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Título

A RESILIÊNCIA FAMILIAR FRENTE AO ADOECIMENTO RENAL CRÔNICO

Introdução

Trata-se de um texto de reflexão que aborda a resiliência frente a situações de risco, especialmente em situações relacionadas ao processo de adoecimento crônico. Dentre as doenças crônicas, aborda a doença renal, que é progressiva, grave, incapacitante e provoca diversos impactos no modo de vida dos doentes e familiares, devido à perda irreversível da função renal que, se não tratada, fatalmente levará a pessoa à morte. O tratamento hemodialítico é doloroso, invasivo e pode gerar complicações, mas, apesar disto, garante a sobrevivência da pessoa adoecida. Neste contexto, diante de situações difíceis geradas pela doença e tratamento, algumas pessoas constroem caminhos positivos, superam, adaptam-se e fortalecem-se, enquanto outras acabam se estagnando frente aos obstáculos, fazendo com que suas vidas sejam resumidas ao trauma vivenciado. O que diferencia os modos de enfrentamento das pessoas diante dos problemas é a resiliência, que se caracteriza pela capacidade de um determinado sujeito ou grupo vivenciar uma situação adversa, conseguir superá-la e dela sair fortalecido.

Objetivos

Discutir sobre resiliência, enfrentamento do adoecimento renal crônico e do tratamento de hemodiálise pela pessoa adoecida e familiares, e possíveis contribuições da equipe interdisciplinar de saúde para auxiliar no processo de superação.

Desenvolvimento

Resiliência.
A resiliência é considerada sob diversos enfoques: característica da personalidade que modera os efeitos negativos do estresse e promove adaptação; processo no qual a família se reorganiza após um período de crises, o que dá ao sistema familiar a importância enquanto um enfoque sistêmico e relacional; capacidade e habilidade ou características pessoais; ou ainda como dependente das condições e contextos ambientais. A resiliência, como fenômeno de superação, resulta da interação entre fatores de risco e fatores de proteção, sendo resultante da combinação de fatores individuais, com fatores de suporte externo. Nesta perspectiva, resiliência voltada para o desenvolvimento humano em situações de risco tem sido objeto de diversos estudos, que buscam identificar os fatores de risco e de proteção que contribuem para a adaptação e desenvolvimento saudável dos indivíduos, frente às adversidades. O desenvolvimento humano tem como o principal locus a família, onde a criança interage com pais, irmãos e demais membros, influenciando e sendo influenciada, fundamentando sua identidade pessoal. O nível de desenvolvimento humano dos familiares influenciará na capacidade dos mesmos se adaptarem e remodelarem seus espaços e contextos a fim de darem conta das mudanças impostas pela doença renal crônica e pelo tratamento dialítico.
A família no enfrentamento do adoecimento renal crônico.
A capacidade de adaptação frente às diversas situações da vida, faz parte do ser humano, contudo, a necessidade de cuidar de um familiar com doença renal crônica, que é uma doença debilidade e incapacitante, que restringe alimentos e líquidos, que necessita de deslocamento frequente para o tratamento e ainda, que cria a dependência de conectar-se a uma máquina para sobreviver, pode repercutir no nível de resiliência tanto da pessoa adoecida quanto da família. Ao discutir-se a resiliência familiar frente ao adoecimento renal crônico, discutiremos três fatores: contexto onde é desenvolvido o cuidado, as características do cuidador e as da pessoa receptora do cuidado. No contexto familiar, onde desenvolve-se o cuidado, destacam-se: grau de parentesco entre cuidadores e pessoa cuidada, apoio social existente, condição financeira da família, divisão das responsabilidades do cuidado, ajuda mútua entre membros familiares, conhecimento familiar acerca da doença e tratamento, suporte recebido dos profissionais de saúde, políticas públicas específicas, dentre outros. Quanto ao cuidador ou cuidadores familiares, têm-se: idade, grau de conhecimento sobre a doença e tratamento, sexo (feminino mais associado ao cuidado), boas condições de saúde, vínculo com a pessoa adoecida e disponibilidade de tempo. No que se refere às características da pessoa adoecida, podem ser destacados: vínculo da pessoa adoecida com a família, hábitos de vida vivenciados previamente, modos de cuidar de si, nível do estado físico e emocional, e relações familiares estabelecidas entre ela e os familiares. Os fatores elencados acima podem corroborar de forma positiva, como fator de proteção, ou negativa, como fator de risco, para a resiliência familiar.
Equipe interdisciplinar: fator protetivo para a resiliência familiar.
A equipe interdisciplinar que promove cuidados às pessoas em tratamento hemodialítico e suas respectivas famílias, atuam como rede de cuidado e apoio, com possibilidade de fomentar a resiliência familiar. Os profissionais podem utilizar estratégias como: 1. Incentivo às conversas, narrativas e compartilhamento de sentimentos e dificuldades frente ao adoecimento e tratamento entre os familiares. 2. Compartilhamento de informações claras e confiáveis a respeito da doença e tratamento, riscos e benefícios, capacitando-os a decidirem livremente sobre alternativas de medicamentos, dieta, modalidade de tratamento, dentre outras. 3. Oferta de apoio através de grupos de pacientes e de famílias para compartilhamento de experiências, esclarecimento de dúvidas e estabelecimento de rede de apoio entre eles. 4. Apoio Psicológico fornecido pela unidade de diálise extensivo à família. 5. Auxílio no processo de reorganização de horários da família, sugerindo compartilhamento das atividades relacionadas à doença e ao tratamento. 6. Reconhecimento da capacidade das pessoas em construírem conhecimento a partir das vivências práticas. 7. Organização e distribuição dos horários de dialise para favorecerem à manutenção das atividades profissionais e sociais da pessoa adoecida e familiares. 8. Incentivo, elaboração e defesa de Políticas Públicas que deem suporte à pessoa em adoecimento renal crônico e aos familiares.

Considerações Finais

A resiliência denota uma dimensão criadora pois faz brotar reações positiva das pessoas e famílias frente aos desafios. Reações estas que sinalizam um processo de desenvolvimento humano e de busca da qualidade de vida e de saúde. A resiliência familiar no enfrentamento ao adoecimento renal crônico está relacionada a diversos fatores que podem atuar tanto como protetores, como de risco. O conhecimento acerca das dificuldades vivenciadas pela pessoa e, especialmente, pela família no adoecimento crônico e no tratamento de hemodiálise, bem como as potencialidades familiares e as estratégias elaboradas para superá-las, pode suscitar reflexões que conduzam ao planejamento e execução de um cuidado transdisciplinar abrangente, integral, ético, extensivo aos familiares da pessoa adoecida e, por conseguinte, à sociedade.

Palavras Chave

Resiliência, Família, Doença Renal Crônica, Hemodiálise.

Area

Doenças crônicas/condições crônicas

Autores

ALINE MOTA ALMEIDA, ELAINE PEDREIRA RABINOVICH