Datos del trabajo


Título

SIGNIFICADOS ATRIBUIDOS A OXIGENOTERAPIA DOMICILIAR PROLONGADA POR PACIENTES COM DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRONICA

Introdução

A oxigenoterapia Domiciliar Prolongada (ODP) é a terapia não farmacológica mais efetiva para pacientes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) e que apresentam hipoxemia grave. Estudos relatam benefícios da terapia, como melhora na capacidade funcional, melhoras clínicas e nos sintomas, como diminuição na dispneia, diminuição nas internações e nas visitas ao pronto socorro, porém esta intervenção causa dependência física e emocional ao usuário, ocasionando desconforto e preconceitos, diminuindo a aderência ao tratamento. Para isso é necessário que os profissionais de saúde conheçam seus pacientes e suas necessidades, para proporcionar suporte e atender esses desafios e mudanças, e também reforçar os benefícios da ODP. Além de ser fundamental o conhecimento da patologia, para fornecer informações sobre a doença e as suas demandas, abordando o paciente como um todo e o meio que ele está inserido.

Objetivos

Conhecer a visão dos pacientes com diagnóstico de DPOC sobre o uso da ODP.

Método

Trata-se de estudo de caráter qualitativo. Foi feita uma amostra de conveniência com 14 pacientes, e a partir deles houve saturação na amostra. O fechamento amostral se deu por saturação teórica, ou seja, ocorreu a suspensão de inclusão de novos participantes da pesquisa quando os dados obtidos começaram a apresentar repetição e redundância, deixando de contribuir significativamente para o estudo. Os critérios de inclusão da pesquisa foram pacientes atendidos no ambulatório de oxigenoterapia do HC/FMB, com diagnóstico de DPOC, idade ≥ 40 anos; devido a prevalência da doença de DPOC nesta fase da vida, em uso de ODP por tempo ≥ um ano e comunicar-se verbalmente e orientado com relação ao tempo e espaço. Foi utilizada entrevista semi-estruturada, com as seguintes questões norteadoras: “O que significa para você usar o Oxigênio?”, “O que mudou em sua vida depois que você começou a usar a ODP?”, “O que mudou na vida das pessoas que convivem com você em sua casa depois de começar a usar ODP?” e “ você tem atividade de lazer?” . As entrevistas foram avaliadas pela “Análise do Conteúdo de Bardin”, técnica que consiste em depurar descrições de conteúdo muito aproximadas, subjetivas, e tem a finalidade de pôr em evidência, com objetividade, a natureza e forças relativas dos estímulos a que o sujeito é submetido.Aprovado pelo Comitê de Ética CAAE 40762114.0.0000.5411.

Resultados

Os pacientes tinham idade média de 73 + 10,.4anos, sendo 6 do sexo feminino, 1 analfabeto e 13 com escolaridade inferior ao ensino médio. Todos ex tabagistas, fumava em média 25 + 15,9 cigarros ao dia. O tempo médio de uso de O2 foi 3,5 ±2,0 anos, a média diária de horas de uso foi 18,8 ± 4,6. Das falas surgiram quatro categorias: Fortalezas da terapia: melhora clínica da dispneia, dos sintomas, o paciente sente-se mais seguro com a ODP porque melhora a falta de ar, diminui as intercorrências, o número de internações, proporcionando uma melhora na qualidade de vida, permite que o usuário realize mais seus afazeres e mantenha a sua rotina, melhora no aspecto emocional. “Aaaaa sim, praticamente eu não tenho falta de ar, ne? melhorou nesse ponto de vista ai que eu não tenho crise de falta de ar” .Desafios da terapia: isolamento social, dificuldades no autocuidado, dificuldade de aceitação da ODP, envolvimento emocional com sentimentos negativos, problemas da funcionalidade do concentrador de O2 e acessórios e dificuldades no aspecto econômico. “Como que eu vo andar? Andar com isso aqui em público? eu tenho, eu não ando em público com isso aqui, ah, carregar aquele cachorrinho, ah sim, ficam olhando, criança tem medo de mim, fica com medo só de olha. Incomoda” Alterações emocionais, sociais, da vida cotidiana e econômicas na vida do usuário: processo de adaptação com dificuldades de aceitação, devido a restrições do equipamento, ele perde a autoestima, apresenta mudanças no comportamento, deixa as atividades de lazer, relacionando apenas sentimento negativos à terapia, mudança da personalidade. Também existe a outra visão, de que a ODP permite que o usuário se movimente, retorne aos seus afazeres, ocasionando um grande contentamento neles. “Ah por exemplo, no final do ano, teve sete festas eu desisti e não fui. A gente não leva a vida como levava antes, eu tenho um grupo de amigas do banco, somos quinze, tem festa mensalmente, e eu não tenho ido nas festas. Eu vou no salão, dai eles estão acostumados comigo, chego lá eu descanso um pouco, pra depois lavar o cabelo, é assim. Ah automaticamente você deixa de se cuidar sim, não faz mais uma viagem, não vai em uma festa, daí não se cuida. Por causa dessa ansiedade, associada a pânico, e a falta de ar, então eu não queria sentir isso no meio de uma festa, não tinha como eu me controlar e falar “não vai acontecer nada”, não conseguia, pânico, falta de ar” Alterações na relação familiar do usuário: isolamento social do cuidador, envolvimento emocional dos familiares e comprometimento do cuidador. “Mudou! Mudou sim, mudou, agora o marido fica mais em casa. Tem, tem mais sim, tem! A gente ve que eles tem aquela preocupação, eles saem eles volta, mas tão sempre com a anteninha ligada”.

Considerações Finais

Diante desse estudo, são nítidas as mudanças no cotidiano e do comportamento dos usuários. Frente a isso, é fundamental que a equipe conheça as mudanças, as dificuldades e facilidades que terapia causa, para proporcionar um cuidado mais humanizado, adaptando-se em cada situação, de forma a otimizar a utilização da ODP, aumentando a aderência ao tratamento, e minimizando o medo e barreiras associados a terapia.

Palavras Chave

DPOC, Oxigenoterapia Domiciliar Prolongada, Qualidade de Vida, Percepção

Area

Doenças crônicas/condições crônicas

Autores

Giovanna Hass Bueno, Irma de Godoy, Ilda de Godoy