Datos del trabajo


Título

A INVESTIGAÇAO DOS AFETOS E VINCULOS NA FERRAMENTA DA TERAPIA COMUNITARIA INTEGRATIVA: UMA PROPOSTA DE COMPROMISSO SOCIAL.

Introdução

A Terapia Comunitária Integrativa (TCI) teve origem em Fortaleza/CE e tornou-se uma prática preventiva de saúde mental implantada na Atenção Básica por meio da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) do Sistema Único de Saúde (SUS).
Seu idealizador é Adalberto Barreto, médico psiquiatra e teólogo, que propõe na TCI suscitar as potencialidades dos indivíduos, sendo eles os profissionais de saúde, as famílias e a comunidade para encontrar soluções de possíveis problemas.
Esse modo de fazer vai em direção a dupla tarefa de construção do SUS: que além de produzir saúde, também produz subjetividade (PASCHE, 2011). O trabalho vivo em ato (MEHRY, 2002) da relação usuário-trabalhador potencializa a produção da saúde, os contratos terapêuticos, a ampliação do sentido do trabalho e como consequência os sujeitos mais livres e autônomos nas duas relações, construindo redes de solidariedade partindo do pressuposto que o sofrimento humano - decorrente do macro contexto socioeconômico e social - fere a dignidade humana, atinge seus direitos como cidadão e gera extremos de patologia social e adoecimento. (BARRETO, 2010; p.33).
BARRETO (2010) descreve a Terapia Comunitária:
(...)um espaço de promoção de encontros interpessoais e intercomunitários, objetivando a valorização das histórias de vida dos participantes, o resgate da identidade, a restauração da auto-estima e da confiança em si, a ampliação da percepção dos problemas e possibilidades de resolução a partir das competências locais. Tem como base de sustentação o estimulo para construção de vínculos solidários e promoção da vida” (Barreto, 2010; p.33)
A TCI é, portanto, um espaço comunitário onde se procura partilhar experiências de vida e sabedorias de forma horizontal e circular. Cada um se torna terapeuta de si mesmo e corresponsáveis na busca de soluções dos desafios, em um ambiente acolhedor. Também se propõe a ser um instrumento de aquecimento e fortalecimento das relações humanas, sendo desse modo, uma terapia para prevenção.
E nesse sentido prevenir é estimular o grupo a usar sua criatividade e a construir o seu presente e seu futuro a partir dos seus próprios recursos. Uma vez que o indivíduo se sente excluído e marginalizado, assim que integrado a sua cultura e a sua comunidade, ele passa a ter consciência de seus direitos e deveres individuais e sociais, permitindo uma existência cidadã, digna e plena.

Objetivos

Essa proposta de trabalho faz parte de uma pesquisa maior de Pós-Graduação (Mestrado) que está em andamento e pretende refletir sobre a prática da Terapia Comunitária Integrativa em uma localidade da Baixada Santista/SP, trazendo contribuições para o fortalecimento de ações das Estretégias de Saúde da Família (ESF), tentando superar os dilemas enfrentados nas rotinas dos equipamentos de saúde da Atenção Básica. Também busca, especificamente, o compreender o estabelecimento de vínculos e qualidade desses através do afeto e ação de cuidado em Saúde Mental.

Método

Minayo (1994) diz que “...a pesquisa qualitativa é uma forma capaz de incorporar significados e intenções que consideram o contexto no qual está inserido”, precisando buscar métodos para se aproximar da realidade que pretende estudar. Dessa forma, será usada a Epistemologia Qualitativa de Fernando Gonzalez-Rey (2005).
Neste período, foi utilizada a observação-participante (MINAYO, 2010) como instrumento primordial de coleta de dados, através da inserção nas atividades cotidianas do local de pesquisa, reconhecendo seu território e a dinâmica do PSF Suarão, um bairro do município de Itanhaém, que fica na Baixada Santista/SP e tem cerca de 100 mil habitantes (IBGE 2010).
As atividades foram registradas em diários de campo (MINAYO, 2010), instrumento que, através de uma descrição do investigador sobre os acontecimentos e suas impressões, promove uma análise da narrativa que busca considerar as experiências individuais e organiza-las dentro de uma narração cronológica. Será necessária como função do pesquisador, fazer-se importante e acessível aos pesquisados, sendo aceitável como pessoa e não simplesmente aceitável como cientista, como diz AGROSINO (2009).
Além disso, serão realizadas Entrevistas em Profundidade onde se exploram nuances, sondam significados novos, abrindo novas rotas de novas investigações, sem perder o teor ético-político daquilo que já é previsto.
As análises serão realizadas através dos referências da Pesquisa Construtivo-Interpretativa de Gonzalez-Rey (2005) e da Hermenêutica de Profundidade de Thompson.

Resultados

Em razão de ser uma pesquisa em andamento, os resultados já observados são de um estreitamento de vínculos da comunidade em relação aos profissionais de saúde.
O reconhecimento do território e do processo de trabalho do PSF também facilitou a inserção da pesquisa com todos os participantes da Terapia e além dela. Formaram-se vínculos institucionais e uma aproximação importante aos participantes da Terapia quanto aos trabalhadores do PSF.
Também é possível observar e compreender a dinâmica do PSF e a partir da ferramenta da Terapia Comunitária como a Saúde Mental é expressa no processo de trabalho. É notada uma adesão grande da comunidade, que se mostra fortalecida, compondo novos lugares de saúde, além do espaço proposto pela instituição. Participantes da Terapia formaram grupos fora da instituição, estreitando laços, se ajudando mutuamente, formando novos vínculos sociais fraternos e de solidariedade.
Outro dado importante é a presença da cultura local caiçara, por meio de músicas, poemas e a valorização de todos os vínculos feitos e mantidos através da religião e fé dos componentes do grupo da Terapia Comunitária.

Considerações Finais

A Pesquisa Qualitativa em Saúde precisa ser ampliada para continuar apontando que os vínculos afetivos, o envolvimento ético-político dos profissionais e da comunidade estreitem laços e produzam saúde e subjetividade, transformando a realidade local e individual dos cidadãos a partir do compromisso social que a prática da Terapia Comunitária Integrativa pode gerar: recuperando as questões culturais, formando novos grupos sociais e favorecendo boas práticas do SUS.

Palavras Chave

Saúde Mental; Terapia Comunitária Integrativa; Atenção Básica;

Area

Saúde Mental

Autores

Mayara Vianna, Carlos Roberto de Castro e Silva