Datos del trabajo


Título

RETRATOS DA INFANCIA DE PESSOAS TRANSGENERO

Introdução

sociedade atual, a construção de gênero imposta pelo padrão social já é apresentada a partir do nascimento. A diferença da identidade de gênero começa na escolha das cores do quarto do bebê, a separação de brinquedo “de menino” e “de menina”, brincadeiras, desenhos, filmes, roupas, etc. Essa divisão e diferenciação estão presentes há muitos séculos e em diferentes sociedades. Qualquer criança que saia dessa concepção de identidade binária é considerada como errada, anormal, algo a ser corrigido e, dessa forma, reprimida. Essa realidade é comum na vida de pessoas transgêneros e limita os direitos previstos para todos os cidadãos pela Constituição Brasileira de 1988 e as coloca em uma situação de segregação e marginalização dentro do ambiente social. Tal segregação pode gerar impactos na saúde física e mental das pessoas trans.

Objetivos

Diante desse panorama geral, levantou-se a seguinte questão: Como foi vivida a infância das pessoas transgêneros no ambiente escolar e familiar? Tendo como base esse levantamento, o objetivo geral do projeto foi conhecer, por meio de profissionais e transgêneros adultos, as vivências na infância das pessoas trans. Com objetivos específicos de: esclarecer os percalços e as dificuldades que as pessoas trans enfrentam quando crianças; verificar a saúde das mesmas, no âmbito físico e psicológico; identificar maneiras de inclusão na sociedade.

Método

Realizou-se uma pesquisa qualitativa/quantitativa descritiva, utilizando entrevistas semi estruturadas com profissionais que nos direcionaram a procurar jovens adultos transgêneros, de 20 a 30 anos, que através do método ‘’história de vida’’, fornrceram informações sobre a vivência trans. Com os profissionais da área, obteve-se um panorama geral e real da situação das pessoas trans atualmente no Brasil.

Resultados

O retrato da infância de pessoas transgêneros é marcado por uma grande divisão de gênero binário, que resultava em preconceito, exclusão e violências no âmbito escolar, familiar e estatal. Esses pontos dificultam a vida em geral dessas pessoas, não somente na infância, mas ao longo da vida em que são privados de direitos, convívio social, oportunidade de estudo e emprego. No geral se tornam um grupo excluído da sociedade com forte tendência ao adoecimento psíquico. As pessoas trans na infância utilizam estratégias para expressarem sua identidade de gênero, tais como brincadeiras onde interpretam papéis do sexo oposto ao seu e o uso de roupas neutras. Foi destacado pelos entrevistados que o sofrimento psíquico é desenvolvido a partir da puberdade, inclusive devido às mudanças corporais vivenciadas, gerando um estranhamento e não aceitação do próprio corpo. Essa sensação de não pertencimento traz conflitos e em consequência casos de depressão. Em contrapartida, a vivência da adolescência permite um conhecimento maior de mundo, por meio das mídias, da grande circulação de informações e da globalização em geral, possibilitando a identificação de outras pessoas que compartilham as mesmas situações que a sua e proporciona um autoconhecimento. Após a percepção de ser trans, se inicia o processo de transição. No Brasil, esse processo apresenta ainda muitas falhas, devido à falta de preparação profissional, governamental e médica. Foi unânime a crítica à demora em aprovação do processo no SUS, a necessidade de laudo psicológico para a comprovação da transgenereidade, a dificuldade na mudança dos documentos e a falta de políticas inclusivas. Foi notável a escassez de profissionais ativos na área, sendo um empecilho para a realização mais completa do projeto, além de demonstrar a dificuldade encontrada pelo público trans para conquistar uma transição mais saudável e menos traumática. Por todos esses dificultadores citados, muitos relataram a procura pela automedicação e práticas clandestinas mais baratas, colocando em risco sua própria saúde física. A saúde mental também é afetada, a constante exclusão social combinada à falta de profissionais capacitados para atender esse público gera um alto nível de adoecimento psíquico. Nesse ponto, destacamos uma entrevistada que se encontrava em um quadro de síndrome do pânico, causada por situações diárias de preconceito e violência, tanto na rua quanto em casa. Outro ponto destacado foi a maior marginalização da mulher trans comparado ao homem trans, essa muitas vezes causada pelo machismo estrutural presente na sociedade.

Considerações Finais

Nesse panorama, além da falta de políticas públicas em geral, por meio dessa pesquisa surgiu a necessidade de que esses projetos estejam voltados para a infância, principalmente no âmbito escolar, de modo que o acesso à informação, a visibilidade e o reconhecimento da identidade trans sejam assuntos presentes no currículo escolar. Além disso, falta um investimento na capacitação e formação de professores aptos a lidar com a expressão das diversas identidades existentes. Por fim, retomamos a situação do Brasil, que possui uma das constituições mais inclusivas do mundo, porém, na prática, isso não se reflete no cotidiano da população. A luta por parte de movimentos sociais representa uma resistência aos altos índices de morte e violência sofridos e é também uma das poucas saídas para a luta em busca de direitos, uma vez que o governo não tem representado ou buscado formas de inclusão para os transgêneros.

Palavras Chave

Transgênero. Políticas Públicas. Transição. Infância. Preconceito.
Família. Educação.

Area

Gênero, Sexualidade e Saúde

Autores

Bruna Andrade Pinheiro de Lima