Datos del trabajo


Título

SER CUIDADOR PRINCIPAL DE CRIANÇA OBESA: VIVENCIA, SIGNIFICADOS E SUBJETIVIDADE

Introdução

A obesidade é uma doença crônica provocada pela associação de fatores genéticos, ambientais e comportamentais, independentemente de classe social ou idade. Esse problema atinge proporções epidêmicas mundialmente, acometendo também as crianças que, caso não sejam tomadas providências adequadas poderão somar 75 milhões até 2025. No Brasil, 17,5% da população apresenta obesidade, e na infância esse quadro tornou-se um desafio à saúde pública. As crianças obesas apresentam maior risco para o desenvolvimento de doenças relacionadas ao excesso de peso, como as metabólicas e cardiocirculatórias. Além disso, há prejuízos psicossociais que podem levar a baixa autoestima, afetando as atividades escolares e os relacionamentos.

Objetivos

Compreender as experiências de cuidadores principais de crianças obesas.

Método

Pesquisa qualitativa na perspectiva da Fenomenologia Social de Alfred Schütz. A coleta de dados ocorreu mediante entrevista semiestruturada gravada, no período de agosto de 2016 a julho de 2017. O campo do estudo foi um bairro de Cascavel, Paraná, Brasil. Participaram da pesquisa oito mães de crianças identificadas como obesas ou em sobrepeso, e que se caracterizaram como as cuidadoras principais. A organização e análise dos dados seguiram os passos da Fenomenologia Social.

Resultados

As características típicas dos participantes permitiram a análise dos significados em categorias que congregam a compreensão da experiência vivida no tempo passado e presente – “motivos por que”, e a intencionalidade da ação – “motivos para”. A partir da análise das falas das participantes, nos “motivos porque”, foram identificadas cinco categorias: conhecimento sobre a obesidade infantil; causas da obesidade; vivência com a obesidade do filho(a); hábitos alimentares e da vida cotidiana. Na categoria conhecimento sobre a obesidade infantil, as mães consideram a obesidade como o excesso de peso das crianças, bem como, uma doença que necessita atenção e, principalmente, mudanças de hábitos alimentares. Na categoria causas da obesidade, as mães relataram que as crianças além de terem uma alimentação inadequada, possuem hábitos sedentários. Uma mãe referiu que o filho tem Doença de Cushing, a qual gera uma produção elevada de cortisol no organismo e por isso leva ao quadro de obesidade. Na categoria vivência com a obesidade da criança, percebeu-se vivencia ambígua, em que algumas mães se sentem responsáveis pelo excesso de peso da criança e se preocupam em relação a alimentação inadequada. Enquanto outras não consideram seus filhos obesos, apesar de ter sido identificada a condição de sobrepeso ou obesidade. Na categoria hábitos alimentares, relataram uma rotina de alimentação com poucos nutrientes e inadequada, e que possuem um diálogo comprometido em relação a alimentação que o (a) filho (a) tem na escola. Em relação a rotina da vida cotidiana emergiu o estilo de vida sedentário, assim como seus familiares, com exceção de duas crianças que realizam atividades físicas regularmente. Também foram identificadas três categorias referentes aos “motivos para”: o que espera para o seu/sua filho(a) obeso(a); o que espera para você e; expectativas frente aos serviços de saúde e da escola. Na categoria o que espera para a criança obesa, as repostas dadas pelas mães foram relacionadas à mudança na alimentação da criança, e que na adolescência chegariam com o peso adequado. Exceção foi o caso de obesidade gerada por fatores extrínsecos ao estilo de vida e da hereditariedade, na qual a mãe espera que após o tratamento cirúrgico a criança volte a ter o peso adequado. Na categoria o que espera para você, as mães esperam que seus filhos não sejam mais obesos com a mudança nos hábitos alimentares deles, poucas citaram a necessidade de mudança do hábito sedentário das crianças. Na categoria expectativas frente aos serviços de saúde e da escola, as mães esperam serem chamadas para realizar uma consulta com a nutricionista. Em relação a escola as mães esperam que ela regule a quantidade e ofereça uma alimentação saudável. Assim sendo, no grupo social pesquisado, observou-se que a compreensão sobre a obesidade e sua influência na vida e na saúde dos participantes ainda está aquém do que se espera. A vivência relatada evidenciou que as cuidadoras principais possuem dificuldades para impor hábitos alimentares saudáveis, muitas vezes por negarem a existência do problema. Para Alfred Schütz, faz-se necessário chegar à subjetividade dessas pessoas, para que haja de fato um convencimento para a mudança de hábitos, e para isso faz-se importante a relação do nós entre os sujeitos que necessitam do cuidado, os cuidadores e os profissionais da saúde e da educação. É importante a integração entre comunidade, profissionais e famílias, denominado na Fenomenologia Social como reciprocidade de intenções, para se alcançar uma assistência qualificada, no que se refere ao cuidado com a criança obesa.

Considerações Finais

Os resultados deste estudo poderão subsidiar os cuidadores de crianças obesas para reconhecer precocemente o risco da obesidade, alertando-as para aderirem a um estilo de vida com hábitos saudáveis e a buscar ajuda profissional. Também poderá auxiliar as práticas dos profissionais da educação e da saúde, particularmente dos enfermeiros, que atuam com crianças obesas.

Palavras Chave

Saúde da Criança; Obesidade; Cuidadores; Pesquisa Qualitativa.

Area

Saúde da Criança

Autores

Leticia Damasceno, Sebastião Caldeira, Thaissy Fernanda de Oliveira, Gicelle Galvan Machineski, Meiriane Bürger Machado, Claudia Silveira Viera, Fabíula dos Santos Toso, Beatriz Rosana Gonçalves de Oliveira Toso