Datos del trabajo


Título

AÇÕES E DIFICULDADES ENFRENTADAS PELO ENFERMEIRO NO ATENDIMENTO À PESSOA COM SOFRIMENTO PSÍQUICO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA

Introdução

A Atenção Primária em Saúde (APS) é a porta de entrada ao acesso dos serviços para população, nela são desenvolvidas ações de promoção da saúde, prevenção, proteção, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos, cuidados paliativos e vigilância em saúde, desenvolvida por meio de práticas de cuidado integrado e gestão qualificada, realizada com equipe multiprofissional e dirigida à população em território definido(1). Com intuito de fortalecer a rede de atenção, a APS auxilia no cuidado/apoio de saúde mental, com enfoque no acolhimento empático a estes usuários, no vínculo e na adesão da pessoa(2). Da mesma forma que para fortalecer a APS, a Estratégia Saúde da Família (ESF) é implantada com a lógica de equipes multiprofissionais que servem de suporte para o cuidado ao paciente com transtorno mental(1). Apesar dos avanços na APS e na saúde mental, ainda existem muitos obstáculos a serem supridos em relação à assistência, referência e contra referência e o papel do enfermeiro no cuidado a saúde mental. Neste cenário, o enfermeiro como parte integrante da equipe multiprofissional realiza o acolhimento destes usuários, assim como promove o elo entre este, equipe, família e comunidade(3).Neste sentido é importante organizar a rede de saúde mental para ativar o sistema de referência e contra referência para dar conta do fluxo dos usuários o que proporciona maior resolutividade de problemas e evita gastos desnecessários. É importante que esta organização dos serviços nas redes seja sustentada por critérios, fluxos e mecanismos de funcionamento, para que a atenção seja dada forma resolutiva aos usuários(2).

Objetivos

O presente estudo teve como objetivo analisar sob a ótica de enfermeiros, ações em saúde mental e dificuldades vivenciadas no seu cotidiano em Estratégia Saúde de Família.

Método

Trata-se de um estudo qualitativo descritivo, realizado em um município da região noroeste do estado do Rio Grande do Sul, entre 2016 e 2017, por meio de entrevista semi estruturada com 7 enfermeiros da Estratégia de Saúde da Família, foram selecionados seguindo os critérios de inclusão: atuar em uma das ESF’s há pelos dois meses, e como critério de exclusão: estar em afastado do ambiente de trabalho, seja por motivo de saúde ou férias. A análise dos dados foi desenvolvida seguindo os princípios da Análise Temática em suas 3 etapas: pré-análise, exploração do material, tratamentos dos resultados obtidos e interpretação. O projeto foi aprovado pelo Comitê de ética em pesquisa da Universidade de Passo Fundo sob parecer n. 61853716.0.0000.5342

Resultados

Os participantes da pesquisa foram eram na maioria do sexo feminino (6), com idade entre 24 e 64 anos, sendo apenas 3 enfermeiros com formação complementar com ênfase em saúde pública, com tempo de atuação entre 2 à 15 anos na área da saúde da família. A partir da análise dos dados emergiram duas grandes categorias, “Ações em Saúde Mental” e “Dificuldades no atendimento em Saúde Mental”. A primeira categoria se dividiu em 3 subcategorias. Subcategoria 1 “Ações assistenciais para o usuário” esteve presente na fala de sete enfermeiros, os quais descrevem os cuidados realizados com estes usuários com enfoque em abordagens dialógicas, acolhimento por meio de escuta ativa e humanizado, abertura de espaço para interação e a possível formação de grupos que viabilizem um tratamento resolutivo. A escuta qualificada dos usuários proporciona um atendimento humanizado, integral e busca a resolutividade das ações, tem o usuário como centro do cuidado. A subcategoria 2 “Ações assistenciais para a família” esteve presente na fala de dois enfermeiros, os quais descrevem o acompanhamento, o contato e o apoio entre família, usuários e profissionais da saúde. As famílias se sentem inseguras no cuidado e no modo de agir, é necessário que haja a inclusão desta no processo de cuidado, desde o primeiro contato com a unidade, participando de consultas, das conversas com os profissionais, na administração de medicações, nos cuidados em casa. A subcategoria 3 “Ações gerenciais” esteve presente na fala de cinco enfermeiros com enfoque na troca de conhecimento entre os profissionais da saúde, pela referência e contra referência no controle de receituários e discussão de encaminhamentos a serviços especializados. O sistema de referência contra referência auxilia na organização das equipes e na elaboração de alterativas para solução de problemas e melhora da qualidade do serviço. A categoria Dificuldades no atendimento em Saúde Mental esteve relacionada com a falta de entendimento/compreensão do usuário sobre sua saúde mental, a dificuldade de aceitação da família perante o sofrimento mental, a dificuldade de diálogo entre familiar e usuário sobre as manifestações psíquicas e a falta de entendimento e conhecimento do profissional ao cuidado do paciente em sofrimento psíquico. A falta de entendimento do próprio usuário sobre seu estado de saúde gera dificuldades em adesão ao seu tratamento e na qualidade do cuidado. As situações de crises fazem com que familiares fiquem com medo, não se sintam seguros e não possuam conhecimento de como agir para com esses pacientes. Enquanto o preparo do profissional de saúde que atua na APS também influencia no gerenciamento de situações de crises e busca de ajuda por usuários e familiares, a falta de qualificação profissional influencia de forma negativa na qualidade do cuidado prestado ao paciente e familiar.

Considerações Finais

Com este estudo evidencia-se que a escuta qualificada proporciona um atendimento humanizado e integral para usuário e familiar, buscando a resolutividade das ações, do mesmo modo, que é fundamental que todas as ações incluam esta tríade usuário-família-profissional. Os enfermeiros possuem um grande desafio ao trabalhar com usuários em sofrimento psíquico, visto que, as ações com este enfoque ainda são incipientes no âmbito da APS, e a qualificação do profissional para o desenvolvimento destas se mostra como uma das principais dificuldades enfrentadas pelo enfermeiro. Além disso, a falta de apoio e pouco conhecimento por parte da família são fatores que também influenciam negativamente no tratamento do usuário em sofrimento psíquico.

Palavras Chave

Enfermeiros; Estratégia Saúde da Família; Saúde Mental

Area

Saúde Mental

Autores

Priscila Orlandi Barth, Cleide Estela dos Santos Alfing, Laisa Carolina Viana Ely