Datos del trabajo


Título

PESSOAS COM DIABETES: O CONHECIMENTO E AS ALTERAÇOES RELACIONADOS AO PE DIABETICO

Introdução

A prevalência dos casos de diabetes mellitus vem exigindo políticas públicas específicas. Uma das complicações do diabetes é o pé diabético, associado às anormalidades neurológicas e à doença vascular periférica nos membros inferiores, é um fenômeno decorrente da neuropatia que leva à perda da sensibilidade periférica tátil, térmica e dolorosa, podendo gerar lesões completas que, se não tratadas adequadamente, podem resultar em amputação do membro. Neste contexto, destaca-se a consulta de enfermagem e sua relevância na educação em saúde para o autocuidado. Aproximadamente 10 a 15% das pessoas com diabetes, acima de 70 anos, desenvolvem lesões em membros inferiores e destes, 14% a 24% evoluem para amputação. O pé diabético diminui a qualidade de vida e pode levar à invalidez. Destaca-se que a sobrevida do paciente diminui após a amputação, 65% em três anos e 41% após cinco anos. Acadêmicos de enfermagem de uma instituição de ensino superior do sul do Brasil observaram, durante a formação, o desconhecimento das pessoas com diabetes sobre a doença e sobre os cuidados com o pé diabético.

Objetivos

Identificar as alterações nos pés de pessoas com diabetes e o conhecimento sobre o pé diabético.

Método

Estudo descritivo com abordagem qualitativa, desenvolvido em um hospital de ensino do sul do Brasil, após aprovação ética da pesquisa, registrada sob o Certificado de Apresentação para Apreciação Ética 69305317.0.0000.0121. Foram incluídos no estudo pessoas com diagnóstico do diabetes tipo 1 ou 2, hospitalizadas em unidades de internação de clínica médica ou cirúrgica, entre julho e dezembro de 2017. A seleção dos participantes ocorreu por conveniência. A coleta de dados ocorreu por meio da consulta de enfermagem à beira do leito, que incluiu entrevista e exame físico com avaliação do pé diabético. Os relatos dos participantes e as observações dos pesquisadores (acadêmicos de enfermagem bolsista de projeto de extensão) foram registradas em instrumento próprio, após foram submetidos à análise temática proposta por Bardin. A exploração das informações coletadas, com a aplicação das operações de codificação e enumeração permitiu a classificação dos dados coletados, por diferenciação e seguidamente por reagrupamento segundo analogia, dando origem às categorias de dados. Neste estudo serão apresentados os achados da análise relacionados à entrevista e exame físico.

Resultados

Foram incluídas neste estudo 38 pessoas com diabetes mellitus, sendo 18 homens e 20 mulheres, com média de idade de 60 anos. A partir dos relatos dos participantes e da avaliação do enfermeiro emergiram quatro categorias temáticas, apresentadas a seguir. Categoria: Desconhecimento sobre pé diabético – agrupa informações que retratam que a maioria das pessoas com diabetes nunca ouviu falar sobre pé diabético e nunca havia realizado uma avaliação dos pés com um profissional de saúde. Depoimentos para exemplificar: “Já passei por várias consultas com diversos profissionais, mas não fui orientado sobre o que é o pé diabético” (PD1); esta é a primeira vez que alguém [falando da acadêmica de enfermagem] avalia com tantos detalhes o meu pé” (PD3). Categoria: Conhecimento informal e insuficiente para o autocuidado – agrupa informações que mostram que os participantes possuem conhecimentos para realização dos cuidados com os pés adquiridos por meio de conversas com pessoas próximas, programas de televisão e na rede internet. Depoimentos para exemplificar: “O pai de uma amiga minha é diabético e ela comentou comigo a importância dos cuidados com os pés” (PD 6); “Na televisão já assisti programa que comentou os cuidados necessários [...] mas tenho dúvidas de como cortar as unhas”(PD10). Categoria: Alterações nos pés na percepção dos pacientes – agrupa os relatos dos participantes sobre as alterações que os pacientes percebem em seus pés. Depoimentos para exemplificar: “Eu sinto uma queimação [...]” (PD2); “Às vezes, sinto algumas agulhadas nos dedos [...]” (PD5); “A noite sinto câimbras nas pernas e dormência nos pés [...]” (PD13); “Quando fico mais parado tenho formigamento no pé direito [...]” (PD20). Do exame físico dos pés emergiu a Categoria: Alterações nos pés identificadas na consulta de enfermagem –apresenta as alterações identificadas nos pés dos diabéticos: dedos em garra foram identificados em 24 participantes, dedos em sobreposição no pé direito foram identificados em 12 participantes, e dedos em sobreposição no pé esquerdo em nove participantes, mais da metade dos participantes apresentaram xerodermia em ambos os pés, 11 apresentaram palidez nos pés, sete pele avermelhada, três pele azulada ou arroxeada e cinco pele fria, 23 apresentaram rarefação de pelos, seis unhas quebradiças, sete com lesões esfoliativas entre os dedos, 17 com distrofias ungueais e dez com calosidades. Na avaliação neurológica, no item avaliação da sensibilidade, oito participantes apresentaram ausência de sensibilidade no pé esquerdo e 11 no pé direito. Sobre a sensibilidade vibratória com diapasão de 128 Hz, 35 participantes apresentaram sensibilidade preservada no pé esquerdo e 31 participantes no pé direito. A classificação de risco resultante da avaliação do pé diabético gerou os seguintes resultados: 28 foram classificados no grau zero (neuropatia ausente); sete no grau 1 (neuropatia presente com ou sem deformidades); dois no grau 2 (perda da sensibilidade protetora e doença arterial periférica), e um no grau 3 (história de úlcera e/ou amputação). Foi encontrada presença de lesão nos pés em quatro dos participantes.

Considerações Finais

Constatou-se que a grande maioria dos pacientes não possui pé diabético, entretanto, muitos deles apresentam fatores e sinais de risco para tal condição. A prevenção é considerada a primeira linha de defesa contra as úlceras diabéticas, assim, faz-se necessário identificar os riscos mediante exame periódicos dos pés e ampliar o conhecimento para o autocuidado, pois as falas retrataram déficit de conhecimento. Neste sentido, o papel do enfermeiro é fundamental, visto que possui como ferramenta a consulta de enfermagem, que possibilita uma avaliação completa e de qualidade, que se associa a implementação de orientações de cuidado com os pés para prevenção de lesões consequentes às complicações do diabetes. Para efetivação da prevenção das complicações do diabetes é essencial a educação em saúde, uma estratégia de cuidado que favorece a adesão ao tratamento e ao autocuidado.

Palavras Chave

Diabetes Mellitus; Educação em Saúde; Cuidados de Enfermagem

Area

Doenças crônicas/condições crônicas

Instituciones

Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC - Santa Catarina - Brasil

Autores

Amanda Espíndola de Andrade, Luciana Martins da Rosa, Melissa Orlandi Honório Locks, Laura Cavalcanti de Farias Brehmer, Gisele Martins Miranda