Datos del trabajo


Título

IMERSAO EMPATICA DO PESQUISADOR NAS INVESTIGAÇOES FENOMENOLOGICAS EM ENFERMAGEM

Introdução

A pesquisa fenomenológica em enfermagem abriga-se no interesse deste campo de conhecimento em desenvolver-se de modo a ser capaz de considerar os fenômenos relacionados ao cuidado (Guerrero-Castañeda, Menezes, Ojeda-Vargas, 2017). A busca de um cuidar mais holístico e humanizado, fizeram a enfermagem apropriar-se de referenciais que permitissem tal saber, como a fenomenologia (Almeida et al., 2009). No Brasil, Martins e Bicudo (1994) são referências citadas por pesquisadores enfermeiros no que se refere à análise dos dados em pesquisa fenomenológica. Estes autores estabeleceram orientações para a análise de dados, conhecidas como “momentos da análise” do fenômeno situado. A imersão empática do pesquisador no mundo da descrição do sujeito pesquisado aparece como um desses momentos. O debate científico e filosófico atual sobre a empatia tem reerguido várias explicações sobre como conhecemos o outro (Decety, 2012), e questiona: o quanto podemos compreender empaticamente a experiência e significações de outra pessoa? Isto implica em repensarmos a empatia do pesquisador fenomenológico com o sujeito pesquisado. O que poderia significar essa imersão empática do pesquisador enfermeiro fenomenólogo nas situações vividas pelos sujeitos pesquisados? Como é possível assumir o mundo do sujeito pesquisado na busca de compreendê-lo empaticamente? Buscamos responder a esses questionamentos por meio de uma reflexão teórico-metodológica.

Objetivos

Debater a imersão empática necessária à análise fenomenológica a partir da noção de empatia como uma forma de conhecer o outro, focando nosso olhar para as pesquisas em enfermagem.

Desenvolvimento

Muitos autores utilizam a análise do fenômeno situado em pesquisas fenomenológicas na enfermagem. Esta se dá com a análise ideográfica e nomotética. O primeiro momento da análise ideográfica é a realização de uma imersão empática no mundo da descrição. Nela, o pesquisador deve ir em direção à intersubjetividade com o sujeito pesquisado. A descrição das experiências do sujeito deve ser utilizada pelo pesquisador para ter acesso às situações vividas. O pesquisador deve se colocar no mundo do sujeito e assumir este mundo tanto quanto possível, abrindo mão de pressupostos e pré-concepções (Martins, Bicudo, 1994). Trata-se de conseguir uma relação empática com o sujeito pesquisado. A empatia tem sido debatida na atualidade, em parte com o resgate de filósofos fenomenólogos por Dan Zahavi (2014). Algumas explicações sobre a empatia foram resgatadas, criticadas e formulou-se uma proposta fenomenológica da empatia, capaz de esclarecer, por extensão, a imersão empática na pesquisa fenomenológica. Inicialmente foi posto que o ser humano pode compreender o outro por meio da observação das expressões e gestualidade desta pessoa, as quais são simuladas por nós instintivamente. Consequentemente, a imersão empática de um pesquisador sobre o vivido pelo sujeito pesquisado poderia se dar com a observação deste sujeito ao vivenciar o fenômeno que se quer estudar. Na enfermagem, se pretendemos estudar o significado de alguma experiência, bastaria que observássemos os sujeitos e descrevêssemos o que se sente enquanto observador, quais emoções se vivencia, pois estaríamos espelhando, simulando mentalmente o que o sujeito observado está experienciando. Porém, esta noção de empatia como imitação instintiva do vivido pelo outro possui limitações. Para eu compreender a angustia de um familiar que tem seu filho internado numa enfermaria eu preciso estar simulando instintivamente sua angústia, estando também angustiado? Acreditamos que não. Outro modo de explicarmos a empatia se dá pela ideia de que ao ver uma pessoa vivenciando algo eu poderia compreendê-la se já tivesse passado pela mesma experiência. Logo, se observo a ansiedade de um familiar ao esperar notícias de um paciente em cirurgia, eu entenderia com acurácia o que este familiar passa se já tivesse vivenciado, eu mesmo, experiência semelhante. A primeira limitação deste modo de explicar a empatia diz que se o pesquisador estuda um fenômeno não vivenciado por ele no passado, ele seria incapaz da compreensão empática. Ademais, o pesquisador precisa silenciar seus pressupostos para não atribuir à uma ação do sujeito pesquisado um sentido ou significado que pertencia à si próprio em experiência semelhante. Experiências semelhantes provocam significações diferentes. Outra forma de ver a empatia pode ser assim colocada: na empatia o outro é dado a mim em seu "sendo-para-mim". A vida mental de outra pessoa se apresenta para mim em uma forma especial de percepção, co-intencionada e co-presenciada. Trata-se de uma noção fenomenológica da própria empatia. Dessa forma, o pesquisador não pode ter a mesma percepção do fenômeno estudado que o sujeito tem, uma vez que o objeto da experiência é dada ao pesquisador de modo indireto, por meio da descrição. A experiência do outro não me é dada como algo originalmente, me é dado à consciência, são duas experiências distintas na empatia, a minha e a do outro (Zahavi, 2014). Compreender a angustia de um familiar ou a tristeza de um paciente nas pesquisas fenomenológicas em enfermagem se torna passível por meio desta forma de compreender o outro que é a empatia, mesmo que o objeto intencionado por esses sujeitos não tenha sido me dado diretamente. É deste modo que ocorre uma dialética entre pesquisador e pesquisado, e a comunicação na linguagem de pesquisa desta intersubjetividade realizada pelo pesquisador é o que permite a objetividade da pesquisa fenomenológica, com a descrição das estruturas ideográficas e nomotéticas das experiências (Martins, Bicudo, 1994).

Considerações Finais

O debate que ressurgiu em torno da empatia nos faz repensar a imersão empática do pesquisador fenomenólogo nas pesquisas de enfermagem. A proposta fenomenológica da empatia nos esclarece sobre as possibilidades de imersão empática na análise ideográfica. Assim, a noção da empatia como uma experiência que tenho do outro, na qual posso co-intencionar, numa certa co-presença, o objeto intencionado pelo outro, é o que nos permite descrever o próprio processo de imersão empática. A proposta fenomenológica da empatia, defendida por Zahavi, permite explicitar como a compreensão empática pode se dar.

Palavras Chave

Pesquisa Qualitativa; Métodos; Enfermagem; Empatia.

Area

Outros

Instituciones

Universidade Federal de Mato Grosso - Mato Grosso - Brasil

Autores

Leandro Felipe Mufato, Maria Aparecida Munhoz Gaíva