Datos del trabajo
Título
A rotina biomédica no âmbito da consulta de enfermagem.
Introdução
A partir da criação do Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PAISM), em 1984, as mulheres brasileiras passaram a ser assistidas no âmbito da saúde e do planejamento reprodutivo, às questões relacionadas às doenças sexualmente transmissíveis, à sexualidade, à prevenção de câncer cervicouterino, entre outros, sem qualquer discriminação e objetivando atingir as mulheres de diversos grupos populacionais. Neste contexto, a Consulta de Enfermagem manifesta-se como uma das ações de enfermagem, prestadas à mulher, fundamentada nos princípios científicos, éticos e bioéticos da profissão. Considerada um instrumento desenvolvido para observar necessidades de intervenção ou mudanças, além de acompanhar o estilo de vida, estimulando o autocuidado e favorecendo a promoção da saúde. Nesse sentido, o acolhimento na consulta de enfermagem torna-se essencial para o acesso da mulher aos serviços de saúde, sobretudo, no que diz respeito à ginecologia, permitindo a criação de vínculos, a intervenção e a avaliação integral, fortalecendo, assim, os princípios do SUS. Entretanto, o ambiente em que a consulta ginecológica é realizada é cercado de práticas puramente medicalizadas que propiciam invasão ao corpo da mulher e manutenção do modelo biomédico
Objetivos
Descrever a percepção de mulheres assistidas por enfermeiros(as) em relação à consulta ginecológica de enfermagem.
Método
Trata-se de uma pesquisa descritiva, de abordagem qualitativa, realizada em uma Clínica da Família da área programática 3.2, que presta serviços à Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Brasil, entre os meses de novembro de 2015 e Dezembro de 2016. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas gravadas com 18 mulheres que estavam cadastradas na Estratégia de Saúde da Família do cenário do estudo, maiores de 18 anos e que tinham sido assistidas em consulta ginecológica de enfermagem por, pelo menos, duas vezes. Foram respeitadas todas as exigências éticas do Conselho Nacional de Saúde e o projeto foi aprovado pelo CEP/UERJ: 1.551.835, tendo coparticipação com o CEP/SMS: 1.661.439. O tratamento dos dados seguiu os pressupostos da análise conteúdo temática de acordo com a sistematização proposta por Oliveira.
Resultados
Inicialmente, as mulheres desconhecem que o enfermeiro está apto para acompanhar consultas ginecológicas e isto provoca estranheza por parte das mesmas. As mulheres relatam que não é comum o enfermeiro desenvolver consultas ginecológicas, e que, na maioria das vezes, foram assistidas por um médico ginecologista. Deste modo, elas descrevem a consulta ginecológica de enfermagem como sendo algo “estranho” e que gera “surpresa”. Elas não percebem o enfermeiro como um profissional capacitado para esse tipo de consulta. Para elas, apenas o profissional ginecologista pode desenvolver consultas ginecológicas. Ficou evidenciado a partir dos relatos, que o papel do enfermeiro é exercer outros tipos de ações e atividades de saúde, enquanto o médico ginecologista detém o conhecimento relativo às questões ginecológicas. Na perspectiva das mulheres, a consulta de enfermagem ginecológica é considerada normal. Para as entrevistadas, normal significa que os mesmos questionamentos realizados na consulta médica, também são feitos na consulta de enfermagem. Além disso, relatam que o tipo de consulta não difere das realizadas anteriormente por médicos ginecologistas. Na fala das mulheres, foi relatado que o enfermeiro realiza explicações durante a consulta, tanto em relação a dúvidas pertinentes à área ginecológica quanto em relação aos procedimentos que serão realizados durante a consulta. Outro ponto importante que emergiu nos dados, foi em relação às perguntas realizadas pelo enfermeiro durante a consulta. As entrevistadas relataram que o mesmo se mostrou preocupado em relação às demandas apresentadas por elas, valorizando suas queixas e promovendo um ambiente agradável na consulta. De acordo com as mulheres, dentre os questionamentos realizados pelo enfermeiro durante a consulta, temos as questões sexuais, ciclomenstrual, atividade sexual, histórico familiar de câncer, além das queixas no momento da consulta. No tocante a relação entre a mulher e o enfermeiro na consulta ginecológica, as entrevistadas referem que há uma boa relação eacolhimento. As mulheres revelam que a criação de vínculo é imprescindível na consulta ginecológica, pois, deste modo, gera uma relação de confiança eintimidade entre profissional e paciente. Neste contexto, as entrevistadas percebem que o enfermeiro é capaz de prescrever medicações, solicitar exames complementares, além de fornecer orientações sobre o que forpertinente à consulta de forma resolutiva.
Considerações Finais
Conclui-se que as mulheres acreditam que o enfermeiro é responsável por outras atividades nos serviços de saúde enquanto o profissional médico é o detentor do conhecimento da área ginecológica a rotina atual de consulta ginecológica de enfermagem na atenção básica de saúde ainda é voltada para uma assistência tecnocrática. Assim, as mulheres não percebem diferença entre a consulta de enfermagem e a médica no que se refere à abordagem esperada durante o atendimento, com foco nas queixas patológicas e na prescrição. Isto deixa claro que a enfermagem ainda reproduz o modelo biomédico de assistência. Apesar disso, destacou-se que os enfermeiros são comprometidos com as demandas e queixas apresentadas. Diante disso, o enfermeiro precisa assumir um papel transformador na dinâmica habitual das consultas ginecológicas. Estas devem ser pautadas nas premissas da humanização e da desmedicalização da assistência.
Palavras Chave
Saúde da mulher; consulta ginecológica, enfermagem
Area
Saúde da Mulher
Autores
Luciana de Souza Freitas De Carvalho, Bruna de Paula Pereira, Vanessa Silva de Oliveira, Daniela Soares de Oliveira, Octavio Muniz da Costa Vargens, Carla Marins Silva