Datos del trabajo


Título

Cuidado das minorias sexuais na compreensão de graduandos de saúde: um estudo de caso

Introdução

A abordagem de temáticas relacionadas à saúde das minorias sexuais, representadas por gays, lésbicas, bissexuais, travestis, transgêneros, intersexos e assexuais, apresenta uma lacuna na literatura científica nacional direcionada aos cursos de graduação em saúde no Brasil.
O acesso dessa população aos serviços de saúde reforça a iniquidade, as violações de direitos humanos e outras barreiras impostas por uma hegemonia heteronormativa. No Brasil, a Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBTT) fundamenta um cuidado equitativo e respeitoso promovido pelos distintos profissionais atuantes no Sistema Único de Saúde (SUS), além de negar quaisquer formas de discriminação relativas à orientação sexual e ou identidade de gênero de seus usuários.
O presente trabalho busca responder a seguinte pergunta norteadora: “Como as temáticas relacionadas à população LGBTT são identificadas e propostas por estudantes de graduação da área de saúde em seu processo de formação acadêmica?”.

Objetivos

Compreender o cuidado voltado às minorias sexuais durante a graduação em saúde.

Método

Trata-se de uma pesquisa qualitativa, exploratória, baseada no estudo de caso único incorporado e derivada de um projeto maior de métodos mistos intitulado “Atitudes de estudantes de graduação da área da saúde face a minorias sexuais: enfoque na empatia e impactos sociais”, que transcorre em parceria com três Instituições de Ensino Superior no Estado de São Paulo.
A unidade de análise selecionada para o presente estudo compreende um Centro Universitário com fins lucrativos, situado na região metropolitana de São Paulo, possuindo cinco cursos de graduação da área da saúde (Enfermagem, Farmácia, Biomedicina, Fisioterapia e Psicologia). Para o presente estudo, os casos incorporados compreenderam turmas do período noturno, a saber: quatro turmas do curso de Enfermagem, uma turma de Psicologia e uma turma de Fisioterapia.
Foram identificados 191 estudantes de graduação selecionados por meio de amostra probabilística e randomizada, cujos critérios de inclusão foram: ser estudante da área de saúde dos cursos selecionados e que tenham como proposta de atuação profissional, relações mais diretas com os pacientes; e ser maior de 18 anos.
Participaram deste subprojeto: 79 estudantes de graduação em Enfermagem, 28 em Psicologia e 13 em Fisioterapia, totalizando 120 indivíduos abordados por duas estudantes de Enfermagem. Foram identificados 29 estudantes desistentes, 18 faltosos e 24 não acessados durante o período de coleta de dados.
Os pesquisadores responsáveis enviaram e-mails para os coordenadores dos três cursos selecionados e para a diretora do Centro Universitário para formalizar o início da coleta de dados. As estudantes de Enfermagem solicitaram aos professores autorização para coleta de dados com os alunos antes das aulas ou nos intervalos durante seis semanas (março a abril de 2018).
As duas alunas pesquisadoras identificaram os estudantes selecionados por nome e registro acadêmico em sala e o recrutamento foi feito individualmente. Aqueles que aceitaram participar, assinavam e esclareciam dúvidas sobre o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e respondiam ao questionário. Ao término, os instrumentos preenchidos foram separados do TCLE em uma caixa parda lacrada.
Foi aplicado um instrumento de caracterização dos participantes composto por 14 variáveis: idade, naturalidade, estado civil, cor autorreferida, religião, renda individual em salários mínimos, sexo (registro civil), identidade de gênero (como o indivíduo se percebe), orientação sexual (interesse em relações sexuais), curso, semestre, “Você já sofreu alguma violência motivada pela sua identidade de gênero ou orientação sexual?”, “Você já teve contanto com assuntos relacionados às minorias sexuais durante sua formação na sua Faculdade ou Universidade? Se sim, em qual contexto?” e “Até o momento da sua formação, você acha que estará preparado profissionalmente para lidar com as minorias sexuais?”.
Dos 120 instrumentos coletados, apenas cinco não responderam à pergunta aberta “Como você acha que a sua formação acadêmica poderia contribuir para lidar com as minorias sexuais? Relate brevemente sua opinião”. Optou-se pela análise de conteúdo temática fundamentada em Bardin e revisitada em sua complementaridade com a análise lexicográfica, para obter indicadores, qualitativos ou não, que permitiram a descrição dos temas relevantes ao objeto deste estudo no conteúdo das 115 mensagens escritas pelos 75 respondentes de Enfermagem, 26 de Psicologia e 12 de Fisioterapia.
Para a contagem e decodificação do corpus do presente estudo, isto é, das respostas de todos os estudantes de graduação, as respostas transcritas foram submetidas à análise lexical por meio do software Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires (IRAMUTEQ), em sua versão 0.7 alpha 2, sendo efetuadas a análise de similitude e a construção de nuvem de palavras.
O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Guarulhos (UNG), em 30/11/2017, Parecer número 2.407.147.

Resultados

O resumo lexicográfico do IRAMUTEQ produziu: 114 textos, 182 segmentos de textos, 2405 ocorrências, 761 formas e 471 palavras com ocorrência única no texto ou hápax. Os temas levantados para o corpus do estudo foram decorrentes da análise de similitude com halos a fim de identificar a frequência e o agrupamento de palavras próximas entre si e compará-los com a análise temática realizada pelos pesquisadores de maneira independente. Emergiram duas categorias centrais. A primeira categoria correspondeu ao “Saber lidar com o cuidado das minorias sexuais” que contemplou “garantir um cuidado respeitoso”, “promover ações educativas empáticas”, “prevenir infecções sexualmente transmissíveis” e “incluir gênero e orientação sexual na formação em saúde”. A segunda categoria “Tornar-se um profissional de saúde aberto à diversidade humana” foi composta por “ajudar a superar o preconceito”, “contribuir para enfrentar a violência” e “manter a ética profissional na abordagem individual e familiar”.

Considerações Finais

Os respondentes desta pesquisa indicam duas categorias principais que podem contribuir na incorporação da temática da população LGBTT na formação de graduação em saúde. Entende-se que a necessidade de aprender a cuidar das especificidades das minorias sexuais e a contemplação de elementos essenciais para tornar-se um futuro profissional de saúde consciente da diversidade humana foram relevantes para iniciar processos de mudança curriculares e ou institucionais no ensino superior.

Palavras Chave

Educação superior. Minorias Sexuais. Promoção da saúde. Pesquisa qualitativa.

Area

Gênero, Sexualidade e Saúde

Instituciones

Centro Universitário Campo Limpo Paulista - São Paulo - Brasil, Faculdade de Medicina de Jundiaí - São Paulo - Brasil, Universidade Guarulhos - São Paulo - Brasil

Autores

Alfredo Almeida Pina-Oliveira, Claudia Toffoletto, Gisélia Levino, Maria Helena de Sousa, Maria José Duarte Osis, Maíra Rosa Apostolico, Ana Cláudia Puggina