Datos del trabajo


Título

DESAFIO E POSSIBILIDADES DO EMPODERAMENTO FEMININO

Introdução

As mulheres historicamente sofrem com o fenômeno social da desigualdade de gênero, que viola seus direitos humanos e lhes coloca em uma situação de subalternidade. As condições de inferiorização vivenciadas pelas mulheres foram transformadas em práticas rotineiras de subordinação. Porém, a partir do empoderamento destas mulheres é possível que estas lutem contra a desigualdade de gênero (sexismo) e que contribuíram com a emersão de instrumentos de viabilização de direitos (1). Neste contexto, acredita-se que a atuação dos profissionais de saúde sobre a promoção da saúde das mulheres, oportuniza a criação de um espaço de diálogo, reflexão e empoderamento da mulher no seu cotidiano, para que estas assumam o controle sobre sua saúde, estabelecendo hábitos saudáveis e reivindicando seus direitos e o controle sobre os determinantes de sua saúde, de sua família e fortalecendo sua autonomia sobre o seu ser e seu viver(2).

Objetivos

conhecer as práticas de empoderamento das mulheres em seus espaços cotidianos.

Método

Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa, com caráter participativo, pautado no referencial teórico da Promoção da Saúde e desenvolvido com apoio do Método Paulo Freire, que compreende as seguintes etapas: investigação temática, codificação e descodificação e desvelamento crítico. O local da realização da pesquisa foi em um Centro de Saúde (CS) do município de Florianópolis, estado de Santa Catarina, no qual a Rede de Atenção Básica à Saúde está fundamentada na Estratégia de Saúde da Família – ESF. As participantes do estudo consistiram em doze mulheres, entre casadas e solteiras com faixa etária de 18 a 79 anos, no período entre maio e julho de 2011.A pesquisa teve início após parecer da Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis e aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Santa Catarina CEP/ UFSC sob parecer nº 1133/11, FR 385731, em conformidade com a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. As participantes foram esclarecidas sobre os objetivos da pesquisa e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

Resultados

De acordo com a proposta metodológica, os encontros aconteceram no interior do Círculo de Cultura, onde o processo de ação-reflexão- ação foi vivenciado pelas participantes durante o transcorrer do itinerário de pesquisa de Paulo Freire. Todos os encontros aconteceram no auditório do Centro de Saúde e com um número de seis a doze mulheres. Nesta etapa foram levantados o total de 45 temas os quais foram sendo debatidos e concomitantemente desvelados. Após esta primeira fase coletiva, onde os 45 temas foram expostos e refletidos, reduzimos para 23 temas de interesse do grupo. Destes, alguns foram sendo codificados, descodificados e desvelados no transcorrer dos encontros. O processo do desvelamento crítico foi ancorados no Referencial Teórico da Promoção da Saúde junto as concepções Freireanas, vislumbrando assim, um novo olhar das participantes, e foram assim desvelados: Enfrentamento do problema: Para se reconhecer e atender às necessidades das mulheres e promover o seu empoderamento, se faz necessário ser ouvida e acolhida valorizando o momento da consulta em serviços de saúde e construindo um vínculo com os profissionais(3). Neste espaço, quando os profissionais da saúde escutam e conversam, compartilham saberes e compreendem o contexto de vida dessas mulheres, como seres humanos dotados de direitos a viver uma vida encarando seus problemas com determinação e coragem. Muitas vezes orientam suas ações para que as mulheres tomem consciência do problema (4). Jeito de Ser: As mulheres consubstanciaram suas falas com o cuidado na ocupação cotidiana consigo mesma, relacionando o seu bem-estar ao enfrentamento dos seus problemas e consequente disposição para manterem suas atividades cotidianas. Ao se ocuparem consigo, também discursaram acerca das suas necessidades estruturais, inclusive financeiras, para o alcance do bem-estar, revelando assim as relações do seu cuidado com o mundo circundante. As participantes enfatizam que é intrínseco ao seu cotidiano o cuidar do outro, revelando preocupação com seus familiares, em especial, filhos, companheiros, netos e outros familiares próximos, o que deixa claro que essas mulheres não se desvencilham do ser-com e do seu a-gente, posto que “os ‘outros’ fazem parte do ser delas. Cuidado com o outro: Segundo Leonardo Boff (2014) cuidar é mais que um ato; é uma atitude. [...] de ocupação, preocupação, de responsabilização e de envolvimento afetivo com o outro”. Cuidado é muito mais do que zelar pelos entes queridos, ele acompanha o ser humano desde o seu nascimento, e passa por várias etapas da vida(5). Assim, as mulheres se percebem mais como cuidadoras, pois já está culturalmente intrínseco esse papel diante da sociedade, é o que se espera de toda a mulher, pois mesmo inseridas no trabalho ou economicamente mantenedora da casa ainda possuem o papel de mãe cuidadora e do lar. Portanto, as mulheres entendem que o Ser mulher é cuidar e compreender diferentes maneiras de cuidar.

Considerações Finais

A necessidade das mulheres em dar significado as suas vidas, desenvolveram atitudes proativas de mudanças para enfrentar toda a adversidade oriunda do seu dia a dia, com isso constata que esse estudo embasado nos pressupostos de Paulo Freire conseguiu empoderar e dar autonomia a essas mulheres transformando suas vidas e os espaços que convivem. Essa abordagem metodológica oportunizou a reflexão das mulheres em relação as suas vidas e a mudança de postura frente as adversidades. Podemos também afirmar que as mulheres envolvidas nessa pesquisa desenvolverem o cuidado de si e para com o outro, a capacidade de enfrentamento e uma consciência crítica diante do seu papel na sociedade.

Palavras Chave

Autonomia Pessoal; Mulheres; Promoção da Saúde; Atenção Primária à Saúde.
Referencias:1.Borges G M, Souza M S R ,Silva M F S . Fortalecimento da autonomia com vistas ao empoderamento das mulheres vítimas de violência doméstica atendidas no centro de referência especializado de assistência social - CREAS Ceilândia. Periódico Científico Outras Palavras | v.10 | n.2. 2014. Disponível em http://revista.faculdadeprojecao.edu.br/index.php/Projecao5/article/view/438/395

2. Durand MK, Heidemann ITSB. The promotion of women’s autonomy during family health nursing consultations. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2013. [cited 2018 Mar 05]; 47(2): 288-295. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/reeusp/article/view/58503/61492>.
DOI: https://dx.doi.org/10.1590/S0080-62342013000200003.

3. Cortes, L F et al. Cuidar Mulheres em Situação de Violência:. Empoderamento da enfermagem em busca de equidade de género Rev. Gaúcha Enferm. , Porto Alegre, v. 36, n. spe, p. 77-84, 2015. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rgenf/v36nspe/0102-6933-rgenf-36-spe-0077.pdf.

4.Oliveira R N G, Fonseca R M G S. Necessidades em saúde: a interface entre o discurso de profissionais de saúde e mulheres vitimizadas. Rev Latino-Am Enfermagem. 2015;23(2):299-306. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/rlae/article/view/100071/98744.

5. Boff, Leonardo. Saber cuidar: ética do humano – compaixão pela terra. 20 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.




Area

Promoção da saúde

Autores

Joanara Rozane Fontoura Winters, Michelle Michelle Kuntz Du Kuntz Durand, Ivonete Teresinha Schülter Bus Heidemann, Cláudia Cossentino Bruck Marçal, Pamela Camila Fernandes Rumor, Camilla Costa Cypriano