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Título

ESTILO DE PENSAMENTO DE ESTUDANTES DE MEDICINA: ENSINO DA DISCIPLINA CLINICA MEDICA EM AMBULATÓRIOS E ENFERMARIAS DE DUAS ESCOLAS MEDICAS

Introdução

Partimos do pressuposto que é possível aplicar o modelo epistemológico descrito por Ludwik Fleck (1979) médico e filósofo alemão, ao estudo da Formação Médica durante a Graduação. Os conceitos centrais são: Coletivo de Pensamento: [...] unidade social da comunidade de cientistas de uma disciplina e Estilo de Pensamento: [...] pressupostos de pensamento sobre os quais o coletivo constrói seu edifício de saber. Segundo Fleck (1979), [...] o Estilo de Pensamento condiciona e formula verdades contribuindo para moldar a formação dos iniciantes; o aprendizado do Estilo de Pensamento de determinado grupo de iniciantes se faz pelos exemplos oferecidos pelos membros do Coletivo de Pensamento correspondente.”

Objetivos

Geral: Compreender como se deu a influência do ensino prático, nos ambulatórios e nas enfermarias, da disciplina Clínica Médica, eixo central do modelo de ensino Biomédico, na formação do Estilo de Pensamento de estudantes do 12º período do curso de duas Escolas Médicas do Rio de Janeiro. Específico: Observar o eixo de ideias que regem o saber e a prática de oito professores da disciplina Clínica Médica de duas Escolas Médicas do Rio de Janeiro identificados pelos estudantes, em estudo anterior, como os mais influentes em sua formação; eixo de ideias transferidas para os estudantes da Graduação nos ambulatórios e nas enfermarias.

Método

Referência teórica central: Epistemologia Comparativa de Ludwik Fleck (1976). Abordagem qualitativa. Sujeitos. Oito professores do ensino prático da disciplina Clínica Médica, em ambulatórios e enfermarias de duas Escolas Médicas do Rio de Janeiro, identificados pelos estudantes, em estudo anterior, como os mais influentes em sua formação. Período: Fevereiro/2015 a abril/2016. Cenários: Ambulatórios e enfermarias de cada Escola Médica. Coleta de dados: Observação Participante: no contexto natural, entre os atores que transitavam no espaço da interação com a pesquisadora, seguindo a corrente da vida diária, para captar o que suas experiências significavam para elas. As observações foram registradas em “notas de campo” e reunidas no “diário de campo.” Entrevista Aberta, com a questão norteadora: “Fale sobre o exercício da Docência do ensino prático nos ambulatórios e nas enfermarias, da disciplina Clínica Médica, no curso de Medicina.” As entrevistas foram gravadas, transcritas literalmente e ouvidas em número de vezes suficientes para que conteúdo verbal, pausas, silêncios, entonações, tremores de voz fossem registrados. Cada entrevista durou, em média, 90 minutos, total, 720 minutos (12 horas). Análise dos Dados: Teve por base um modelo de conhecimento vinculado à semiótica, descrito e denominado por Ginzburg (1989) de “Indiciário”. A análise teve início na aplicação dos métodos, continuou no registro do diário de campo e das transcrições, seguindo-se a operacionalização. Aplicaram-se procedimentos de codificação qualitativa analítica, em duas etapas: codificação aberta e codificação enfocada. A primeira é a leitura das anotações, linha por linha para identificar e formular ideias, temas e assuntos que elas sugerem. A segunda é baseada em tópicos identificados como de interesse. Buscaram-se temas recorrentes que foram codificados, selecionados e reagrupados segundo esses temas. As diferentes estratégias de pesquisa caracterizaram a “Triangulação Metodológica”. A seguir, construíram-se narrativas, a partir do conhecimento obtido, tendo como foco: personagens: professores, estudantes e demais participantes da equipe de saúde; espaço: ambulatórios e enfermarias; eventos: as etapas das estratégias de ensino, ordenadas numa linha de tempo com princípio, meio e fim seguindo a cronologia dos acontecimentos. Os temas emergiram dadas as condições em que ocorreram as observações e as entrevistas: ambiente familiar, respeito e empatia entre a pesquisadora e os sujeitos, confiança dos sujeitos na pesquisadora e a disponibilidade de tempo que se fez necessária. Tendo esta estrutura como base, a liberdade e a vontade de falar que os entrevistados experimentaram foi decisiva para que suas vivências fossem relatadas. Estas circunstâncias são obtidas pela metodologia qualitativa. Questões éticas: Estudo aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Escola Médica Estadual do Rio de Janeiro/Instituo de Medicina Social, número 20402113.2.0000.5260, conforme resolução número 466/2012.

Resultados

Apresentados como Narrativas do Ensino Prático da Disciplina Clínica Médica nos Ambulatórios e nas Enfermarias dos Serviços de Clínica Médica em duas Escolas Médicas do Rio de Janeiro, abordando aspectos gerais, cenários, participantes e estratégias de ensino, em cada ambulatório e em cada enfermaria. Nas narrativas misturam-se as vozes da autora e as vozes dos sujeitos.

Considerações Finais

Os professores de Clínica Médica das duas Escolas Médicas, membros do Coletivo de Pensamento Médico transmitem aos estudantes, pelo exemplo profissional que protagonizam no ensino prático desta disciplina nos ambulatórios e nas enfermarias, Estilo de Pensamento Específico que denominamos, neste estudo, de Híbrido, com elementos Biomédicos e Humanísticos. Os estudantes admiram os professores pela competência teórica, objetiva, biomédica, do Modelo de Ensino Biomédico; e pelo exemplo da relação médico paciente de envolvimento, disponibilidade e compromisso com o paciente, do Modelo de Ensino Humanístico. O achado, neste estudo, de um Modelo de Ensino Médico Específico, Híbrido, Não Dominante nos remete a Fleck (1979): “O progresso do saber é o desenvolvimento coletivo do Estilo do Pensamento pelo qual os pressupostos vigentes são deslocados. Com o deslocamento dos pressupostos, o conhecimento se altera, algo novo aparece. Ocorrendo a inovação, o saber anterior perde seus fundamentos. Finalmente, o deslocamento dos significados leva à ampliação do conhecimento.” Considerações Finais: As DCNs 2001/2014 recomendam inclusão das Ciências Humanas ao currículo médico, movimento atualmente em execução pelas Escolas Médicas. Este estudo demonstra que o exemplo humanístico dos professores para com os estudantes é um importante elemento pedagógico de inclusão de componentes humanísticos ao ensino médico. Consideramos que os conceitos das Ciências Humanas, incorporados diretamente ao ensino das disciplinas biomédicas, em particular, da Clínica Médica, alcance, mais eficazmente, os estudantes de Medicina. É importante conhecer outros cenários de Ensino/Assistência, para além das Escola Médicas, aqui exemplificadas pelas Escola Médicas 1 e 2, locais aonde os estudantes se inserem durante o curso de Medicina. O objetivo é melhor compreender como se forma o Estilo de Pensamento Final, cujo início do processo de construção foi observado neste estudo.

Palavras Chave

Ensino; Graduação; Estilo de Pensamento.

Area

Outros

Autores

SYLVIA MARIA PORTO SYLVIA, Kenneth Rochel Camargo Jr