Datos del trabajo


Título

SIGNIFICADOS ATRIBUIDOS A OXIGENOTERAPIA DOMICILIAR PROLONGADA (ODP) POR CUIDADORES DE PACIENTES COM DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRONICA (DPOC)

Introdução

A oxigenoterapia Domiciliar Prolongada (ODP) é a terapia não farmacológica mais efetiva para pacientes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) e que apresentam hipoxemia grave. Estudos relatam benefícios da terapia, como melhora na capacidade funcional, melhoras clínicas e nos sintomas, como diminuição na dispneia, diminuição nas internações e nas visitas ao pronto socorro, porém esta intervenção causa dependência física, emocional e psicossociais para os usuários, estas dependências levam os familiares a atuarem como cuidadores no auxílio dos afazeres diário. As atividades do cuidador são ininterruptas, exigem grandes responsabilidades e levam a eventos estressores importantes, exigindo um redimensionamento e readaptação de sua vida. Para isso é necessário que os profissionais de saúde conheçam as necessidades dos cuidadores frente à ODP, para proporcionar suporte e atender esses desafios e mudanças, e também reforçar os benefícios do cuidado, abordando o cuidador como um todo e o meio que ele está inserido.

Objetivos

Conhecer a percepção dos cuidadores sobre o cuidado com um paciente com DPOC em uso da ODP

Método

Estudo qualitativo. Foi feita uma amostra de conveniência com 14 cuidadores, de usuários de ODP e com DPOC, acompanhados pelo Ambulatório de Oxigenoterapia do Hospital das Clínicas de Botucatu, e a partir deles houve saturação na amostra. O fechamento amostral se deu por saturação teórica, ou seja, ocorreu a suspensão de inclusão de novos participantes da pesquisa quando os dados obtidos começaram a apresentar repetição e redundância, deixando de contribuir significativamente para o estudo. Os critérios de inclusão da pesquisa foram cuidadores com idade ≥ 18 anos, que realizassem cuidados ao paciente no mínimo há três meses e com cuidado informal. Foi utilizada entrevista semi-estruturada, com as seguintes questões norteadoras:“O que significa para você cuidar de uma pessoa que depende do uso da ODP?”, “O que mudou em sua vida depois que você começou a cuidar desse usuário?”, “O que mudou na vida das pessoas que convivem com você depois que começou a cuidar?” e “você tem atividade de lazer?”. As entrevistas foram avaliadas pela “Análise do Conteúdo de Bardin”. Foi aplicada também a escala Caregiver Burden scale (CB scale), para medir o impacto subjetivo das doenças crônicas na vida dos cuidadores. Aprovado pelo Comitê de Ética CAAE 40762114.0.0000.5411.

Resultados

Os cuidadores tinham idade média de 63 +11 anos, sendo 11 do sexo feminino e todos alfabetizados. O tempo médio de cuidado diário prestado foi de 19 + 8,2 horas, e a média em anos dedicados ao cuidado foi 2,7 + 2, apenas 1 cuidador tinha o trabalho remunerado, e 2 tiveram seu estado de saúde piorado depois que passaram a ser cuidador. A categoria mais sobrecarregada da CB scale foi o ambiente, seguido da decepção, tensão geral, envolvimento emocional, e por último isolamento. Das falas surgiram quatro categorias: Fortalezas do Cuidador: O cuidador visualiza o lado positivo de cuidar, envolvendo aspectos emocionais, com sentimentos de amor, carinho, afeto, além de se envolver, ficar animado com a melhora no estado geral do paciente. Também relata facilidade de cuidar de um usuário de ODP, pois é fácil o manuseio do equipamento, além de visualizar vantagens do paciente não ter um grau de dependência grande, não necessitando de tantos cuidados, sendo colaborativo. Desafios do Cuidador: Os cuidadores vivenciam momentos estressantes na sua rotina, envolvem sentimentos negativos relacionados à prestação de cuidados, sentimentos negativos com a doença do seu familiar, sobrecarregando. Dependendo do grau de dependência do usuário, o cuidador precisa auxiliar no manuseio do equipamento, aumentando o comprometimento do físico, com a mobilidade do concentrador, dos ruídos, além do comprometimento psicológico, de precisar saber lidar com as alterações de comportamento do seu parente. Eles também sofrem com alterações cotidianas, assumindo a parte financeira. Alterações emocionais, sociais e cotidianas como resultado do cuidado: O cuidador tem sua rotina alterada, devido a assistência prestada ao seu familiar, perde a autonomia, envolve sentimentos negativos, podendo desenvolver doenças psicológicas, diminui a autoestima. Ele se isola socialmente, diminui as atividades de lazer, tem também alteração na sua vida sexual. Alterações na relação familiar do cuidador: As mudanças na vida do cuidador ocasionam alterações de personalidade, ele fica mais agressivo, nervoso, estressado, e acaba extravasando esses sentimentos de sobrecarga, em pessoas ao seu redor, na sua família. A sobrecarga também pode ocasionar mudança na estrutura familiar.

Considerações Finais

Este estudo revelam as causas da sobrecarga desses cuidadores, os fatores que influenciam na sua qualidade de vida e que podem afetar no comprometimento da assistência prestada a esses pacientes. Levando, assim, a um planejamento de ações integrais de saúde que possam minimizar os efeitos negativos resultantes da sobrecarga de trabalho vivenciada pelos cuidadores e melhorar a aderência dos pacientes ao tratamento. A equipe estando ciente dessas dificuldades, facilita para uma mobilização para ajudar e apoiar esse grupo. Este presente estudo, tem como inovação apontar as fortalezas do cuidador, as facilidades e o lado positivo de quem presta os cuidados. Pois falta estudo sobre esse tema, que é fundamental para incentivar, mostrar reconhecimento do trabalho e sua importância, que muitas vezes passa despercebido pela sociedade, como mera obrigação familiar. É necessário continuar pesquisando sobre os sentimentos que fortalecem o papel do cuidador e a resiliência do cuidado.

Palavras Chave

DPOC, Oxigenoterapia Domiciliar Prolongada, Qualidade de vida, Percepção, Cuidadores, Sobrecarga dos Cuidadores.

Area

Doenças crônicas/condições crônicas

Autores

GIOVANNA HASS Bueno, Irma de Godoy, Ilda de Godoy