Datos del trabajo


Título

DESVELANDO A DIMENSAO EXISTENCIAL NA PERSPECTIVA DO FAMILIAR DE PACIENTE COM CANCER

Introdução

O ser Humano na sua mais íntima essência procura entender a vida e encontrar um sentido duradouro para a sua existência. A busca do sentido da vida tendo a espiritualidade como alicerce é a principal fonte motivadora para que o homem usufrua a viva com toda a sua plenitude e força. Sendo assim, buscar uma direção e um sentido, com investimento de sua capacidade, talento e desejos é algo que o leva a acreditar que tenha um fim justificável para si, que não seja apenas algo que lhe proporcione um prazer temporário. Portanto, o sentido da vida é alcançado quando se consegue encontrar um conteúdo significante para a existência e se dá através da realização de valores do sujeito categorizados em criativos, vivenciais e atitudinais.1 Portanto, a vida tem um sentido a partir do momento que somos atirados a este mundo, faltando a cada um descobri-lo no seu interior. A falta de sentido da vida ou vazio existencial surge quando o ser não consegue se preencher com esses valores. E esse vácuo existencial só deixa de existir, quando ele existe, ou seja, quando se é encontrado o sentido da existência.1 Nesse sentido, na perspectiva do familiar cuidador principal de paciente que se encontra em atenção paliativa oncológica, os mesmos se colocam frente a sua realidade como ser no mundo vivenciando situações que podem ser compreendidas através de uma fundamentação existencialista. No entendimento da existência humana, todo homem tem uma consciência que irá se dirigir a algo ou alguma situação. E é nessa intencionalidade que o indivíduo tem a capacidade de compreender o significado único e singular escondido em cada vivência. Assim, abordar o tema sentido da vida torna-se cada vez mais necessário à prática assistencial do enfermeiro principalmente no campo da oncologia onde pacientes e familiares frente as adversidades do câncer põe em xeque o sentido de sua existência. Desta forma, o enfermeiro mediante a peculiaridade do seu trabalho, ao valorizar o cuidado holístico, pode adentrar na dimensão espiritual do familiar durante sua assistência auxiliando-os a descobrir sentidos às suas vidas ou ir ao encontro destes na perspectiva de corroborar com a integralidade da assistência e qualidade de vida dessa população em questão. Nesse sentido, surge a seguinte questão norteadora: Qual o sentido da vida atribuído pelos familiares cuidadores principais de pacientes oncológicos que se encontram em cuidados paliativos?

Objetivos

Desvelar o sentido da vida do familiar de paciente internado em unidade paliativa oncológica mediante a experiência como cuidador principal.

Método

Estudo descritivo, qualitativo, realizado com 20 familiares cuidadores principais de pacientes internados em uma unidade paliativa oncológica localizado no Estado do Rio de Janeiro. Os dados foram coletados por meio de entrevista fenomenológica e a análise procedeu-se pelo método de Amadeo Giorgi tendo como respaldado na fenomenologia da percepção de Merleau-Ponty.

Resultados

A análise dos dados permitiu identificar duas categorias temáticas: O vazio existencial na perspectiva do familiar e ressignificando a vida mediante a doença. Identifica-se que familiares ao tomarem conhecimento de uma doença terminal e assumirem o papel de cuidador principal apelam para mecanismos de negação que podem posteriormente sobrevir à raiva, barganha, depressão e aceitação sem uma ordem específica de acontecimentos. E que esses mecanismos são orientados pela perda de sentido que envolve a vida desses cuidadores onde seu mundo interno se transforma em um imenso vazio e falta de razão de ser e viver. Na ausência do sentido de vida e na tentativa de compreender o seu sentido, perguntas difíceis de serem respondidas como por quê, o para quê, o motivo e a razão de estar vivenciando uma determinada situação são elaboradas pelo indivíduo.1 Porém, mesmo diante de um vazio existencial como, necessidade vital, o familiar busca refletir formas que lhe dê ânimo para digerir a situação vivenciada que não lhe convém. Diante disso, desenvolvem meios para afirmar sua presença no mundo e dar sentido a sua vida como forma de sobrevivência e superação dos obstáculos a serem transpostos. Nesse sentido, direcionam sua vida a um “para que coisa” ou um “para quem”, como capacidade de transcender-se. Dessa maneira, a visão da doença, enquanto facticidade traz reflexões e questionamentos sobre o próprio modo e conduta de viver do familiar, propiciando novas opções de olhar para si mesmo, para o outro e para o mundo. A partir dessa consideração, como proposta de “reaprender a ver o mundo”, Merleau-Ponty propõe o retorno “às coisas mesmas”, o que significa ser o retorno à existência e ao mundo vivido que não é pura interioridade e nem pura exterioridade, mas mundo carnal e espiritual, objetivo e subjetivo, natural e cultural, mundo de significação.2 O mundo, sob esse ponto de vista, torna-se a base e o fundamento de todos os pensamentos e de todas as percepções dos familiares e é nessa percepção que se tem uma atitude corporal que correlaciona mundo e sentido, sendo a fonte propulsora e motivadora da existência humana.

Considerações Finais

Evidenciou-se que presenciar o câncer na família e arcar com a responsabilidade em ser cuidador, faz com que muitas vezes o familiar interrogue sobre o sentido da vida, chegando a entrar muitas vezes em um profundo vazio existencial. Sob outro ângulo, alguns cuidadores passam a ressignificar a vida, atribuindo novos valores e mudanças de atitudes, além de atribuir ao momento vivenciado um profundo crescimento espiritual. Assim, a busca pelo significado volta-se para a subjetividade humana, através do retorno “às coisas mesmas”, ou seja, como as coisas aparecem através da consciência. E no caso do cuidador familiar, atende a descrição de suas experiências concretas e humanas que os remete a um sentido ou a falta dele pelo momento subjetivo experimentado.

Palavras Chave

Existencialismo; Vida; Sentido; Enfermeiro; Espiritualidade; Familiar

Area

Outros

Autores

Renata Carla Rocha, Eliane Ramos Pereira, Rose Mary Costa Rosa Andrade Silva, Angelica Yolanda Bueno Bejarano Vale Medeiros