Datos del trabajo


Título

O mapa de rede social significativa como instrumento de investigação no contexto da pesquisa qualitativa.

Introdução

As redes sociais influenciam diretamente o sentimento de autoestima, identidade e competência de um indivíduo, sendo centrais em situações de crises. Tendo como referências o pensamento sistêmico e o olhar do construcionismo social, considera-se que aprofundar os estudos das redes sociais implica o desafio de reconhecer as pessoas, tanto como produtoras de sentido, como produzidas pelas construções da trama social. Assim, o sujeito pode ser considerado uma unidade heterogênea, aberta ao intercâmbio produzido por sua participação nos jogos sociais e pela linguagem enquanto construtora de sentidos e significados atribuídos à realidade.

Objetivos

Nessa perspectiva, o objetivo deste trabalho é a apresentação do mapa de rede social significativa proposto por Carlos E. Sluzki, como instrumento de coleta de dados no contexto da pesquisa qualitativa, nas áreas da saúde, família e comunidade.

Método

Nas práticas de intervenção terapêutica desenvolvidas pelos profissionais de saúde mental, a presença e o acionamento das redes sociais têm demandado especial atenção nas últimas décadas. Primeiro no que se refere a um processo de ampliação da intervenção terapêutica direcionado ao indivíduo e à família pela necessária inclusão dos sistemas de redes nas ações terapêuticas. Em segundo lugar, pela intervenção nas redes de suporte social, organizadas no âmbito comunitário, em ONGs e institucionalmente constituídas, tendo essas últimas um papel de destaque no contexto de programas de reabilitação, prevenção e promoção da saúde dos indivíduos. No que diz respeito à constituição das redes sociais, observa-se que estas podem ser relacionadas: (a) aos fenômenos dos processos de desenvolvimento do ciclo vital individual ou familiar, (b) aos grupos e interações espontâneas, que se podem constituir num dado momento e num certo contexto, centrando-se em torno de determinadas ações e/ou situações mais ou menos formalizadas, e (c) serem constituídas de maneira formal/institucional, com fronteiras e limites bem definidos, seja no que se refere ao seu alcance, como na sua função.

Resultados

Nesse universo da interação entre as redes sociais e o indivíduo e sua matriz familiar, surgem uma série de questionamentos provocativos, colocados por Sluzki que desafiam os processos de produção de conhecimento: “Quais são os mecanismos ou processos mediante os quais a rede afeta a saúde e a saúde afeta a rede?; como e por que acontece a deterioração da rede quando se faz presente uma doença crônica?” Seguindo essa linha de indagações pode-se interrogar também sobre como se configuram a dinâmica das redes pessoais e a qualidade de vida de um indivíduo?; como se comportam as redes diante dos processos de vida e morte de um sujeito? Cabe aqui chamar atenção para a terminologia utilizada pelo autor quando se refere ao Mapa e a denominação que é utilizada neste artigo para se referir ao mesmo. Sem perder a referência das ideias apresentadas por Sluzki, coaduna-se com usar a denominação Mapa da Rede Social Significativa ou Rede Pessoal Significativa de forma intercambiável. Isto porque a construção do Mapa tem como objetivo a busca do mapeamento da qualidade do compromisso relacional da rede com o indivíduo, em diferentes âmbitos. Assim, as pessoas que possam vir a conformar uma rede são “significativas” para o indivíduo pela sua percepção da qualidade do vínculo construído com os envolvidos na mesma, seja numa determinada situação ou num determinado tempo histórico. O mapa mínimo pode ser sistematizado por um diagrama formado por três círculos concêntricos (interno, intermediário, externo), divididos em quatro quadrantes: (a) Família, (b) Amizades, (c) Relações de trabalho ou escolares, (companheiros de trabalho e ou de estudos) e (d) Relações comunitárias, de serviços (exemplo, serviços de saúde) ou de credos. Com relação à disposição dos círculos, o interno representa as relações mais íntimas consideradas pelo indivíduo, seja da família ou de amizades. O círculo intermediário registra as relações com menos grau de compromisso relacional, tais como as relações sociais ou profissionais ou familiares, e o círculo externo registra as relações ocasionais (tais como conhecidos de escola ou trabalho, familiares mais distantes, vizinhos). Ancorados na experiência de investigações desenvolvidas utilizando esse instrumento evidenciam-se as diferentes etapas de sua construção, tendo como referência quatro quadrantes de registro: família, amizades, comunidade e trabalho, e seus três diferentes níveis de intimidade e compromisso relacional. 1. Etapa de aquecimento para construção, 2. Etapa de conhecimento do desenho do mapa e dos símbolos a serem utilizados, 3. Etapa da construção, 4. Etapa de conclusão da construção do mapa de rede, 5. Etapa de adequação do mapa de rede ao contexto da pesquisa, 6. Etapa de confecção do mapa de rede de todos os participantes e, 7 Construção de categorias de análise no campo da pesquisa qualitativa.

Considerações Finais

Destaca-se o potencial gráfico, descritivo e de conteúdo do mapa, assim como suas possibilidades de construção e nomeação de categorias de análises resultantes da triangulação, seja de conceitos teóricos, seja do próprio instrumento ou da narrativa dos participantes. Considera-se que a busca de instrumentos sensíveis a mostrar e possibilitar descrições da dinâmica das redes sociais constitui-se num desafio permanente, tendo em vista o processo de constante mudança de suas configurações ao longo do ciclo vital e pela influência das transformações sociais de um modo geral. Nesse contexto, o mapa de redes é uma possibilidade relevante de acesso às redes, pela sua potencialidade descritiva de concretizar informações por meio de um registro específico de um dado momento ou situação de vida de um indivíduo ou família, a qual pode ser relacionada com outros momentos do desenvolvimento e variáveis escolhidas para a pesquisa. Por fim, chama-se a atenção e importância de estar sempre atentos aos aspectos éticos da pesquisa, a partir do reconhecimento da mobilização subjetiva/emocional que a utilização de um instrumento de coleta de dados possa ocasionar nos participantes, principalmente no contexto da investigação qualitativa.

Palavras Chave

PALAVRAS-CHAVES: rede social, metodologia qualitativa, instrumento qualitativo, saúde mental.

Area

Saúde Mental

Instituciones

Universidade Federal de Santa Catarina - Santa Catarina - Brasil

Autores

Carmen Leontina More, Ocampo Moré, Maria Aparecida Crepaldi