Datos del trabajo


Título

REFLEXOES DA ENFERMAGEM SOBRE A SEGURANÇA DO PACIENTE NEONATAL NO USO DE DROGAS VASOATIVAS

Introdução

A administração de medicamentos em neonatologia é uma situação complexa e de alto risco. A terapia medicamentosa é planejada com base no peso da criança, idade gestacional, desenvolvimento e maturação dos órgãos e da apresentação comercial do medicamento. Quando se trata de medicamentos, existe uma classe denominada como medicamentos potencialmente perigosos, que, como o nome sugere, merecem cuidado redobrado. São medicamentos que quando usados de maneira errônea podem causar danos irreversíveis e até mesmo a morte(1). Figuram entre esses fármacos as drogas vasoativas. Muito usadas em Unidades de Terapia Intensiva essas drogas fazem parte do cotidiano de cuidado de pacientes graves, entre eles os Recém-Nascidos internados em unidade neonatal. Neste cenário de cuidado, a segurança no uso dessas drogas torna-se ainda mais relevante, já que em neonatos o limite entre doses terapêuticas e tóxicas é mínimo e os erros podem causar consequências desastrosas(2). Entende-se que o processo de uso de medicamentos é complexo e dinâmico, compreende diversas etapas, em múltiplos locais e envolve profissionais diferentes, com competências diversas(3). No entanto, destaca-se neste processo o profissional de enfermagem, agente do cuidado em última instância, que é quem participa ativamente do processo de medicação e que pode ser agente efetivo da aplicação das barreiras de segurança(4). O objetivo da segurança na prática clínica é exatamente beneficiar o paciente e evitar qualquer lesão decorrente dos cuidados(5).

Objetivos

Identificar, junto à equipe de enfermagem, quais os cuidados considerados importantes para preparo e administração de drogas vasoativas em unidade de terapia intensiva neonatal.

Método

Pesquisa descritiva e exploratória, desenvolvida na unidade neonatal de um Hospital Universitário do sul do Brasil. Os dados foram coletados em duas etapas. Na primeira etapa, quantitativa, realizou-se observação não participante dos profissionais de enfermagem durante o preparo e administração das drogas vasoativas. Foram 77 observações, conforme amostra estatisticamente significativa para o cenário de estudo, que ocorreram entre março e agosto de 2017. Os dados dessa etapa foram analisados através de estatística simples, com cálculo de frequência absoluta, relativa e média. Estes dados foram utilizados na segunda etapa da pesquisa (qualitativa), com o intuito de refletir com os profissionais da equipe de enfermagem sobre os cuidados no preparo e administração de drogas vasoativas. Foram realizadas seis rodas de conversa com 22 profissionais, no mês de setembro de 2017. Os dados foram organizados e analisados buscando identificar os temas emergentes das reflexões com a equipe de enfermagem. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas do Hospital Infantil Joana de Gusmão sob o Parecer nº 1.446.734 e CAAE nº51615715.0.1001.5361.

Resultados

Os resultados apontam como potencialidades o alto grau de formação dos profissionais, o tempo de atuação em unidade neonatal, bem como a individualização dos cuidados. Entre as fragilidades figuram a recorrência de interrupções dos profissionais durante o procedimento, não cumprimento de normas de higiene e ausência de dupla checagem. As rodas de conversa possibilitaram reflexões que apontaram estratégias para melhoria da segurança do paciente, sendo eles: 1) certos da medicação “...acho que a gente deveria ter um rótulo melhor para gente, específico” (E1); 2) técnica asséptica “Depende da condição da bancada [...] inclusive eu acho aquela bancada ali péssima, porque a cor da bancada tu nunca consegue ver se tá limpa ou tá suja, na verdade deveria sempre limpar mas ela confunde assim, as vezes tá suja e a gente não vê se tá suja[...] tinha que ser uma bancada clara”(TE9); 3) evitar desconexões “Então vai ter que ter uma norma, para gente fazer essa troca no dia certo”(TE13); 4) não interromper o procedimento “Tem que bolar alguma coisa, um biombo, uma placa, que diga “estou preparando medicação”(E2); 5) dupla checagem “Eu acho que é importante, principalmente quando tu já tá há mais tempo, porque tu já tem uma autoconfiança, estou acostumada a fazer assim, é assim que eu faço e pronto, eu acho que a autoconfiança acaba fazendo a gente errar” (TE19) e 6) comunicação segura “Identificar a bomba eu gosto de fazer porque aquilo facilita um monte”(TE1). Os resultados mostram a magnitude de itens relacionados à segurança do paciente neonato, trazendo uma importante sumarização dos cuidados.

Considerações Finais

Este estudo pode contribuir para o (re)pensar em enfermagem, possibilitando a organização do processo de trabalho relativo ao preparo e à administração de medicamentos potencialmente perigosos. Acredita-se que esta pesquisa traz luz a um assunto ainda pouco abordado nas unidades neonatais brasileiras, promovendo a redução dos riscos à saúde e trazendo contribuição importante para a segurança do paciente neonato, e também para a qualidade do cuidado de enfermagem.

Referências:
1. ISMP. Instituto para Práticas Seguras no Uso de Medicamentos (ISMP-Brasil). Medicamentos Potencialmente Perigosos de uso hospitalar e ambulatorial: Listas atualizadas 2015. Belo Horizonte, 2015. 10 p. Disponível em: <http://www.ismp-brasil.org/site/wp-content/uploads/2015/12/V4N3.pdf>. Acesso em: 12 ago. 2016.
2. RAJU, T. N. K.; SURESH, G.; HIGGINS, R. D. Patient Safety in the Context of Neonatal Intensive Care: Research and Educational Opportunities. Pediatr. Res., Bornova, 2011, 70(1): 109 – 115.
3. VINCENT, Charles. Segurança do paciente: orientações para evitar eventos adversos. São Caetano do Sul, SP: Yendis Editora, 2009. 324p.
4. DA SILVA GD et al. Erros de medicação em Unidades de Terapia Intensiva Neonatal. Enferm. glob. [internet] 2014, [acesso em 01 mai 2016]; 13(33): 370-384. Disponível em <http://scielo.isciii.es/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1695-61412014000100019&lng=pt&nrm=iso>.
5. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Assistência segura: uma reflexão teórica aplicada à prática. Brasília, 2013.

Palavras Chave

Segurança do Paciente. Erros de medicação. Pacotes de Assistência ao Paciente. Enfermagem Neonatal

Area

Saúde da Criança

Autores

Gabriela Pires Ribeiro , Roberta Costa, Simone Vidal Santos , Patrícia Kuerten Rocha, Juliana Balbinot Reis Girondi, Scheila Monteiro Evaristo