Datos del trabajo


Título

VIVÊNCIAS DA FAMÍLIA NO CUIDADO À PESSOA EM TRATAMENTO HEMODIALÍTICO

Introdução

A família, no decorrer dos anos, vem sofrendo mudanças em sua estrutura, acompanhando as modificações históricas e sociais. Na atualidade a família não mais se compõe exclusivamente por um homem e uma mulher que geram filhos, mas de diversas formas e por diversos membros. Não se configura como um conjunto de pessoas que são unidas apenas por laços consanguíneos, mas pode também haver uniões concretizadas por sentimentos e afinidades diversas. Contudo, independentemente de como a família seja organizada e composta, ainda é o local onde a pessoa começa a perceber, enxergar e atribuir significados ao mundo. A família, também, é o espaço no qual os seus membros vivenciam as primeiras experiências de cuidado perante o adoecimento, e valores que cada ser assume para si e para sua rede de relações. Essas experiências de cuidado frente ao adoecimento crônico podem ser essenciais para o controle da doença e obtenção de uma melhor qualidade de vida. Dentre as doenças crônicas destacamos a Insuficiência Renal Crônica que consiste na perda progressiva das funções reais no organismo, com elevada morbimortalidade e em sua fase avançada necessita de terapia de substituição da função renal. No Brasil, a hemodiálise é a forma mais comum de terapia e deve ser associada ao tratamento farmacológico, dietoterápico entre outros. Além de toda terapêutica envolvida, a hemodiálise por si só torna-se bastante desgastante, já que é realizada três dias por semana, com duração de quatro horas a cada sessão. Associado a isso é um tratamento doloroso, estressante, de longa duração, que impõe limites, compromete a liberdade, requer dedicação e gera mudanças impactantes na vida da pessoa doente e de seus familiares. Diante disto, faz-se necessário um rigoroso esquema de controle e cuidados permanentes, colocando em evidência o papel da família frente às responsabilidades na condução do cuidado doméstico. Nesta perspectiva, os membros da família contribuem tanto no auxílio às atividades da própria terapêutica, que envolve a frequência às sessões de hemodiálise, dieta, cuidado com acesso venoso e controle de horários dos medicamentos, como também oferecendo apoio de modo a fortalecer emocional e espiritualmente o seu familiar no enfrentamento da nova condição de vida.

Objetivos

Compreender como a família vivencia o cuidado da pessoa com insuficiência renal crônica em tratamento hemodialítico.

Método

Trata-se de uma pesquisa qualitativa de natureza exploratória que contou com a participação de seis familiares, de ambos os sexos, que acompanhavam seus entes às sessões de tratamento hemodialítico. Foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Feira de Santana sob parecer nº 1.058.676 e CAAE nº 41410215.2.0000.053, e desenvolvido em um Instituto de Nefrologia em Feira de Santana, na Bahia. Os aspectos éticos foram respeitados, e as entrevistas só ocorreram após autorização e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os depoimentos foram obtidos entre 28 de maio a 22 de junho de 2015, mediante entrevistas semiestruturadas e submetidos à análise de conteúdo.

Resultados

Emergiram três categorias: 1. Dificuldades de adaptação ao tratamento hemodialítico e busca de estratégias para cuidar do seu familiar: sofrimento frente à dificuldade, tanto para eles quanto para o seu ente, de se adaptar à nova vida, e às restrições impostas pela doença e o tratamento; reações de agressividade e rejeição ao cuidado pela pessoa adoecida, gerando problemas no relacionamento; medo da perda do ente familiar; dificuldades financeiras geradas pela doença e tratamento; exercício da paciência e apoio na crença religiosa para enfrentamento das situações; estratégias de conversas, estímulos, orientações, auxílio e supervisão da dieta, além de acompanhamento ao médico. 2. Solidão e falta de apoio gerando sobrecarga e abnegação da família no processo de cuidar: sobrecarga de atividades pois, na maioria das vezes, um dos membros é quem assume a parcela maior do cuidado; não compartilhamento do cuidado por considerar que ninguém sabe cuidar; negligência do autocuidado para priorizar o cuidado do seu ente adoecido. 3. Família assume o cuidado e articula com a rede de assistência para assegurar o tratamento: garante a frequência às sessões de HD, controle hídrico e dietético, uso adequado de medicamentos, cuidados com a fístula arteriovenosa, consultas médicas, dentre outros; divisão entre os membros das tarefa de cuidar do ente adoecido; articulação com a rede de assistência à saúde, seja na Secretaria de Saúde do município, na própria clínica de diálise, ou em outra cidade.

Considerações Finais

Considera-se que os familiares de pessoas em hemodiálise vivenciam, junto com os adoecidos, aspectos relativos às limitações impostas pela doença e tratamento, que envolvem a mudança abrupta de rotina, passando a uma vida permeada por sessões de hemodiálise, cuidados diários, restrições e visitas constantes aos serviços de saúde. Além disso, a doença e o tratamento geram outros problemas como dificuldades financeiras, visto que os custos aumentam com toda a terapêutica envolvida e problemas direcionados ao relacionamento entre os membros. Apesar das dificuldades os familiares encontram na crença religiosa uma estratégia de enfrentamento de todo o processo. Como contribuições este estudo poderá suscitar novas pesquisas sobre o tema e evidências que estimulem os profissionais de saúde, sobretudo a enfermagem, para um cuidado mais abrangente que envolva a família, promovendo acolhendo-a, escutando-a e tornando-a parceira no tratamento da pessoa em hemodiálise.

Palavras Chave

Família, Cuidadores familiares, Hemodiálise

Area

Doenças crônicas/condições crônicas

Instituciones

UCSAL - Bahia - Brasil, UEFS - Bahia - Brasil

Autores

ALINE MOTA ALMEIDA, GÉSSICA ALMEIDA CERQUEIRA, ELAINE PEDREIRA RABINOVICH, RITA CRUZ AMORIM, ALINE SILVA GOMES XAVIER, EVANILDA SOUZA SANTANA CARVALHO, MARIA GERALDA GOMES AGUIAR