Datos del trabajo


Título

A FENOMENOLOGIA HEIDEGGERIANA COMO REFERENCIAL TEORICO/METODOLOGICO NAS PESQUISAS EM ENFERMAGEM

Introdução

A enfermagem vem buscando a cada dia novas maneiras de ver e sentir o mundo que a cerca, uma vez que lida com questões existenciais dos seres humanos de que cuida. Neste sentido, a fenomenologia traz importantes contribuições para o pensar e o fazer em enfermagem, possibilitando a compreensão da realidade na qual se vive, mergulhando na subjetividade e na essência do ser e oferecendo novas possibilidades de cuidar a partir do outro (TERRA et al., 2006). Essa nova forma de abordagem nas pesquisas latino-americanas de enfermagem, ocorreu na década de 1980, quando houve um investimento na pesquisa qualitativa, em detrimento da abordagem quantitativa hegemônica. Esse acontecimento se deve a alguns fatores como: a contribuição dos programas de pós-graduação de mestrado e doutorado; o empoderamento das enfermeiras pesquisadoras; a consolidação de grupos de pesquisa; e o reconhecimento da enfermagem como ciência social (DUQUE-PÁRAMO; PADILHA; SANHUEZA-ALVARADO, 2013). Nesse sentido, houve a necessidade de uma mudança de paradigma na saúde e na enfermagem, pela importância de intervenções cada vez menos padronizadas, dando ênfase a um cuidado mais humanizado, justificando seu status científico e desenvolvendo o cuidado centrado no ser (RODRIGUES; PEREIRA; AMENDOEIRA, 2015). A Fenomenologia surgiu na Alemanha no final do século XX, desenvolvida por Husserl, fazendo posição ao conhecimento científico tradicional da época. É uma ciência que busca a compreensão do ser humano, não só a manifestação, mas o fenômeno que envolve o ser, com o objetivo de preencher a lacuna deixada pelo positivismo, que abordava somente questões da ciência relacionadas à lógica e à precisão, aquilo que é palpável, que pode ser comparado (CAPALBO, 2008). Heidegger, aluno de Husserl, afirma que a “fenomenologia diz, então, o fazer ver a partir dele mesmo o que se mostra tal como ele mesmo por si mesmo se mostra” (HEIDEGGER, 2012, p. 119). Essa é a definição da pesquisa que se denomina fenomenológica, tornar aparente aquilo que se oculta. Visando ampliar a compreensão do pensar e do fazer, enfermeiros pesquisadores procuram desenvolver estudos, principalmente dissertações e teses, segundo a abordagem fenomenológica (ALMEIDA et al.; 2009).

Objetivos

Este estudo teve como objetivo refletir sobre a fenomenologia heideggeriana como referencial teórico/metodológico nas pesquisas em enfermagem.

Desenvolvimento

Pesquisas com a utilização da fenomenologia como referencial teórico/filosófico de Martin Heidegger têm sido amplamente utilizadas em trabalhos na enfermagem. Destaca-se que para além da experiência humana, esta abordagem busca a interpretação e a compreensão. Nesse sentido, o enfoque da investigação fenomenológica é aquilo que a pessoa experimenta em relação a um fenômeno e como interpreta essa experiência. Heidegger acredita que as experiências vividas deem significado à percepção de cada pessoa sobre um fenômeno particular, sendo o objetivo da pesquisa fenomenológica, descrever a experiência vivida em sua totalidade, bem como as percepções que ela faz surgir (TERRA et al., 2006). Para Heidegger, é desvelar o ser que está oculto no ente. Ser é a maneira como algo se torna presente, manifesto, entendido, percebido, compreendido e, assim, torna-se conhecido para o ser humano (HEIDEGGER, 2001). Dessa maneira, a enfermagem pesquisadora poderá trazer importantes contribuições para a prática, desvelando um novo olhar para o cuidado, uma nova maneira de cuidar, o cuidado solícito, que se caracteriza pela maneira de relacionar-se com o outro, ter consideração e paciência com o ser do cuidado. Nesse cuidado estão as várias maneiras de compreender o comunicar-se do/com o outro, seja a linguagem falada, gestual, silenciosa, ou até mesmo aquilo que não se vê, pois a compreensão dos fenômenos é percebida não vista, sensorialmente com os olhos (HEIDEGGER, 2013). Essa abordagem tem elevado significativamente as produções dos enfermeiros pesquisadores, com o objetivo de dar voz ao homem e compreender os fenômenos por eles vividos, sendo aplicada em várias temáticas da área da saúde, com o objetivo de qualificar o cuidado. Nessa perspectiva, torna-se imprescindível que o cuidado seja assumido de forma autêntica, com intenção terapêutica, de zelo e ajuda, com preocupação, de forma profissional, científica e humana, objetivando alcançar a saúde e o bem-estar do ser cuidado, possibilitando-lhes liberdade e condições para vivenciar as próprias possibilidades de ser (DUARTE; ROCHA, 2011). Heidegger (2017) alerta para a época em que vivemos, época estranha, singular e inquietante em que a quantidade de informações aumentam desenfreadamente, com isso se amplia a cegueira e o ofuscamento diante dos fenômenos. Quanto mais desmedida a informação, menor a capacidade de compreender o quanto o pensar moderno torna-se cada vez mais cego e se transforma num calcular sem visão. A fenomenologia heideggeriana como referencial teórico/filosófico desmistifica essa visão, pois possibilita aos enfermeiros uma reflexão sobre sua prática, suas vivências, dando sentido ao seu fazer em saúde, desvelando seu próprio modo de ser e uma maneira autêntica de viver e cuidar.

Considerações Finais

Conclui-se que a fenomenologia como referencial teórico/metodológico tem sido utilizada em trabalhos realizados no campo da enfermagem, o que reflete a preocupação em compreender os fenômenos vividos no seu cotidiano. Assim, tem apresentado subsídios expressivos para a práxis da profissão e, especialmente, para a edificação do conhecimento, com ênfase em novas maneiras de fazer pensar/saber fazer em enfermagem com ênfase no cuidado autêntico, o cuidado para a autonomia.

Palavras Chave

Fenomenologia; Pesquisa em Enfermagem; Cuidado.

Area

Ética, Bioética e Filosofia em Saúde

Autores

Vera Lucia Freitag, Viviane Marten Milbrath, Ruth Irmgard Bärtschi Gabatz, Indiara Sartori Dalmolin