Datos del trabajo


Título

Escolhendo descuidar da própria vida apesar de ter consciência da exposição ao HIV/AIDS

Introdução

Embora sejam feitos esforços para conter o crescimento da epidemia de aids e a morte pela doença, e também já se identifique queda de novos números de casos, inclusive em declínio entre mulheres é notório que o número de casos ainda se faz relevante e apresenta um grande desafio de saúde para o mundo. A epidemia de aids se apresenta de maneira dinâmica e multifatorial, e sua prevalência se dá além das questões biológicas ou características virais. A exposição de mulheres ao HIV inclui questões de comportamento sexual, condições de vida, gênero, idade entre outros. Dessa forma, para que haja reflexão sobre a exposição ao HIV/AIDS, é fundamental entender a saúde com uma visão mais ampla. Assim, é importante pensar em estratégias que impulsionem novas formas de viver saudável. Para que isso aconteça, deve-se levar em conta o contexto do indivíduo e os significados que cada um atribui ao “viver saudável”. A estratégia da promoção da saúde visa à busca pela melhoria da qualidade de vida da população. E tem como objetivo a produção da gestão compartilhada entre usuários, movimentos sociais, trabalhadores do setor sanitário, dentre outros setores, a fim de produzir autonomia e corresponsabilidade. Dessa forma, a promoção de saúde, naturalmente, levará à resolutividade de atividades de controle e prevenção de HIV/AIDS.

Objetivos

Identificar os significados atribuídos por mulheres à exposição ao HIV/AIDS, e analisar o processo de interação social dessas mulheres com a exposição ao HIV/AIDS, a partir dos significados por elas atribuídos.

Método

Trata-se de pesquisa descritiva com abordagem qualitativa. Para que os objetivos deste estudo fossem alcançados considerou-se como melhor escolha metodológica para nortear a coleta e análise dos dados a Grounded Theory. A coleta dos dados se deu no município do Rio de Janeiro entre os meses de janeiro a setembro de 2017 por meio de entrevistas semiestruturadas gravadas. Foram utilizados como cenário do estudo espaços públicos de grande circulação de pessoas como praias, praças públicas e ruas, desta cidade. Tal escolha buscou a diversidade e rotatividade de pessoas. Os participantes do estudo foram 13 mulheres, que estavam circulando por esses lugares, e as idades variaram entre 22 e 64 anos, que formaram quatro grupos amostrais para atingir a saturação teórica dos dados. Foram respeitadas todas as exigências do Conselho Nacional de Saúde e o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisa (1.747.076). A análise dos dados ocorreu concomitantemente à coleta destes e se desenvolveu durante todo o decorrer do estudo. Este processo seguiu os pressupostos teóricos do Interacionismo Simbólico.

Resultados

Emergiram dos dados o seguinte modelo explicativo: através do ensino formal, mídias, estudos científicos, orientações profissionais ou de pessoas próximas e memórias do passado, as mulheres atribuem significados à exposição ao HIV/AIDS. Esta exposição significa não se proteger e não ser protegida pelo outro no sentido de desleixo, irresponsabilidade e imprudência. Entrando na situação e definindo a situação para si, as mulheres sabem o que deve ser feito para não se expor. Consideram fundamental o uso do preservativo, o uso de equipamentos de proteção individual no exercício laboral e adoção de comportamentos não desviantes. Assim, a mulher determina sua linha de ação e age abertamente não usando preservativo e reconhecendo sua exposição ao HIV/AIDS, considerando os outros mais expostos. Através da análise das categorias descritas anteriormente, identificou-se como categoria central: “Escolhendo descuidar da própria vida apesar de ter consciência da exposição ao HIV/AIDS”. Os dados analisados neste estudo nos permitiram inferir que, independente de a mulher ter conhecimento sobre os modos de contaminação e de exposição ao HIV/AIDS, do seu nível de escolaridade, da sua idade, tipo de relacionamento, e atividade exercida, ela decide não se proteger.

Considerações Finais

Conclui-se que existe uma lacuna entre o que ela sabe e o que ela faz, ou seja, ela sabe que é necessário se proteger da exposição ao vírus, mas decide descuidar da própria saúde em favor do parceiro. Para isso, busca amenizar essa exposição através de medidas minimizadoras não eficazes que são influenciadas pelo contexto ideológico. Além disso, independente da consciência de risco, a mulher demonstra uma consciência crítica para os outros sobre a exposição ao HIV/AIDS, mas não mostra sensibilização para si. E, muitas vezes, quando toma essa proteção para ela, é quando está menos exposta. Exemplo disso é o risco ocupacional, uma vez que no ambiente do trabalho todos sabem que quem está ali tem um potencial para transmitir a infecção. Mas, na vida pessoal, não existe proteção e ela se entrega à decisão do parceiro. Isto ocorre pois ela acredita que o amor, a fidelidade, o compromisso, a monogamia e o divino amenizam sua exposição, fato que se evidencia como alienação de si, para consigo mesmo. Isto se traduz no contexto do fenômeno. Como consequência, ela decide se descuidar. A ideologia pode ser algo que, de certa forma, bloqueia os sentidos para a consciência crítica na tomada de decisão e de autonomia das pessoas. Dessa maneira, os profissionais de saúde podem ser implicados neste contexto, atuando junto à mulher como agentes no processo de ressignificação que esta precisa realizar sobre os cenários social, político, cultural, ético, estético e antropológico nos quais está inserida. Nesse aspecto, estes profissionais devem buscar apreender a percepção dessas mulheres, a fim de contribuir para a mudança de sua linha de ação numa perspectiva de promoção da saúde. Dessa forma, deve haver estímulo para autonomia e empoderamento das mulheres, com intuito de auxiliar no processo de mudanças e fornecer subsídios para o processo decisório quanto aos seus envolvimentos sexuais e à sua saúde.

Palavras Chave

Vulnerabilidade. HIV. Aids. Enfermagem.

Area

Saúde da Mulher

Autores

VANESSA SILVA DE OLIVEIRA, Ricardo Vasconcellos Teixeira, OCTAVIO MUNIZ DA COSTA VARGENS, CARLA MARINS SILVA