriormente transcritas, com prévia autorização das mulheres entrevistadas. Os dados foram organizados e analisados seguindo o método de Análise de Conteúdo proposto por Bardin, que se fundamenta em três etapas, sendo elas: Pré-análise; Exploração do material e o Tratamento dos resultados obtidos e interpretação. O projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética de Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina, sendo aprovado pelo sob nº de Parecer: 872.447 e do Hospital Regional de Loreto com Parecer: 003-ID. Nomes fictícios substituíram os nomes verdadeiros, a fim de garantir o anonimato das participantes do estudo.

Resultados

Observou-se representações sociais de mulheres acerca da violência obstétrica institucional, no trabalho de parto e parto, demonstram uma violência marcada pela negligência no cuidado, hostilidade no centro obstétrico, violência verbal e física. Em outras palavras, as mulheres representam as violências cometidas no cuidado no trabalho de parto e parto por serem expostas a situações desumanas e por se sentirem violadas em seus direitos a igualdade, a dignidade e direito a um cuidado as suas necessidades e ao respeito como seres humanos, levando-as a sentirem desvalorizadas como pessoa, deixando-as desconfortáveis, inseguras e angustiadas por não participarem das decisões sobre seu próprio parto.Por outro lado, as mulheres não denunciam ou não reclamam porque tem medo, ou mesmo por não ter conhecimento sobre os seus direitos. Sendo assim, há necessidade de empoderamento feminino que pode ajudar a evitar que a mulher se comporte de forma passiva diante da violência perpetrada na parturição, o qual se relaciona à aquisição de conhecimento e informações para o benefício próprio das mulheres, tornando-se uma maneira para enfrentar a violência, nas mais diversas expressões. Além disso, destacam-se a necessidade da presença do acompanhante no processo do trabalho de parto e parto nas maternidades peruanas, para proporcionar o aumento do bem-estar físico e emocional, favorecendo uma boa evolução no período gravídico puerperal e também para diminuir a violência obstétrica institucional, conforme a concepção de alguns profissionais de saúde

Considerações Finais

Há necessidade de melhorar a qualidade do cuidado ofertado pelos profissionais, em especial, a equipe de enfermagem obstétrica que presta cuidado no trabalho de parto e parto, pois é preciso desconstruir o paradigma de submissão da parturiente, para que se mantenha um relacionamento humanizado e com atenção integral, que considere as singularidades das mulheres no trabalho de parto e parto.Finalmente, é pertinente ressaltar que as vivências da violência obstétrica maculam o processo, marcando a vida da mulher tanto física, psicológica e emocional. Assim, atitudes dos profissionais de saúde devem ser revistas, a fim de buscar a excelência na prestação dos serviços de saúde e valorização da dignidade humana.

Palavras Chave

Violência; Parturientes; Percepção Social; Enfermagem Obstétrica

Area

Violências e Saúde

Instituciones

Universidade Federal de Santa Catarina - Santa Catarina - Brasil

Autores

Maria de Jesus Hernandez Rodriguez , Evangelia Kotzias Atherino dos Santos, Andreia Isabel Giacomozzi, Anita Hernandez Rodriguez , Marli Teresinha Stein Backes, Alcira Escobar Marin