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Título

PESQUISA INTEGRADA A PRATICA COMO FERRAMENTA DE DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL NO AMBITO DO ENSINO E DOS SERVIÇOS DE SAUDE

Introdução

Na área da saúde, os debates atuais sobre o papel dos profissionais como protagonistas na construção da realidade, tanto em nível organizacional, quanto social e político, têm salientado a necessidade de esses desenvolverem maior capacidade para problematizar e analisar fenômenos e processos, com vistas a tomar decisões eficazes e melhorar suas práticas clínicas, gerenciais e comunicativas. Esses debates colocam em pauta questões como segurança do paciente, satisfação do usuário, resolutividade do serviço e condições de trabalho, entre outras. Além disso, destacam o papel das instituições de ensino superior na produção de conhecimentos com maior potencial de aplicabilidade, de forma a contribuir efetivamente com melhorias relativas as estruturas, processos e resultados das organizações sociais e da saúde. Com base nesses debates e compreendendo as contribuições que uma maior aproximação entre espaços do ensino e do serviço pode trazer na produção de conhecimentos significativos, propõe-se uma metodologia de pesquisa integrada à prática, fundamentada nos princípios do construtivismo e da dialogicidade. O construtivismo destaca o reconhecimento dos saberes prévios, a interação comunicativa entre sujeitos e a resolução de problemas como base da aprendizagem significativa; a dialogicidade implica relações horizontais e colaborativas na produção de novos saberes, salientando o caráter complementar das diferentes explicações e perspectivas de leitura da realidade.

Objetivos

Apresentar a metodologia da pesquisa integrada à prática, descrevendo suas características e as etapas que a constituem.

Desenvolvimento

A pesquisa integrada à prática consiste em estudos empíricos realizados por profissionais vinculados ao serviço, com a finalidade de responder a perguntas relevantes emergentes no âmbito da sua própria prática; aplica-se, ainda, por estudantes em processo de formação, que buscam compreender a realidade dos serviços e contribuir na formulação de soluções diante de problemas concretos no âmbito da prática profissional. A pesquisa ocorre por meio da interação entre o praticante pesquisador e o ambiente de trabalho, tendo como principal objetivo melhorar a própria prática. A pesquisa integrada à prática se contrapõe as práticas geradas como reações espontâneas diante das demandas cotidianas, à medida que requer um processo de reflexão sistemática, envolvendo dados concretos evidenciados na realidade, necessário para fundamentar a tomada de decisão. A primeira etapa se refere à problematização, quando a definição do problema é processada por meio de exercícios de aproximação com a realidade, buscando-se compreender tanto perguntas quanto interesses dos diferentes atores envolvidos. A segunda etapa prevê a delimitação do recorte do estudo, à medida que estabelece a pergunta central e questões associadas por meio de técnicas reflexivas e dialógicas, que envolvem não apenas os atores da prática, mas também leituras sistematizadas de documentos e publicações. A terceira etapa corresponde ao planejamento, no qual são definidas técnicas de coleta de dados, os participantes e outros procedimentos necessários à busca de informações. A quarta etapa se refere ao desenvolvimento do estudo, que inclui a construção e aplicação dos instrumentos relativos as técnicas selecionadas para coleta de dados, bem como o aprofundamento nas leituras. Na quinta etapa, procede-se a análise e conclusões, envolvendo a produção dos resultados e sua validação junto aos atores envolvidos. É possível que os resultados produzidos incluam a identificação do interesse e da viabilidade de se construir um projeto de intervenção que resulte em uma mudança no âmbito da prática pesquisada. Nesse caso, constitui-se uma sexta etapa de pesquisa, relativa a criação/inovação. Essa etapa requer nova busca de informações para aprofundar a análise do problema e definir os parâmetros que deverão orientar a construção do projeto de intervenção, à medida que sustentam a definição de soluções factíveis e viáveis. Num segundo momento dessa etapa, procede-se a implementação do projeto, em forma de testes piloto, e, caso necessário, sua readequação, até que os procedimentos de análise evidenciem sua consistência e aprovação pelos envolvidos. A sétima e última etapa consiste no relato e na divulgação do processo, com destaque aos resultados e conclusões. Esses devem garantir uma linguagem clara e adequada aos diferentes públicos a que se destinam. No caso de a pesquisa ter gerado uma inovação, recomenda-se incluir no relatório uma estratégia de implementação, prevendo recursos e indicadores para acompanhamento e avaliação. Como características que definem a singularidade dessa metodologia, podem ser citadas: a pesquisa se baseia no trabalho cotidiano concretizado em um determinado tempo e lugar; a pesquisa é realizada, predominantemente, por profissionais, os quais envolvem as partes interessadas nas atividades de pesquisa; o pesquisador utiliza fundamentos da teoria e da prática; a reflexão precede a ação: a pesquisa sempre inicia com uma análise do problema no âmbito da prática; utilizam-se técnicas mistas na produção de dados, incluindo narrativas, técnicas visuais e dramatização; a pesquisa produz conhecimentos e teorias localmente significativos; a pesquisa pode ter foco na produção de conhecimento ou de mudanças no âmbito da prática; a pesquisa promove reflexão e aprendizagem pessoal e coletiva; a pesquisa adota critérios de validade específicos, como: validade do resultado (ter produzido mudanças favoráveis), do processo (envolvimento e fortalecimento dos participantes), validade democrática (nível de adesão e participação dos interessados), validade de acesso e transparência (o rigor da pesquisa é evidenciado e o processo é facilmente constatado), de adequação (grau de aplicabilidade no cotidiano profissional) e, validade dialógica (capacidade de o pesquisador estabelecer diálogo efetivo com os envolvidos).

Considerações Finais

O desenvolvimento profissional na área da saúde requer conhecimento produzido na prática, considerando-se diferentes saberes, interesses e valores na formulação de soluções mais adequadas à cada situação específica. Nessa direção, a pesquisa integrada à prática, como abordagem de pesquisa participativa, possibilita a constituição de pontes entre academia e serviço, entre a ciência e a prática profissional, favorecendo o desenvolvimento de estudos sobre e na realidade dos serviços. Ela se institui pelas e para as pessoas envolvidas, colocando suas perguntas como questões centrais de investigação. Isso confere à ciência relevância na resolução de problemas concretos, ao mesmo tempo que confere sentido ao engajamento pessoal dos envolvidos na pesquisa. No âmbito do ensino e dos serviços de saúde, a pesquisa integrada à prática constitui-se ferramenta com potencial de transformação de sujeitos, de práticas e de contextos, podendo contribuir efetivamente para melhorias na atuação profissional.

Palavras Chave

Pesquisa participativa; Pesquisa prática; Integração ensino-serviço; Desenvolvimento profissional.

Area

Políticas e processos de formação de profissionais e pesquisadores

Instituciones

Consultor autônomo - - Netherlands, Universidade Católica de Ciências Sociais Aplicadas de Berlin - - Germany, Universidade Comunitária da Região de Chapecó - Santa Catarina - Brasil, Universidade de Ciências Aplicadas - - Netherlands

Autores

Maria Elisabeth Kleba, Cyrilla van der Donk, Bas van Lanen, Michael T Wright