Datos del trabajo


Título

REVELANDO SIGNIFICADOS DA BRAQUITERAPIA NA PERCEPÇÃO DA MULHER

Introdução

Atualmente, os cânceres ginecológicos apresentam elevada incidência na população feminina mundial. Suas complicações à saúde e sua significativa taxa de mortalidade levam as mulheres a realizar tratamentos como quimioterapia e radioterapia (teleterapia e braquiterapia). Dentre as fragilidades que recaem sobre a rotina da mulher diagnosticada com câncer ginecológico, uma das principais é a série de efeitos colaterais e traumas físicos e emocionais relacionados aos tratamentos atuais. Com relação aos procedimentos radioterápicos, os efeitos ocorrem principalmente nos tecidos com maior capacidade proliferativa no campo de irradiação. Além destes efeitos, há também traumas físicos e emocionais que podem ser ocasionados pelo procedimento e podem incluir a dor durante o procedimento, o desconforto relacionado ao posicionamento na mesa, além de sentimentos como medo, vergonha, solidão, ansiedade, depressão, sentir-se mutilado e desfigurado, luto antecipatório e angústia espiritual relacionada a crenças particulares, que podem tornar o tratamento muito mais traumático para a mulher. Desta forma, é necessário ouvir as mulheres na busca por compreender, a partir de seus discursos, o real significado e impacto do tratamento braquiterápico em sua saúde física, emocional e espiritual.

Objetivos

Revelar os significados da braquiterapia na percepção de mulheres com câncer ginecológico.

Método

Estudo descritivo com abordagem qualitativa e análise de conteúdo sobre as comunicações, realizado com mulheres com câncer ginecológico submetidas à braquiterapia de alta taxa de dose, em uma instituição especializada no atendimento oncológico no Estado de Santa Catarina - Brasil, entre o ano de 2017 e 2018. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevista semiestruturada aplicada antes do início e ao término das sessões de braquiterapia – cada mulher realiza três ou quatro sessões e, primeiramente, são submetidas à teleterapia e, posteriormente, à braquiterapia. A análise de conteúdo utilizada foi a proposta por Bardin. Este estudo apresenta resultados parciais, pois a investigação ainda não foi concluída. Até o momento foram incluídas no estudo 15 mulheres. A pergunta norteadora da entrevista abrangeu os significados diante da experiência da braquiterapia. Para garantir o anonimato utilizou-se a codificação “MB” (M de mulher e B de braquiterapia) seguida de um algarismo arábico de acordo com a ordem de realização das entrevistas.

Resultados

A análise resultou em cinco categorias temáticas, neste estudo apresenta-se duas destas categorias. Categoria: “Sentimentos decorrentes do tratamento e da doença” – esta categoria revela os múltiplos sentimentos vividos, que fragilizaram psicologicamente a mulher, bem como mostra a importância da família e do papel dos profissionais. Depoimentos para exemplificar a categoria: “Eu fiquei assustada, abalada, até porque eu não sabia o que era a braquiterapia. Na primeira vez viemos meio às cegas. Me lembro que no dia em que me explicaram eu estava muito nervosa, a minha irmã que me acompanhou, ela que ouviu mais o que foi dito.[...] Eu me senti aliviada durante o tratamento [falando sobre a braquiterapia], eu penso assim que é bem melhor do que a radioterapia e a quimioterapia. [...] Eu conversei com a enfermeira a respeito e ela me encaminhou para um psicólogo porque agora eu realmente estou precisando de ajuda, porque não é normal, eu adoro a vida, penso no meu futuro, mas, ao mesmo tempo, já cheguei a pensar essa semana em suicídio. [...] Eu vim pela minha família, por mim eu não estaria mais aqui [...] eles são meus pilares. Se não fosse por eles, eu não sei o que seria de mim. Eu estou tão abalada emocionalmente, tão abalada psicologicamente, por conta dessa dor.” (MB08) Categoria: Enfrentando os efeitos colaterais da braquiterapia – esta categoria revela os efeitos colaterais consequentes ao tratamento. Depoimentos para exemplificar a categoria: “Eu imaginava que este câncer seria somente umas sessões de radioterapia, uma cirurgia e deu… Mas, infelizmente não está sendo assim [...] a única coisa que me chateia é que eu já estou com os efeitos da radioterapia, estou toda queimada por dentro, toda machucada, com as hemorroidas machucadas, então fica muito ruim pra evacuar, eu não estou tendo uma boa qualidade de vida, mas não por conta da braqui, mas por tudo o que já passei antes.” (MB08) “Não, eu até, no primeiro dia eu sangrei muito, eu fiquei sangrando, eu fiz na quinta, eu fiquei sangrando na quinta, sexta, sábado e domingo. Trocava absorvente direto como se fosse menstruação.”(MB01) “O que tem me causado desconforto é que eu perdi um pouco da sensibilidade, [...] Inclusive estou com dificuldade de segurar o xixi, as vezes tenho que ir correndo para o banheiro”.(MB06)

Considerações Finais

Diante das falas das mulheres entrevistadas é possível perceber como o desconhecimento sobre a terapêutica e os efeitos físicos do tratamento exercem papel negativo sobre a dimensão psicológica, além de causar alterações relevantes em suas rotinas. Fica evidente que a atuação da equipe multiprofissional é essencial para fornecer o suporte adequado às dificuldades de cada mulher. Conhecer o significado da braquiterapia a partir dos relatos das próprias mulheres, bem como as dificuldades enfrentadas e fragilidades percebidas permite um planejamento dos cuidados de enfermagem mais eficaz e que vise minimizar os efeitos negativos da terapêutica numa fase tão fragilizada da vida destas mulheres.

Palavras Chave

Area

Doenças crônicas/condições crônicas

Autores

Érica Bernardes Duarte, Luciana Martins da Rosa, Gisele Martins Miranda, Rosimeri Helena da Silva, Amanda Espíndola de Andrade, Ana Inez Severo Varela