Datos del trabajo


Título

SAUDE E RODAS DE CONVERSA NA EDUCAÇAO DE JOVENS E ADULTOS: UMA POSSIVEL DINAMICA PARA COMPARTILHAMENTO DE SABERES

Introdução

O presente trabalho emerge de uma experiência social articulada ao Ensino de Educação Física na Educação de Jovens e Adultos (EJA). O referido produto é uma proposta de discussão sobre a temática de saúde, pois apesar de percebermos diversos debates tendo a promoção da saúde como centralidade, o viés biomédico ainda é a referência na concepção de saúde da população.
Assim, o material didático ora proposto buscou auxiliar o processo de aprendizagemensino da Educação Física na modalidade de EJA desenvolvido posteriormente em uma escola pública do município de Rio Claro, interior do estado do Rio de Janeiro.
Assim, o objetivo deste trabalho é visibilizar as experiências desenvolvidas junto aos estudantes de uma escola pública da rede estadual de ensino na região sul fluminense do Rio de Janeiro na modalidade EJA.
Trata-se de uma proposta de intervenção pedagógica, em que o tema “qualidade de vida” está relacionado à saúde. A referida proposta possui como base a noção da tessitura de conhecimentos em rede (OLIVEIRA, 2001; 2007; 2012), que nos permite perceber que o conhecimento é enredado às experiências individuais e coletivas (SANTOS, 2002), o que nos leva a considerar as diversas formas de saberes, valores e significados e as interações entre os sujeitos dessas redes de conhecimento.

Objetivos

visibilizar as experiências desenvolvidas junto aos estudantes de uma escola pública da rede estadual de ensino na região sul fluminense do Rio de Janeiro na modalidade EJA.

Método

Ao elaborarmos uma proposta de intervenção a partir da participação efetiva dos sujeitos (discentes e docentes) consideramos a ótica certeauniana e, em decorrência, a potencialidade do exercício dialógico (FREIRE, 2005). Assim, ressaltamos que a proposta didática seguiu uma trajetória metodológica viabilizada a partir de três momentos complementares: Primeiro: Levantamento de dados do cotidiano, referentes ao conhecimento dos(as) estudantes sobre a temática “Qualidade de Vida; Segundo, a discussão de conceitos e noções sobre qualidade de vida; Terceiro, o exercício dialógico, pautado na construção de conhecimento em rede, por meio de participação coletiva dos atores sociais, conforme disposto a seguir:
Aula 1 - Levantamento de dados do cotidiano: Organização da turma: reunião em assembleia e grupo focal para apreensão de dados.
Aula 2 - Conceituação e referencial teórico: Aula expositiva e utilização de material para exibir slides sobre conceitos a temática.
Aula 3 - Exercício dialógico: Organização da turma: reunião em assembleia e enredamento dos fatores que compõem a temática por meio da interação docente/discente.
Os instrumentos utilizados na produção de dados foram o caderno de campo e as produções dos estudantes. Para El Hammouti (2002, p. 14) “são várias as práticas sociais que podem ser objeto de redação do Diário: alfabetização de jovens e adultos na escola rural, aprendizagem e socialização de crianças numa escola urbana, experiências culturais e estudos universitários, etc”. Considerando que não tínhamos o intuito de ‘julgar’ ou ‘analisar’ as produções dos estudantes, mas compreender a produção compartilhada, não estabelecemos um método de análise.

Resultados

O grupo participante do estudo se constituiu por intermédio de dezesseis estudantes - 9 mulheres e seis homens -, com idade compreendida entre 21 e 42 anos, todos(as) trabalhadores: As aulas se desenvolveram por intermédio de rodas de conversa e inicialmente buscamos levantar as narrativas dos(as) estudantes referentes ao conceito de qualidade de vida e saúde. Algumas questões surgiram de maneira espontânea, como forma de desdobramento das questões previamente sugeridas para iniciarmos a roda de conversa. Torna-se relevante salientar que nesta fase as questões que representaram os anseios do grupo quanto à referida temática foram as seguintes: a dúvida com relação à diferença da qualidade de vida de um idoso e de uma criança; A necessidade de possuir boa condição financeira como pré-requisito para a qualidade de vida.
Ao iniciarmos o debate questionando o conceito de qualidade de vida, de imediato os(as) estudantes passaram a emitir suas concepções entrelaçadas umas às outras. É importante frisar que os(as) estudantes apresentaram questões diversas, mas, em muitos momentos, partiam do conceito emitido anteriormente por outro colega de turma, permitindo um movimento complementar, demonstrando a diversidade que abarca a referida temática e a construção coletiva de conhecimentos.
Ao longo do processo foi possível perceber, por meio das narrativas, uma coerência entre as ações realizadas pelos discentes para a obtenção da qualidade de vida e os limites sociais e históricos influenciando as práticas dos(as) estudantes, visto que, para Palma (2010, p. 110) é fundamental perceber o significado da experiência individual e coletiva e sua relação com condicionantes históricos, “e seus matizes econômicos, culturais e sociais, as quais os sujeitos (ou o grupo) estão inseridos”.
As narrativas dos discentes revelam como estes concebem a noção de qualidade de vida. Acreditamos que o conflito proporcionado nos debates das rodas de conversa e durante as aulas marcou esse momento da proposta de modo significativo, pois quando os(as) estudantes compartilharam os conhecimentos que traziam consigo por meio do diálogo e, do confronto com os conceitos científicos, tiveram a oportunidade de debater o espaço histórico e social em que estão imersos.
Para Oliveira (2012), a possibilidade de horizontalização nas relações entre saberes, culturas e usos do conhecimento requer que a escola assuma seu papel enquanto instituição social, atravessada pela sociedade que a criou, e, também, impregnada daquilo que se pretende superar.

Considerações Finais

Para finalizar, consideramos que, a intervenção pedagógica, com a participação coletiva dos(as) participantes do estudo, permitiu produzir conhecimentos antes não imaginados, pois o currículo aqui produzido se desenvolveu sob a ótica do currículo pensado e praticado, portanto aquele que se configura ordinariamente nos espaços singulares, mas coletivos e habitados por sujeitos únicos possibilitando a reconfiguração do espaço em que habitam e, em detrimento, da problematização dos conceitos de saúde qualidade de vida.

Palavras Chave

Qualidade de Vida; Saúde; Cotidiano Escolar.

Area

Educação popular e saúde

Instituciones

IFRJ - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

MARCELO PARAISO ALVES, JULIO César Rocha de Camargo CASTRO, ALEXANDRE PALMA