Datos del trabajo


Título

TENDO QUE SE SUBMETER AO PREVENTIVO REGULARMENTE: PROPONDO UM MODELO EXPLICATIVO DE INTERAÇAO SOCIAL DA MULHER COM O PAPANICOLAU

Introdução

O câncer do colo do útero é considerado um problema de saúde pública, atingindo principalmente mulheres com maior vulnerabilidade social. Amplas estratégias preventivas vêm sendo utilizadas para controle. Atualmente, a estratégia mais eficaz no controle do câncer de colo de útero é o rastreamento pelo exame Papanicolau. Todavia, para que haja efetividade nesta prevenção e redução da incidência de morbimortalidade por câncer do colo do útero, faz-se necessária a adesão regular de uma alta proporção das mulheres ao exame. Desta forma, acredita-se que a percepção que a mulher tem acerca deste tipo de exame e o processo de interação social dela com o exame influenciam na sua realização. Fatores culturais, sociais, crenças, valores e experiências anteriores parecem ter grande impacto na adesão da mulher a este exame. Assim, isto ocorre em um contexto complexo, pois envolve a implementação de políticas públicas e significados, atitudes e percepções das mulheres para com elas mesmas e com o mundo à sua volta no que tange ao cuidado à saúde.

Objetivos

identificar os significados do exame Papanicolau para mulheres e analisar o processo de interação social dessas mulheres com o exame, no contexto do câncer do colo do útero, a partir dos significados por elas atribuídos.

Método

Trata-se de pesquisa descritiva com abordagem qualitativa. Para que os objetivos deste estudo fossem alcançados considerou-se como melhor escolha metodológica para nortear a coleta e análise dos dados a Grounded Theory. A coleta dos dados se deu no município do Rio de Janeiro entre os meses de janeiro a setembro de 2017 por meio de entrevistas semiestruturadas gravadas. Foram utilizados como cenário do estudo espaços públicos de grande circulação de pessoas como praias, praças públicas e ruas, desta cidade. De acordo com o referencial metodológico, é possível mudar de cenário, se necessário. No entanto, na presente pesquisa não foi necessário, tendo em vista a grande diversidade de mulheres encontradas no cenário proposto. Outro ponto a ser considerado é que as entrevistas não foram realizadas em unidades de saúde e, com isso, as respostas dadas pelas participantes não sofreram nenhum tipo de interferência relacionada com a apreensão do atendimento no serviço. As participantes do estudo foram 10 mulheres, que estavam circulando por esses lugares, e as idades variaram entre 25 e 64 anos, que já tinham iniciado a vida sexual. Estas formaram 2 grupos amostrais para atingir a saturação teórica dos dados. Foram respeitadas todas as exigências do Conselho Nacional de Saúde e o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisa (1.660.721). A análise dos dados ocorreu concomitantemente à coleta destes e se desenvolveu durante todo o decorrer do estudo. Este processo seguiu os pressupostos teóricos do Interacionismo Simbólico.

Resultados

Emergiu dos dados o seguinte modelo explicativo do processo de interação social: A mulher, durante a sua vida, sofre ação de diversos fatores individuais em conjunto, tais como perspectivas, referências de grupos, memórias do passado, além dos objetos, self, mente e símbolos. Desse modo, no decorrer deste processo, é construído um conteúdo a partir de experiências passadas e orientações de profissionais de saúde sobre o exame Papanicolau, o que a faz considerar o exame como prevenção. Para as mulheres, esse exame é uma forma de prevenir doenças em geral com a ideia de receio de um agravo. A mulher, ao entrar na situação e defini-la para si, reconhecendo os objetos sociais, reproduz o discurso de que o exame é importante, seguindo a perspectiva de prevenção de complicações e agravamento. Assim, sustentam a importância da prevenção na perspectiva do diagnóstico para tratamento por convencimento. Todavia, as mulheres vivenciam barreiras para a realização do exame, tais como: vergonha e desconforto, falta de acesso, falta de sintomas e o impeditivo do trabalho. A partir disso, a mulher determina sua linha de ação, “tendo que se submeter ao exame Papanicolau regularmente apesar de todas as dificuldades”. Diante disso, a mulher interpreta suas ações à luz da ação do outro e também interpreta a ação do outro. E, assim, ela revê perspectivas, define a situação e a linha de ação. Assim, emergiu dos dados a categoria central: “tendo que se submeter ao exame Papanicolau regularmente”, em que fica evidenciado que, apesar de todas as dificuldades, a mulher realiza o exame de Papanicolau para prevenção.

Considerações Finais

Desta forma, conclui-se que, mesmo que não seja de forma regular como preconizado pelos protocolos, a mulher se submete ao exame Papanicolau para prevenção de doenças. Ficou evidente, pelos dados, que é necessário promover atividades que vão além de orientações e informações sobre o câncer do colo do útero e a importância deste exame. É importante criar estratégias de promoção da saúde para estimular a autonomia das mulheres e o empoderamento do próprio corpo, para, assim, propiciar maior cobertura do exame através da adesão regular das mulheres.

Palavras Chave

Teste de papanicolau; saúde da mulher; enfermagem

Area

Saúde da Mulher

Instituciones

Universidade de São Paulo - São Paulo - Brasil

Autores

Carla Marins Silva, Daniela Soares de Oliveira, Octavio Muniz da Costa Vargens