Datos del trabajo


Título

ROSAS DE AÇO

Introdução

O empoderamento do gênero feminino relaciona-se com a história de lutas pelo espaço na sociedade em diversas esferas, a saber: Forças Armadas (FFAA). Apesar de sua luta e proatividade para a equidade na representação social do gênero, ainda enfrenta adversidades quanto à colocação no mercado, distribuição salarial, valorização profissional e imagética frágil e de impotência física para determinadas atividades, inclusive as militares. Portanto, o gênero feminino, que historicamente nas figuras de Simone Beauvoir e Betty Friedan, tem se esforçado ao longo do tempo para alcançar direitos sociais, políticos e romper barreiras construídas por valores culturais seculares e estigmatizadores. Na seara bélica, estar em um fronte de batalha seria somente para atividades femininas relacionadas ao cuidado como as de socorro aos feridos de guerra. Destarte, a inserção feminina nos quadros de arma no Brasil se dá a partir do século XIX de forma heróica na pessoa de Maria Quitéria e Ana Vieira, que participaram de revoluções, a primeira na Bahia e a outra, em São Paulo. Recentemente, o Exército Brasileiro tem como marco o ingresso das primeiras mulheres na linha bélica em 2017. Este fato contribui para um novo olhar à mulher e sua inserção em profissões majoritariamente masculinas.

Objetivos

Promover reflexão crítica sobre o papel da mulher nas Forças Armadas.

Desenvolvimento

A profissionalização e feminização das FFAA incentivada pela Segunda Guerra Mundial foi correspondente ao desenvolvimento tecnológico militar e da incorporação da tecnologia aos materiais e equipamentos. Em países desenvolvidos, as FFAAs atuam com efetivos reduzidos focalizados no serviço militar voluntário, altamente especializados e sofrendo alteração no nível ético, no que diz respeito à reestruturação de seus recursos materiais e humanos. Esta alteração substitui o papel do líder heróico para o gerente submisso às exigências da racionalidade instrumental. A feminização das FFAAs se insere nesse processo de racionalização, em que a redução de quadros e a necessidade de pessoal qualificado direcionou a atenção para as mulheres, estas por sua vez mais escolarizadas e abertas para profissões, até então, impensadas para o seu sexo. A transformação das atividades militares que atualmente tendem a se dedicar menos à defesa do território nacional e mais às ações de vigilância e proteção de fronteiras e do espaço aéreo, apoiadas em tecnologias eletrônicas, de comunicação e digitais, fez com que a mulher pudesse ser introduzida em tais atividades de maior exigência intelectual. A feminização nos países europeus e no Canadá intensificou-se a partir dos anos 70 e começo dos 80 com a abertura das escolas de oficiais às mulheres e a supressão das unidades exclusivamente femininas. Ao final da década 80, medidas facilitaram o ingresso das mulheres na área militar desses países, estando incluídas políticas de combate à discriminação de gênero. Essa integração das mulheres, que apresentou variações segundo o país, trouxe à tona questionamentos, tendo como pano de fundo a ideia de que elas constituiriam um elemento perturbador para a vida militar. Entre os benefícios que a presença das mulheres teria trazido, um maior grau de civilidade nos relacionamentos e um debate sobre as condições de trabalho (acomodações, tempo de trabalho), os critérios de eficiência e profissionalismo no trabalho, o lugar das mulheres no ambiente militar e nas unidades de combate. A divisão sexual do trabalho remete-nos ao questionamento: mulheres devem constar nos postos de combate? Países como o Canadá e Inglaterra contam com taxas crescentes de feminização das FFAA. No Brasil, essas taxas iniciam com as mulheres recrutadas a participarem de atividades militares da Segunda Guerra em 1944, por ocasião do envio de efetivo, de caráter temporário, de enfermeiras do Exército e Aeronáutica para a Itália. Mas é em 1980 que surge o primeiro efetivo militar feminino a ser instituído na Marinha. Portanto, a mulher nas Forças Armadas do Brasil efetiva sua história neste momento, corroborando para que a visão do gênero seja ampliada para além dos olhares sexistas e considerada sua mão-de-obra como um ganho institucional. As mulheres nas FFAAS têm seu papel iniciado na Marinha, expandindo-se a seguir pela Aeronáutica e Exército. Na segunda metade dos anos 1990, inicia-se a integração efetiva das mulheres nas FFAAs com a extinção do Corpo Auxiliar Feminino da Reserva da Marinha (CAFRM) e a incorporação das militares na estrutura oficial de Corpos e Quadros da Marinha (1997). O ingresso da primeira turma feminina na Academia da Força Aérea se dá no ano de 1996 e no Instituto Militar de Engenharia do Exército em 1997. Em 1998, há a permissão para que as mulheres ingressassem no Serviço Militar do Exército, em caráter temporário. Em 1999, há a inserção das mulheres, em caráter permanente, no Exército Brasileiro pelo recém-criado Quadro Complementar de Oficiais - QCO nas especialidades de Administração, Direito, Enfermagem, Psicologia, Magistério, Ciências Contábeis e Biblioteconomia, além do pré-existente Quadro de Saúde composto pelas áreas de Farmácia, Medicina e Odontologia. Em 2017, o pioneirismo feminino nos Quadros de Arma de Intendência e Material Bélico no Exército Brasileiro ratificam o empowerment da mulher sobre áreas jamais impensadas para o sexo, como a linha militar bélica. Porém, a mulher ainda sofre com a marginalização do sexo que a segmenta e exclui quanto à divisão equitativa do trabalho. A mulher como profissional militar ainda atrai olhares institucionais internos e externos que a mitificam na figura de impotência pela suposta fragilidade e sensibilidade intrínsecas culturalmente. Mesmo com seu preparo intelectual e físico, que a potencializa e coloca em situação de igual oportunidade à concorrência de cargos e salários, quando o assunto é o tocante ao trabalho na esfera militar, ainda é caracterizada pela fragilidade (equivocada) do biológico feminino, que às vezes leva para o enfoque da visão sexual em detrimento da profissional.

Considerações Finais

O gênero feminino ainda enfrenta obstáculos sobre sua imagem e a representação social em espaços de trabalho majoritariamente masculinos, como o militar. É preciso (re)pensar sobre a simbologia social por detrás da feminização e as relações profissionais em grupos de trabalho preponderantemente masculinos. Debater e refletir sobre o papel da mulher nesses espaços é urgente e necessário, para ambientes de trabalho justos e equitativos.

Palavras Chave

Forças Armadas; Gênero; Poder; Chefia feminina.

Area

Gênero, Sexualidade e Saúde

Instituciones

Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

Fabrícia Conceição Carvalho, Gloria de Souza Bertino Tarle, Toni Adriano Martins, Christie Anne Ferreira Braun