Datos del trabajo


Título

REPRODUÇAO NA SITUAÇAO DE SORODIFERENÇA PARA O HIV: VIVENCIAS DO HOMEM

Introdução

Mesmo com estratégias que favoreçam o exercício da sexualidade e reprodução na situação de sorodiferença com vistas à prevenção da infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), este diagnóstico afeta a sexualidade das pessoas. Nesse contexto, considera-se importante contemplar a saúde sexual e reprodutiva como um dos aspectos no cuidado às pessoas que vivem com HIV. Entende-se como saúde sexual o bem-estar dos indivíduos no que diz respeito à sexualidade, indo além das questões de ocorrência de doenças sexualmente transmissíveis, com uma abordagem respeitosa da sexualidade e das relações sexuais, assim como o direito de ter experiências sexuais seguras e prazerosas, livres de coerção, discriminação e violência. E como saúde reprodutiva, o completo bem-estar físico, mental e social em todos os aspectos relacionados ao sistema reprodutivo. Implica que a pessoa possa ter uma vida sexual segura e satisfatória, tendo liberdade para decidir sobre o número de filhos e o espaçamento entre seus nascimentos, ter acesso aos meios necessários para o exercício de sua autonomia reprodutiva, livre de discriminação ou restrição de qualquer natureza. e reprodutiva. Os direitos reprodutivos das pessoas vivendo com HIV, inclusive os casais sorodiferentes, são os mesmos para as pessoas não infectadas pelo vírus. Entretanto, por vezes, esta temática é silenciada e negligenciada pelos profissionais de saúde, pautando suas ações em valores morais e estigmas. Para a atenção integral à saúde no campo dos direitos sexuais e reprodutivos aos casais sorodiferentes, é indispensável incluir a discussão quanto à decisão de ter filhos, uma vez que implica na composição familiar. Nessa perspectiva, considera-se as mudanças da inserção do homem no campo reprodutivo, o qual tem participado ativamente assumindo a paternidade para além do entendimento de provedor da família, mas com a possibilidade de vivenciar de maneira prazerosa a gravidez, o parto e contribuir para relacionamentos mais democráticos e equitativos na esfera doméstica. Diante disso, instiga-se o questionamento de como o homem vivencia a reprodução nesta condição sorológica.

Objetivos

Conhecer a percepção do homem ao vivenciar a reprodução na situação de sorodiferença para o HIV.

Método

Pesquisa qualitativa, em que a etapa de campo ocorreu num hospital no interior do estado do Rio Grande do Sul – Brasil, no período de setembro de 2013 a maio de 2014 por meio de entrevista aberta. Participaram 11 casais que vivenciaram pelo menos uma gestação na situação de sorodiferença para o HIV. Estes foram acessados em serviço de referencia para o tratamento da infecção e assistência no pré-natal, onde recebiam o convite para participar da pesquisa sendo a entrevista agendada para local e data de sua preferência. Foram resguardados os preceitos éticos da pesquisa quanto à necessidade de o local manter privacidade e preservação de sigilo. Para alcance do objetivo deste estudo, foram consideradas apenas as falas dos homens e o tratamento das informações desenvolvido por meio da análise temática indicada por Minayo. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Instituição e foram respeitados os aspectos éticos de pesquisas envolvendo seres humanos. O banco de dados foi constituído das transcrições que permitiu releitura analítica.

Resultados

Na perspectiva desse homem pensar na reprodução mobiliza o sentimento de descrença de diferentes modos. A situação sorológica positiva para o HIV, seja do homem ou da mulher, promove o imaginário da impossibilidade de reprodução nessa situação e, dessa forma, os homens reforçam a descrença de que podem ter filhos. Acreditam que não podem ter filhos, pois diante da sorodiferença, estão colocando em risco a saúde do filho, que pode ser exposto ao HIV, e expondo a companheira a uma situação de vulnerabilidade à infecção pelo HIV, considerando a concepção natural por meio de relação sexual desprotegida. Quando planejam a gravidez, seja por meio de reprodução assistida ou relação sexual desprotegida, não acreditam que vai dar certo. Não acreditam que o tratamento para a fertilização irá dar certo e a mulher possa engravidar, não acreditam que podem vivenciar uma gestação de forma tranquila como nas gestações em que não há infecção pelo HIV, não acreditam que a companheira e o filho não terão sua saúde prejudicada ao vivenciarem a reprodução na situação de sorodiferença para o HIV. Depois que passam pelos desafios e incertezas que acompanham a vivência da reprodução nessa situação e estão seguros da saúde da companheira e do filho, o sentimento de descrença dá espaço ao de superação. Para os homens, ter enfrentado as dificuldades junto com a companheira no processo reprodutivo e terem um filho saudável significa superar todos os limites que o HIV impõe a suas vidas. Quando têm certeza de que tudo está bem, ficam satisfeitos que todo o esforço despendido deu certo e teve um resultado positivo e relatam ser indescritível a realização por terem se tornado pais.

Considerações Finais

Na perspectiva dos homens, a vivência da reprodução na situação de sorodiferença para o HIV mobiliza sentimentos que, pautados na desinformação ou em informações equivocadas a respeito da reprodução de casais sorodiferentes para o HIV, desencorajam, desestimulam e fomentam o pensamento de impossibilidade de ter filhos. Dessa forma, implica em não realização do planejamento reprodutivo, que é fundamental para que este casal possa vivenciar o processo reprodutivo de forma tranquila e segura. Os dados apontam a necessidade de inclusão do homem como sujeito nesse processo de cuidado, bem como do apoio e do suporte dos profissionais de saúde na atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem.

Palavras Chave

Reprodução; HIV; Paternidade

Area

Doenças Transmissíveis

Autores

Tassiane Ferreira Langendorf, Stela Maris Mello Padoin, Ívis Emília Oliveira Souza