Datos del trabajo


Título

HUMANIZAÇÃO NO TRABALHO DO DOCENTE DE ENFERMAGEM UNIVERSITÁRIO: CONTRIBUIÇÕES PARA A SAÚDE DO TRABALHADOR

Introdução

O ambiente de trabalho docente é marcado pela complexidade das atividades, produtividade e competitividade, cobrança e desenvolvimento de funções que exigem do trabalhador empenho intelectual, físico e emocional, comumente submetido a um ritmo de trabalho intenso. Assim, o exercício laboral da docência está permeado pela presença de sobrecarga de trabalho, principalmente a mental, com excesso de responsabilidades, problemas nas relações interpessoais repercutindo na saúde, de forma geral, através do estresse, ansiedade, insônia ou dificuldades de sono, cefaléia, gastrite, entre outras manifestações. Nessa perspectiva, observa-se muitas vezes, o esforço dos trabalhadores com vistas a atender uma profunda reorientação dos trabalhos universitários, contribuindo para provocar adoecimento e tristeza. Desse modo, estudar o trabalho docente inserindo a humanização torna-se uma possibilidade para contribuir na saúde e no trabalho deste profissional, uma vez que a Política Nacional de Humanização (PNH) elege o processo laboral como um dos alvos de suas ações, destacando o compromisso com a democratização das relações de trabalho, fortalecimento do trabalho em equipe fomentando a grupalidade, a valorização dos profissionais e da ambiência, com organização de espaços de trabalho saudáveis e acolhedores, sendo, necessário pôr em prática os princípios que concernem à autonomia e protagonismo dos trabalhadores, resgatando e/ou promovendo sua saúde e seu potencial para o trabalho.

Objetivos

descrever a percepção do docente de enfermagem acerca da humanização em seu trabalho

Método

Estudo descritivo, exploratório realizado em uma universidade pública da região Sudeste do Brasil. Participaram do estudo dezenove docentes de enfermagem que corresponde a 73% do total dos sujeitos elegíveis. Utilizou-se entrevista semi-estruturada, que foi respondida após aprovação da pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Instituição. Utilizou-se a análise temática, gerando a categoria: “não humanização” no trabalho docente de enfermagem.

Resultados

Ao indagar sobre a percepção acerca da humanização no seu trabalho, os participantes, referiram não haver humanização em seu trabalho, mencionando questões relacionais no trabalho docente, fortemente percebidas como contributivas para a “não humanização” no trabalho. A falta de diálogo e falta de respeito também foram ressaltadas no âmbito das relações fragilizadas, tensas e conflituosas no contexto estudado. Igualmente foi percebida a ausência de autonomia e protagonismo dos docentes permitindo considerar seu trabalho como “não humanizado”. Em menor proporção, foi evidenciada ainda, a presença da sobrecarga laboral no cotidiano do trabalho docente como elemento que também contribui para a “não humanização” no trabalho. Verificou-se, portanto, na prática laboral, a contrariedade de preceitos importantes como autonomia, protagonismo e participação dos sujeitos, democratização das relações de trabalho, existência de vínculos, de solidariedade repercutindo de modo nocivo para a saúde do trabalhador e dificultando a organização de espaços de trabalho saudáveis e acolhedores

Considerações Finais

O estudo constatou que elementos da organização do trabalho podem convergir ou divergir para o alcance da humanização no trabalho, sendo importante a participação do trabalhador nesse processo como um sujeito ativo dessa construção. Os docentes de enfermagem revelaram, em grande maioria, a percepção da “não humanização” em seu trabalho, estando fortemente associada às questões relacionais que ocorrem permeadas pela vulnerabilidade e fragilidade no cenário estudado. Em menor escala, mas também mencionada pelos docentes, encontra-se a sobrecarga laboral considerada por alguns como um fator que favorece a “não humanização” no trabalho, contribuindo de modo nocivo para a saúde e bem-estar do trabalhador. Evidenciou-se que o trabalho docente por vezes vai de encontro a alguns preceitos importantes da humanização como autonomia e protagonismo dos sujeitos, a democratização das relações de trabalho, a participação do trabalhador em questões pertinentes ao seu fazer, convergindo inclusive para uma postura desrespeitosa no trabalho, conforme enunciado pelos docentes de enfermagem. Tais questões, de fato, não contribuem para um trabalho que resgate e/ou promova a saúde do trabalhador bem como seu potencial para o trabalho e para a vida. Esse estudo confirma a viabilidade e a relevância em estudar os preceitos da humanização no contexto da Saúde do Trabalhador docente convergindo com estudiosos dessa área de conhecimento e oportunizando ampliação de estudos nessas vertentes, pois a humanização pode contribuir para a saúde do trabalhador quando o trabalho é considerado espaço de construção coletiva e de participação de sujeitos possibilitando aos mesmos construir e decidir sobre o seu fazer, inventando e reinventando seu trabalho. Desse modo, acredita-se na relevância de realizar futuras investigações acerca da temática aqui apresentada, ampliando a discussão em outros contextos e outros espaços expandindo a reflexão acerca do trabalho docente e da saúde desse trabalhador.

Palavras Chave

DOCENTE, ENFERMAGEM, HUMANIZAÇÃO, TRABALHO

Area

Outros

Autores

Magda Ribeiro de Castro, Regina Célia Gollner Zeitoune