Datos del trabajo

Título

CUIDANDO DE IDOSO DEPENDENTE

Introdução

O envelhecimento populacional é uma resposta à mudança de alguns indicadores de saúde, especialmente a queda da fecundidade e da mortalidade e o aumento da esperança de vida. Frente ao exposto, o perfil epidemiológico e demográfico das populações foi alterado, pelo aumento considerável de pessoas com idade superior há 60 anos, com dificuldade de realizarem as atividades da vida diária. Assim, por mais que a ideia de viver mais anos seja considerada um avanço, a diminuição da capacidade funcional e cognitiva, própria desta faixa etária, pode trazer limitações aos indivíduos idosos, demandando cuidados domiciliares e adaptações no cotidiano de suas famílias.

Objetivos

Identificar como o cuidador principal organiza seu dia a dia após tornar-se cuidador de familiar idoso dependente.

Método

Estudo qualitativo, descritivo, realizado na área de abrangência de uma Unidade Básica de Saúde do município de Chapecó. com aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos: CAAE: 33714314.4.0000.5564. A aproximação com o campo ocorreu durante a realização da disciplina: Estágio Curricular Supervisionado, na nona fase do curso de graduação em enfermagem. A seleção das famílias cuidadoras de idosos dependentes foi feita por meio de busca ativa nos registros da Unidade de Saúde, considerando como critérios de elegibilidade ser família cuidadora, há pelo menos seis meses de idoso com dependência parcial ou total para executar atividades da vida diária. Na área da Unidade de saúde, foram encontradas cinco famílias, as quais foram convidadas e contatadas via rede telefônica para participarem do estudo. O convite foi feito para o cuidador principal. Todos aceitaram participar da pesquisa, sendo acordado local e horário para realização das entrevistas. A coleta dos dados foi feita de setembro a outubro de 2014, no domicílio dos participantes após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. As entrevistas foram realizadas através de um roteiro semiestruturado e gravador de voz com tempo de duração aproximada de 45 a 60 minutos tendo como questão norteadora: Como a família tem se organizado após tornar-se cuidadora de familiar idoso dependente? Após cada entrevista, os dados foram transcritos integralmente. A análise foi realizada através do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC). Dos dados emergiram duas Ideias centrais (IC’s): IC-1: Agora não tenho mais liberdade, IC-2: Passamos a buscar mais Deus.

Resultados

Dos cinco cuidadores, quatro possuem idade superior a sessenta anos e três são do sexo feminino. Considerando os idosos dependentes de cuidado, cinco são do sexo feminino, com faixa etária entre sessenta e oitenta anos. IC1: Agora não tenho mais liberdade -DSC 1: “A liberdade mudou bastante, não que cuidar seja um fardo, mas a gente acaba se privando de muitas coisas, não posso mais sair a hora que eu quero, tenho que ficar em casa, tive até que parar de trabalhar. Quando preciso sair, tenho que arrumar alguém para ficar no meu lugar, por que não posso sair e deixá-la sozinha, a qualquer momento pode precisar de ajuda.” O DSC 1 revela que o cuidado traz consigo o ônus da perda da liberdade advinda da necessidade de atenção constante que o familiar exige, fazendo com que a vida do cuidador fique limitada, ao cuidar do outro, impossibilitando atividades de lazer e descontração. Autores descrevem que as dificuldades do cuidar não estão presentes somente na realização das tarefas, mas sim, por exigirem atenção constante, fazendo com que o cuidador permaneça em constante estado de alerta, disponível para atender as necessidades do ser cuidado a qualquer momento. As falas evidenciam que quanto maior a demanda imposta, mais o cuidador tende a ficar isolado no domicílio para prestar os cuidados de que o idoso necessita. Assim, além de não conseguir satisfazer suas necessidades biológicas e psicossociais, como dormir, descansar e cuidar de si, condição que pode tornar o ato de cuidar ainda mais desgastante, causando frustrações e perdas sociais, precisa estar disposto para atender o outro. Neste sentido, a equipe de saúde tem importante papel para o cuidador e sua família, além de prestar orientações e esclarecimentos sobre as atividades relacionadas ao cuidado no domicílio, busca amenizar sentimentos de abandono, tristeza e solidão que surgem nesse período. A segunda IC: Passamos a buscar mais Deus. DSC 2: “Nossa família passou a rezar mais, buscar mais Deus em nosso dia a dia. Eu tenho muita fé em Deus acho que é isso que me ajuda ter força, por que se a gente esquecer Deus que é o principal, dai não dá, tem que ter fé para enfrentar os desafios da vida”. Os cuidadores relataram buscar em uma entidade divina o suporte e força necessários para superar a dor e o sofrimento. A fé auxilia no processo de aceitação da realidade e na superação das dificuldades do dia-a-dia. Quando o ser humano adoece ou presencia o adoecimento de um familiar, passa a viver com situações de sofrimento e desequilíbrio, fato que o leva a buscar alternativas para enfrentar o momento. Emergem a espiritualidade\religiosidade auxiliando doentes e cuidadores no enfrentamento do processo de adoecimento como recurso complementar.

Considerações Finais

O estudo apontou mudanças na rotina e vida do cuidador principal, após assumir como responsabilidade cuidar de seu familiar dependente. Observou-se privação da liberdade e aumento da Fé como as alterações mais significativa, além da necessidade de reorganização dos serviços de saúde frente estas demandas.

Palavras Chave

Assistência domiciliar a idosos. Cuidador familiar. Enfermagem.

Area

Saúde do Idoso