Datos del trabajo


Título

Ações da equipe de Enfermagem em uma Unidade de Internação Psiquiátrica: contribuições da Sociologia Fenomenológica

Introdução

O fenômeno investigado nessa pesquisa foi a ação social de uma equipe de enfermagem em uma Unidade de Internação Psiquiátrica, tendo como referencial teórico-metodológico a sociologia fenomenológica de Alfred Schutz. Na sociologia fenomenológica, o agir sobre o outro e a ação deste sobre mim propicia-me compreender esta relação interpessoal e contribui para que o outro possa experienciar o mundo comum a todos de maneira similar. Deste modo, as ações em saúde mental desenvolvidas a partir do sujeito social perpassam a remissão dos sintomas decorrentes do sofrimento psíquico, alcançando o patamar de práticas sociais em que o usuário e família são protagonistas de sua terapêutica(1). A utilização desse referencial teórico-metodológico se faz pertinente em pesquisas em Enfermagem em Saúde Mental, já que nessas investigações se deseja dar voz aos sujeitos envolvidos, nesse caso, os profissionais de uma equipe de enfermagem, considerando as suas singularidades, individualidades e subjetividades. O referencial teórico-metodológico schutziano tem sido aplicado nas investigações em enfermagem e na saúde mental, possibilitando que o nosso olhar se direcione para as ações humanas no âmbito social(2). Tal referencial se propõe a olhar os sujeitos com a finalidade de apreender as suas vivências no mundo da vida cotidiana, mundo este, intersubjetivo e compartilhado entre os seus semelhantes(3). Considera-se que esta investigação traz contribuições para o cuidado de enfermagem em saúde mental na Unidade de Internação Psiquiátrica, tendo em vista o percurso metodológico proposto e o contexto de efetivação deste estudo.

Objetivos

Compreender o significado das ações da equipe de Enfermagem em uma Unidade de Internação Psiquiátrica.

Método

Trata-se de um estudo qualitativo de natureza fenomenológica, na perspectiva do referencial teórico-metodológico da sociologia fenomenológica de Alfred Schutz. Utilizou-se o conceito central das ações dos sujeitos no mundo cotidiano, consideradas como uma conduta que se efetua de acordo com um plano de conduta projetada, sendo o projeto a ação mesma concebida e decidida no tempo verbal do futuro perfeito. Completada a ação, seu sentido inicial, tal como foi dado no projeto, se modificará a luz das ocorrências da prática, ficando aberto a um número indefinido de reflexões(3). Assim, no intuito de compreender a ação subjetiva dos indivíduos, Schutz apoia-se em “motivos para” e “motivos porque”. O sociólogo expressa que “os motivos para” se referem a algo que se quer realizar, objetivos que se procura alcançar, tendo uma estrutura temporal voltada para o futuro, formando uma categoria subjetiva da ação. Já os “motivos porque” são evidentes nos acontecimentos concluídos, que explicam certos aspectos da realização de projetos, tendo, portanto uma direção temporal voltada para o passado(2). O presente estudo foi realizado na Unidade de Internação Psiquiátrica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. Os participantes da pesquisa foram 20 profissionais, sendo dez enfermeiros e dez técnicos de enfermagem, selecionados de forma intencional em turnos de trabalho. A coleta dos dados foi feita por meio de entrevista fenomenológica, com a seguinte questão norteadora: Fale-me sobre as ações que você realiza na Unidade de Internação Psiquiátrica. A análise e a interpretação dos dados foram realizadas em consonância com o referencial da sociologia fenomenológica. Foram respeitados os preceitos éticos, sendo o projeto submetido à Plataforma Brasil e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do HCPA, com o parecer no 1.882.508.

Resultados

A partir da análise das informações emergiram três categorias concretas, que se configuram como a representação do vivido, a partir das falas de cada ator social, e da estruturação dessas falas pelos pesquisadores, em idas e vindas aos relatos, ancoradas em um processo reflexivo à luz da sociologia fenomenológica. As categorias concretas referiram-se às ações que a equipe de enfermagem realizam na Unidade de Internação Psiquiátrica, sendo denominadas: ação é norteada por relações interativas com os pacientes; ação é utilizada como recurso organizacional; e ações orientadas pela relação face a face entre os profissionais. Na primeira categoria os profissionais discorrem acerca da abordagem terapêutica utilizada durante os atendimentos com os usuários e familiares, englobando os cuidados clínicos, momentos de escuta e desenvolvimento de relacionamento terapêutico. Na segunda categoria a equipe relata sobre procedimentos administrativos e de organização da Unidade de Internação. Na última categoria emergem as relações entre os profissionais da equipe, com atividades educativas, de formação profissional e gerenciamento de equipe. A estruturação dessas três categorias concretas viabilizou a formação do típico da ação da equipe de enfermagem no que diz respeito às suas ações junto a usuários, familiares e demais membros da equipe assistencial na Unidade de Internação Psiquiátrica, em que o típico abarca as ações dessa equipe, conferindo significado às mesmas.

Considerações Finais

Na trajetória para o desenvolvimento deste estudo apreendemos e exercitamos a atitude fenomenológica, mediada pela busca da empatia e de um processo de intersubjetividade. Com esta experiência nos deparamos com avanços e desafios na busca das subjetividades, permitindo desvelar o fenômeno vivenciado. Assim, este processo permitiu desvelar o fenômeno o significado das ações desenvolvidas por uma equipe de enfermagem em uma Unidade de Internação Psiquiátrica. Buscamos apreender e exercitar uma atitude compreensiva, de modo a interpretar a realidade social dessa equipe de enfermagem que atua em uma Unidade de Internação Psiquiátrica de maneira única, evitando generalizações, inerente ao referencial proposto para o desenvolvimento dessa investigação. Além disso, esta pesquisa permitiu refletir e problematizar as práticas em saúde mental instituídas nos serviços de saúde, o que pode contribuir para a construção de ações em saúde mental produtoras de subjetividade e inclusão social.

Referências:

1. Oliveira GC, Schneider JF, Nasi C, Camatta MW, Olschowsky A. Family expectations about a psychiatric inpatient unit. Texto Contexto - Enferm. 2015. 24(4): 984-92.

2. Schneider JF, Nasi N, Camatta MW, Oliveira GC, Mello RM, Guimarães, AN. O referencial schutziano: contribuições para o campo da enfermagem e saúde mental. Rev enferm UFPE on line [internet]. 2017. 11(supl.12): 5439-47.

3. Schutz A. Fenomenologia e relações sociais. Petrópolis, Rio de Janeiro, Editora Vozes, 2012.

Palavras Chave

Enfermagem
Sociologia
Saúde Mental

Area

Saúde Mental

Autores

Cíntia Nasi, Jacó Fernando Schneider, Leandro Barbosa de Pinho, Marcio Wagner Camatta, Gustavo Costa de Oliveira, Rita Mello de Mello, Talita Portela Cassola, Maria Eduarda de Lima Torres