Datos del trabajo


Título

IMPLICAÇOES DO HUMANISMO SARTREANO E LEVINASIANO NO ASPECTO HUMANIZADOR DA SISTEMATIZAÇAO DA ASSISTENCIA DE ENFERMAGEM NAS URGENCIAS EM ATENÇAO BASICA

Introdução

Os atendimentos às urgências nas unidades básicas de saúde1,2, requer do enfermeiro engajamento num cuidado multidimensional e humanizador. Nessas condições, estão envolvidas tensões, angústias e incertezas, contudo as prioritárias intervenções biofísicas acabam por relegar a um plano secundário as subjetividades do caráter humano, relativizando-a e minimizando-a, fato que suscita reflexões sobre a (re)humanização da assistência3. Considerando este contexto, a Sistematização da Assistência de Enfermagem4, ordenadora do cuidado, não deve prescindir da busca do seu caráter humanista, para o qual as perspectivas de humanismo em Jean-Paul Sartre, da consciência do “para-si” na construção da liberdade humana5, e da Ética da Alteridade a partir do Rosto do Outro, em Emmanuel Lévinas6, são propostas teórico-filosóficas que podem fundamentar e situar a Sistematização da Assistência de Enfermagem4 nessa busca e que estão em consonância com o que preceitua a Teoria Humanística de Paterson e Zderad7, segundo a qual a enfermagem é uma experiência existencial fundamentada numa relação intersubjetiva, donde emergem fenômenos através do diálogo dito e não dito, que suscitam reflexões sobre sentidos e significados que devam ser considerados no processo de cuidar. Vivenciando o processo saúde-doença, usuário e enfermeiro buscam sentido e significado às suas vidas e ao estágio em que nelas se encontram.

Objetivos

Refletir sobre o caráter humanista da Sistematização da Assistência de Enfermagem4 e suas implicações nas urgências em atenção básica1,2, a partir das filosofias de Sartre e Lévinas5,6 e da teoria de Enfermagem Humanística de Paterson e Zderad7.

Desenvolvimento

Buscou-se desvelar o fenômeno humanismo-humanização nos atendimentos às urgências em atenção básica, a partir da leitura crítico-reflexiva da legislação brasileira fundamental que envolve a temática da humanização, bem como da Resolução 358/2009 do Conselho Federal de Enfermagem4 e ainda dos referenciais filosóficos acerca de humanismo, liberdade, responsabilidade e relacionamento Eu-Outro, em função das perspectivas opostas de ser-existir, fundamentadas tanto num existencialismo egocêntrico quanto numa ética da alteridade. Ambos os referenciais dão sustentação ao modelo teórico de enfermagem em referência, pois abordam sob perspectivas distintas um fenômeno relacional caracteristicamente existencial-humanístico, no qual se apoia a teoria de enfermagem adotada. O caráter capilar da atenção básica2 aproxima o usuário do sistema de saúde8, inclusive na busca por atendimento de urgência. Nessas condições, o enfermeiro precisa estar atento e sensível às necessidades dos usuários nas dimensões biofísica, psíquica, social e espiritual, na medida em que o processo de cuidar é inerente e dá sentido à vida ao mesmo tempo em que dá significado à existência profissional e, quiçá, à sua própria existência. No humanismo rastreado, a consciência do “para-si”5 do enfermeiro evoca uma responsabilidade da qual não pode se eximir pelo engajamento na (re)humanização da assistência, que pode se refletir e se articular através do método, do dimensionamento de pessoal e dos instrumentos normativos, constituintes da Sistematização da Assistência de Enfermagem4. No humanismo levinasiano, a iniciativa. e o chamamento à responsabilidade residem no apelo do Outro6; o caráter humanista no cuidado se fundamenta na Alteridade e seu engajamento na (re)humanização da assistência3 ocorre na perspectiva preponderante do Outro6. É a partir das necessidades e especificidades desse Outro que não pode ser compreendido na lógica totalizadora de um Eu egocêntrico e prescritor, que se poderá instituir uma Sistematização da Assistência de Enfermagem4 que busque conjugar as diversas dimensões humanas no processo de cuidar, na medida em que Paterson e Zderad propõem que o cuidado elaborado pelo enfermeiro deva levar em conta o respeito à singularidade, à autonomia e à liberdade e reponsabilidade do Outro, o usuário, por suas decisões.

Considerações Finais

Das perspectivas teórica e filosóficas enfocadas, podem ser destacados alguns aspectos considerados de importância pelos autores, tais como a ação e o engajamento do enfermeiro desencadeando correspondentes ações e engajamentos no usuário. A vulnerabilidade deste deve resultar no seu acolhimento pelo enfermeiro; a necessidade do usuário, a partir do agravo urgente, acaba por mobilizar no enfermeiro uma responsabilidade irrecusável; a transcendência incitada pelo risco de finitude libera naquele usuário pulsões de vida e resulta na busca por cuidados, convergindo para a transcendência daquele outro, o enfermeiro, num incessante processo de readaptação e reconstrução de si, que definam sua essência, deem sentido à vida, significado às coisas do mundo e à própria existência.

Palavras Chave

Cuidados de Enfermagem, Atenção Primária à Saúde, Humanização da Assistência

Area

Ética, Bioética e Filosofia em Saúde

Instituciones

Universidade Federal Fluminense - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

Nelson Santos Nunes, Rose Mary Costa Rosa Andrade Silva, Eliane Ramos Pereira, Diomedia Zacarias Teixeira, Sandra Conceição Ribeiro Chícharo