Datos del trabajo


Título

IMPLICAÇAO DO TRABALHO GERENCIAL DO ENFERMEIRO NA ATUAÇAO DO NUCLEO AMPLIADO DE SAUDE DA FAMILIA E ATENÇAO BASICA

Introdução

A equipe multiprofissional do Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (Nasf-AB) tem como atribuição, entre outras, compartilhar saberes, através da comunicação constante com as equipes de Saúde da Família (eSF), de modo a construírem conhecimento de maneira bilateral, para promover práticas e gestão do cuidado, de acordo com as singularidades e saberes específicos de cada profissional¹. O enfermeiro não compõe a equipe do Núcleo, no entanto, na qualidade de profissional gestor e/ou assistencial de uma Unidade Básica de Saúde (UBS) pode interferir na forma como o Nasf-AB irá atuar. Como profissional generalista da Atenção Básica (AB), o enfermeiro prevê, organiza, supervisiona, coordena, delega, orienta e monitora os profissionais da eSF, de acordo com metas e objetivos pré-definidos², o que implica no desempenho das funções do Núcleo para o aprimoramento da atenção à saúde no nível primário.

Objetivos

Analisar a implicação do trabalho gerencial do enfermeiro na atuação interdisciplinar do Nasf-AB.

Método

Pesquisa multicêntrica, descritivo-exploratória, caracterizada como um estudo de métodos mistos, com a participação de cinco Universidades do Estado de Santa Catarina e representantes da Secretaria de Estado da Saúde, a qual abrangeu as oito macrorregiões de saúde do Estado, envolvendo as 267 equipes de NASF. Os resultados apresentados neste estudo correspondem à coleta de dados da segunda etapa (qualitativa), na qual foram envolvidos profissionais do Nasf-AB de cinco municípios de Santa Catarina, os quais participaram de entrevistas coletivas. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Pesquisa da UDESC, sob parecer n. 1.812.835/2016.

Resultados

A fim de oferecer apoio às eSF, ampliando a resolubilidade da Atenção Básica, o Ministério da Saúde, criou, através da portaria nº 154, de 24 de janeiro de 2008³, o NASF, atualmente denominado pela nova Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), através da portaria nº 2.436, de 21 de setembro de 20171, como Nasf-AB. O escopo de ações do Núcleo inclui: participar do planejamento da unidade de saúde a que estão vinculados; contribuir para a integralidade do cuidado, por intermédio da clínica ampliada; discutir casos, atender individualmente e de forma compartilhada; construir projetos terapêuticos; realizar ações intersetoriais e de educação permanente; intervir no território; promover a saúde; prevenir doenças e agravos; discutir o processo de trabalho das equipes, dentre outras. A definição dos profissionais que farão parte da equipe multiprofissional e interdisciplinar do Nasf-AB deve ser realizada pelo gestor, levando em consideração a realidade do território em que esses profissionais irão atuar¹. Acredita-se a Atenção Primária a Saúde, também conhecida como AB no Brasil, constitui a base e determina o trabalho dos outros níveis de atenção à saúde, e como tal identifica e aborda os problemas mais comuns na população, bem como deve oferecer serviços de prevenção, cura e reabilitação das doença, mas especialmente promover a saúde e o bem-estar, organizando e racionalizando o uso dos recursos disponíveis4 e promovendo o acesso universal à saúde. Os atributos essenciais da AB são assim denominados, pois um serviço de saúde dirigido à população geral, só pode ser considerado provedor de atenção primária quando há a sua presença. Os atributos derivados qualificam as ações no nível primário de saúde, ampliando seu poder de interação com os indivíduos e a comunidade. São quatro os atributos essenciais: Acesso de Primeiro Contato; Longitudinalidade; Integralidade e Coordenação da Atenção. Os derivados são: Orientação Familiar e Orientação Comunitária5. Os nasfianos entrevistados afirmam que, na maior parte das UBS, quem assume a coordenação, é o enfermeiro. Eles confirmam que a conduta desse enfermeiro coordenador implica no trabalho do Nasf-AB e, por conseguinte, para garantir a concretização de parte dos atributos da AB. As falas a seguir ilustram alguns desse aspectos: “A coordenação [da UBS], sem dúvida, se ela entende as nossas atividades, dão apoio total ao trabalho do NASF, facilita muito!”(Nasfiano1); “Para nossa equipe, é bem clara a diferença de trabalhar em uma Unidade [na qual não há envolvimento com o trabalho do Nasf-AB]e em uma Unidade onde a coordenação compreende o trabalho do NASF. Quando a coordenação compreende que a responsabilidade do nosso trabalho também é dividida, o nosso trabalho é muito mais fácil (Nasfiano 2)”; “Algumas enfermeiras, por exemplo, entram em contato comigo discutindo ideias, e ela ‘toca’ o grupo, então, essa sintonia é fundamental e tem alguns lugares que eu fico tranquilo, que eu sei que isso acontece, e outros que eu sei que não criam qualquer possibilidade [de trabalho interação Nasf-AB e eSF] (Nasfiano3)”; “[...] se o enfermeiro ou enfermeira não pega junto, a coisa não acontece (Nasfiano4)”. Os dados da pesquisa revelam a implicação do gerenciamento do enfermeiro no contexto das UBS e suas interfaces na forma de atuação do Nasf-AB, sofrendo influências de sua habilidade enquanto gestor da equipe. Isso faz refletir sobre a atual PNAB, a qual apresenta a figura do “Gerente” na APS, recomendando a inclusão deste profissional, no intuito de aprimorar e qualificar do processo de trabalho1. As melhores práticas de coordenação e gerenciamento, notoriamente, desenvolvidas por enfermeiros no âmbito da AB6-7, se desdobram em rotinas associadas à clara noção de competências éticas e um conhecimento técnico e científico que assegura a visão ampla acerca do processo saúde/doença, com autonomia e compreensão, também interdepende da postura de liderança para com os membros da equipe.

Considerações Finais

O envolvimento do enfermeiro da AB com o trabalho do Nasf-AB define, em grande medida, a atuação do Nasf-AB, sobretudo, em relação às ações que caracterizam a AB. Sugere-se que sejam realizadas outras pesquisas acerca do papel do enfermeiro gestor da UBS para a efetivação das ações do Núcleo. Também propõe-se a criação de diretrizes específicas que orientem essa interlocução, tendo como base o potencial do enfermeiro como líder e para a programação e efetivação de ações que viabilizem e estimulem o trabalho em equipe e interdisciplinar, com vistas ao cuidado, à promoção da saúde e às ações preventivas.

Palavras Chave

Atenção Primária à Saúde
Enfermagem
Estratégia Saúde da Família

Area

Gestão de Serviços de Saúde

Autores

Carine Vendruscolo, Letícia de Lima Trindade, Kátia Jamile da Silva, Mônica Ludwig Weber