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Título

PRATICAS DE PROMOÇAO DA SAUDE NO CUIDADO AS PESSOAS COM DOENÇA CRONICA NAO TRANSMISSIVEL NA ATENÇAO PRIMARIA

Introdução

Práticas de promoção da saúde são estratégias que convergem para as ações dos profissionais, a fim de tornarem os indivíduos mais autônomos em seu processo de saúde/doença(1). Por isso, faz-se necessário que estejam baseadas nos campos de ação, propostas pela Carta de Ottawa, que inclui ações que envolvem Estado, comunidade, indivíduos e sistema de saúde(2,3). A promoção, tem se mostrado como uma possibilidade no enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis, ao procurar a superação do modelo biomédico, que não dá mais conta de responder as necessidades dessas pessoas (4,5). Dentre os possíveis espaços para atuação da promoção, a área da Atenção Primária à Saúde (APS) é uma possibilidade, por ter alto grau de capilaridade e descentralização, devendo ser o contato preferencial do usuário na Rede de Atenção à Saúde(6). O enfermeiro por sua vez, se destaca neste meio, por assegurar a continuidade do cuidado, ao desenvolver ações que buscam melhor qualidade de vida, item primordial no cuidado a esse público(6,7).

Objetivos

Compreender as práticas de promoção da saúde desenvolvidas pelos enfermeiros da Atenção Primária à Saúde, em um município do sul do Brasil, no cuidado às pessoas com doenças crônicas não transmissíveis.

Método

Pesquisa de natureza qualitativa, alicerçada na metodologia do discurso do sujeito coletivo. O cenário do estudo foram 23 centros de saúde da Atenção Primária de um município do sul do Brasil, escolhidos através de um sorteio eletrônico. O município desenvolve suas atividades neste campo, através do modelo da Estratégia de Saúde da Família (ESF). Foram entrevistados 23 enfermeiros, um de cada centro de saúde selecionado. Como critérios de inclusão optou-se por: ser enfermeiro, cadastrado e atuante em uma equipe da ESF; e como critério de exclusão, a ausência de experiência profissional na área da APS de, no mínimo, seis meses de atuação ou estar afastado por férias ou licença. A escolha do profissional ficou a cargo do coordenador do centro de saúde, conforme disponibilidade da agenda. A coleta de dados ocorreu a partir de entrevistas individuais, utilizando um roteiro semiestruturado, entre junho e agosto de 2016. As entrevistas foram gravadas e transcritas na íntegra, sendo posteriormente analisadas minuciosamente, de modo a organizar os dados para a identificação das figuras metodológicas do discurso do sujeito coletivo (expressões-chave, ideias centrais e ancoragens). Para a formação dos discursos, foi utilizado o software DSCsoft. Os dados foram analisados por meio do referencial teórico da promoção da saúde. Estudo aprovado pelo comitê de ética, recebendo o certificado de apresentação para apreciação ética 52861616.0.0000.0121 e parecer 1.487.581, de 11 de abril de 2016.

Resultados

A partir dos discursos analisados, foi possível identificar três ideias centrais. 1- As práticas são de promoção da saúde, e estão baseadas em uma nova percepção de saúde (21,7%). Constatou-se que os participantes procuram a reorganização do sistema, ao buscarem desenvolverem suas práticas de cuidados, fora do foco da doença. Assim, é possível inferir que os mesmos desejam a superação do modelo biomédico e da assistência curativista, ao fazerem uso de práticas baseadas na escuta ativa, no vínculo e na empatia. Esse achado vai ao encontro do que o campo da reorientação do sistema de saúde, da Carta de Ottawa, preconiza, de que todos devem trabalhar juntos, para a construção de um sistema que contribua para a busca de um alto nível de saúde. O intuito é buscar a promoção da saúde, para além das necessidades clínicas é preciso perceber e respeitar as peculiaridades culturais de cada um, as suas carências individuais e comunitárias para uma vida saudável(2). 2- Práticas de educação em saúde (69,57%), especialmente direcionadas para as mudanças do estilo de vida. Utilizam-se as visitas domiciliares, os atendimentos individuais e coletivos, para orientações sobre atividade física, alimentação, lazer, autocuidado. O campo de ação, desenvolvimento de habilidades pessoais, se apoia na divulgação de informação, na educação para a saúde e na intensificação das habilidades vitais dos indivíduos. Dessa forma, as populações têm a possibilidade de desenvolver maior controle sobre a sua própria saúde, bem como fazerem opções que a promovam de uma melhor forma possível(2). 3- As práticas não são de promoção da saúde (17,39%), apesar da maioria julgar suas práticas como de promoção da saúde, alguns não a consideram, pois a atenção à saúde ainda se baseia em ações de cuidado curativista e biomédica, e existe pouca clareza sobre a definição de promoção da saúde. As ações de Políticas Públicas, Ambientes Favoráveis e Reforço Comunitário não foram desvelados pelos participantes.

Considerações Finais

Foi possível identificar que as práticas de promoção da saúde desenvolvidas pelos enfermeiros acontecem baseadas em dois principais campos de ação: reorientação do sistema de saúde e desenvolvimento de habilidades pessoais. Na reorientação do sistema de saúde as experiências revelam a presença da escuta ativa, do vínculo, da empatia. Itens que perpassam o conceito e a essência da promoção da saúde, e faz com que se compreenda que há um movimento que busca uma reorganização e reorientação do sistema, para além de um modelo de cuidado tradicional e biomédico. O desenvolvimento de habilidades pessoais traz a educação em saúde como protagonista deste campo de ação, e visa capacitar as pessoas para que tenham condições de fazerem as melhores escolhas. Entretanto, esta educação ainda está baseada nas orientações para a mudança no estilo de vida, que são importantes para o cuidado com as pessoas com doença crônica, mas que não deve ser o único foco. Diante desses apontamentos é possível refletir sobre a presença e a convivência de dois paradigmas que influenciam as práticas de cuidados desses profissionais, o biomédico e o da promoção da saúde. Portanto, os enfermeiros precisam fortalecer o que já está dando certo, avançar em alguns pontos e ampliar as suas práticas para os outros campos de ação.

Palavras Chave

Promoção da Saúde. Atenção Primária à Saúde. Enfermagem. Doença Crônica.

REFERÊNCIAS
1. Heidemann ITSB, Boehs AE, Fernandes GCM, Wosny AM, Marchi JG. Promoção da saúde e qualidade de vida: concepções da Carta de Ottawa em produção científica. Cien Cuid Saúde. 2012; 11(3):613-619.
2. World Health Organization. The Ottawa charter for health promotion. Ottawa, Canada: WHO; 1986.
3. Czeresnia D, Freitas CM. (org.). Promoção da saúde: conceitos, reflexões, tendências. 2. ed. Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz, 2009.
4. Haeser LM, Büchele F, Brzozowski FS. Considerações sobre autonomia e a promoção da saúde. Physis. 2012; 22(2): 605-20.
5. Tavares MFL, Rocha RM, Bittar CML, Petersen CB, Andrade M. A promoção da saúde no ensino profissional: desafios na Saúde e a necessidade de alcançar outros setores. Ciênc. saúde coletiva. 2016; 21(6):1799-808.
6. Backes DS, Backes MS, Erdmann AL, Büscher A. O papel profissional do enfermeiro no Sistema Único de Saúde: da saúde comunitária à estratégia de saúde da família. Ciênc. saúde coletiva. 2012; 17(1): 226-30.
7. Mazzuchello FR, Ceretta LB, Schwalm MT, Dagostim VS, Soratto MT. A atuação dos enfermeiros nos Grupos Operativos Terapêuticos na Estratégia Saúde da Família. O Mundo da Saúde, São Paulo. 2014; 38(4):462-72.

Area

Promoção da saúde

Autores

Renata Machado Becker, Ivonete Teresinha Schülter Buss Heidemann, Pamela Camila Fernandes Rumor