Datos del trabajo


Título

CONTRIBUIÇAO DAS PRATICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES AO CUIDADO DE SI DO PROFISSIONAL DA ATENÇAO BASICA

Introdução

As Práticas Integrativas e Complementares (PICs) buscam estimular os mecanismos naturais de prevenção de agravos e recuperação da saúde, através de tecnologias leves, como a escuta acolhedora, o vínculo terapêutico e a integração do ser humano com o meio ambiente e sociedade. Essas racionalidades médicas possuem uma visão integral do ser humano e suas práticas visam ao autocuidado (BRASIL, 2006). No Brasil, as PICs estão presentes em todos os níveis de atenção no SUS, mas é na Atenção Básica (AB) que elas encontram espaço para expandir suas ações de cuidado. Ao inseri-las na AB, a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PNPIC) contribui para a implementação do SUS, na medida em que favorece princípios fundamentais como “universalidade, acessibilidade, vínculo, continuidade do cuidado, integralidade da atenção, responsabilização, humanização, equidade e participação social” (BRASIL, 2011). Entendendo que o modelo de atenção à saúde influencia a prática do profissional, da mesma forma que o profissional é transformado a partir de sua prática e do processo de trabalho em que se insere, questiona-se: Qual a influência das PICs na prática do profissional da AB? Como os profissionais que atuam com PICs compreendem a qualidade de vida e o cuidado de si?

Objetivos

Investigar a formação dos profissionais e a oferta de PICs na AB; investigar a compreensão de qualidade de vida e cuidado de si, e as práticas de cuidado dos profissionais que atuam com PICs na AB.

Método

Estudo qualitativo, a partir do referencial teórico de Cuidado de Si de Michel Foucault (2006). Local: Supervisões Técnicas de Saúde Vila Mariana/Jabaquara e M Boi Mirim, e no Ambulatório Médico Terapêutico da Associação Comunitária Monte Azul na Cidade de São Paulo-SP. População: profissionais de saúde que atuam com PICs. Período de coleta foi entre março-agosto de 2017. Os dados foram coletados através de entrevistas semiestruturadas e submetidos à Análise de Conteúdo de Bardin (2011). Este estudo teve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, CAEE nº 62366716.0.0000.0086.

Resultados

Participaram do estudo 19 profissionais que estão distribuídos nas seguintes categorias profissionais: agente comunitário de saúde, auxiliar de enfermagem, enfermeiro, nutricionista, fonoaudiólogo, psicólogo, terapeuta ocupacional, educador físico, assistente social, dentista e médico. Esses profissionais atuam em equipes de Estratégia Saúde da Família (ESF), Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), Centros de Convivência e Cooperativa (CECCO’s) e no Ambulatório Médico Terapêutico da Associação Comunitária Monte Azul, totalizando 11 unidades de saúde. Entre os participantes, predominou o sexo feminino (89,47%), com idade média de 45 anos. Entre as formações em PICs dos participantes, as práticas corporais da Medicina Tradicional Chinesa são as que mais surgem, e entre elas, destacam-se Lian Gong e Tai Chi Pai Lin. Entre os 19 participantes, 15 fizeram a formação pela prefeitura de São Paulo e quatro deles atuam com mais de uma PIC. Das entrevistas, emergiram quatro categorias: Formação, Oferta de PICs, Qualidade de Vida e Cuidado de Si. Na categoria Formação, surgiram sete subcategorias: A formação acadêmica proporcionou uma abordagem integral; Curiosidade e busca por formações alternativas; Educação Continuada com PICs ofertadas nos serviços; Profissionais atuando com PICs sem uma formação; A formação oferecida pela Prefeitura não é suficiente; Experiências pessoais que motivaram a busca por PICs e A formação na faculdade não foi suficiente. A categoria Oferta de PICs apresentou sete subcategorias: Compreensão ampliada sobre a prática em PICs; Como ocorrem as práticas de PICs em grupo; Dificuldades na oferta de PICs; Potencialidades das PICs; A importância da vivência em PICs para a transformação da percepção da realidade; A oferta de cuidado integral além da PNPIC; PICs E UBS retroalimentando o cuidado integral na Atenção Básica. A categoria Qualidade de Vida apresentou duas subcategorias: Compreensão de qualidade de vida relacionada ao cuidado de si e Influência positiva das PICs na qualidade de vida. A categoria Cuidado de Si apresentou duas subcategorias: Compreensão do cuidado de si que integra o cuidado consigo mesmo e com os outros e A rotina de trabalho interfere negativamente no cuidar de si. Ao serem questionados quanto ao uso de alguma PIC para o cuidado de si, os participantes também mencionaram outras práticas que auxiliam no autocuidado, relacionadas à interiorização, ao movimento do corpo, ao sociabilizar-se, à arte e ao cultivo da espiritualidade.

Considerações Finais

As formações em PICs possibilitam aos profissionais uma atuação mais assertiva frente às diversas demandas e necessidades de saúde da população. Promovem ao trabalhador, uma melhor escuta e melhor acolhimento ao usuário, tornando o vínculo com a AB mais propício e, também, favorecem a disseminação das potencialidades que as PICs promovem à saúde. Além de atuar na saúde da comunidade, as PICs se tornam potentes ferramentas no desenvolvimento pessoal do profissional de saúde, influenciando positivamente a sua qualidade de vida e cuidado de si. Esses profissionais entendem que a qualidade de vida está relacionada com o cuidar de si, que envolve além das práticas de autocuidado, o cuidar do outro. Os processos de trabalho interferem negativamente no cuidado de si dos trabalhadores que, por vezes, negligenciam sua saúde para cuidar do outro. Cabe aos gestores promoverem ambientes de trabalho mais saudáveis e estimular práticas que visem não somente o desenvolvimento técnico do trabalhador, mas também seu desenvolvimento como humano.

Palavras Chave

Atenção Básica. Práticas Integrativas e Complementares. Qualidade de Vida. Saúde do Trabalhador.

Area

Qualidade de vida

Autores

Erika Cardozo Pereira, Mariana Cabral Schveitzer