Datos del trabajo


Título

REPRESENTAÇOES DE ADOLESCENTES SOBRE HIV COM ENFOQUE EM SEXUALIDADE E VULNERABILIDADE

Introdução

A infecção pelo HIV é transmitida por sangue contaminado e por relações sexuais não protegidas. Pode atingir pessoas de todas as faixas etárias, entretanto, o maior aumento de casos de aids no Brasil encontra-se entre os jovens de 15 a 24 anos, devido a relações sexuais desprotegidas. Nos últimos oito anos, foram quase 30 mil novos casos nesse grupo da população, o que representa, em média, 10 novos casos por dia. Este quadro alerta para a importância da promoção à saúde e prevenção da infecção para esse grupo populacional. O descobrimento da sexualidade, para o adolescente, tem um caráter amplo, pois se inclui em um processo de mudanças de suas atitudes infantis e de novas posturas perante a sociedade, fazendo parte do seu crescimento e desenvolvimento como sujeito social. A promoção da saúde sexual é desejável para o conhecimento e autoconhecimento dos adolescentes em suas novas descobertas sexuais, além do conhecimento e construção de comportamentos saudáveis no que diz respeito aos riscos de infecção pelo HIV.

Objetivos

Compreender representações de adolescentes de ambos os sexos sobre infecção pelo HIV, com enfoque na sexualidade e vulnerabilidade às infecções sexualmente transmissíveis.

Método

Trata-se de pesquisa com abordagem qualitativa fundamentada na teoria das Representações Sociais, na perspectiva de Alain Giami. Participaram do estudo 28 adolescentes, estudantes do ensino médio de duas escolas da rede pública estadual de Minas Gerais. A coleta de dados ocorreu individualmente por meio de entrevistas individuais, do tipo abertas, com roteiro semiestruturado, contendo questões que permitiram ao participante narrar fatos, expressar seus pontos de vista, julgamentos de valor e emitir avaliações sobre ações e maneiras de pensar a sexualidade, a saúde sexual e o risco de infecção pelo HIV. Todas as entrevistas foram gravadas em áudio e transcritas na íntegra. Os dados foram interpretados com base na Análise Estrutural de Narração. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da UFMG.

Resultados

A partir da análise do conjunto de representações, emergiram duas categorias: “Sexualidade” e “Riscos envolvidos nas relações sexuais”, que evidenciaram a complexidade que envolve questões relacionadas à sexualidade, à adolescência e seus riscos. Com a interpretação dos dados, surgiram duas subcategorias: “Relações sexuais e seus anseios” e “Sexualidade e desejo sexual de adolescentes: representações sobre homossexualidade entre os adolescentes” para a categoria Sexualidade. Na primeira subcategoria, estão as diversas representações dos adolescentes sobre relações sexuais. Um ato de amor que deve ser realizado somente após o casamento é uma representação importante, que se relaciona aos ensinamentos religiosos e à autovalorização em relação ao sexo, ao definirem ter apenas um parceiro sexual. A atividade sexual com parceiro torna-se, assim, uma idealização que os mantém dentro das expectativas sociais aprendidas, sobretudo, na família, porém, na prática, isto não se mantém. Ainda na adolescência, as diferenças de gênero se acentuam. Para as meninas, a prática sexual está diretamente relacionada ao amor e confiança com o parceiro, enquanto, para os meninos, a relação sexual apresenta forte ligação com prazer e desejo. Isto pode definir comportamentos de maior risco para os adolescentes do sexo masculino porque buscam relações mais impulsivas e sem uso de preservativo, enquanto as meninas acreditam que devem buscar parceria duradoura e encontrarem formas de dialogar com o parceiro o uso do preservativo, mesmo que isto não ocorra na prática. Representações relacionadas à virgindade persistem, sendo que a perda da virgindade é, atualmente, considerada negativa pelos adolescentes de ambos os sexos, e é motivo de pressão social, em especial de amigos que já tiveram alguma experiência sexual. Na subcategoria “Sexualidade e desejo sexual de adolescentes”, apresentou-se que a maior parte dos participantes se considera heterossexual, mas alguns se consideram bissexuais ou homossexuais. O segredo no interior da família é a regra para esses últimos, porque têm medo do preconceito que podem sofrer, inclusive dos familiares. No entanto, afirmaram não haver tratamento diferenciado por parte dos colegas e funcionários das escolas, o que mostra evolução de atitudes sociais relacionadas as diferentes orientações sexuais. Na segunda categoria: “Riscos envolvidos nas relações sexuais”, emergiram três subcategorias: “O risco de se infectar pelo HIV”, “Representações de adolescentes sobre aids” e “Uso de preservativos entre os adolescentes”. Em “O risco de se infectar pelo HIV”, os adolescentes apresentam medos de se infectar, pela possibilidade de causar alterações em seus corpos, mas não se preocupam com o uso constante de preservativo. A maior preocupação com relações sexuais não protegidas encontra-se na possibilidade de uma gravidez não planejada. Na subcategoria “Representações de adolescentes sobre aids” incluem-se: doença grave, transmissível, que pode levar à morte e causar alterações no corpo, ao mesmo tempo que há estereótipos da aids, como, por exemplo, doença de homossexuais. Há medos e informações confusas em relação à infecção pelo HIV. Na subcategoria “Uso de preservativos entre os adolescentes”, evidenciou-se que os adolescentes têm conhecimento sobre a importância do uso de preservativo na prática sexual, além de terem acesso a esse método de prevenção. Apesar disso, muitas vezes deixam de utilizá-lo durante as relações sexuais por acreditarem que o sexo é mais prazeroso sem o preservativo, ou porque o esquecem ou têm relações que consideram “de momento”, inesperadas. Quando os adolescentes decidem utilizar o preservativo nas relações sexuais estão se preocupando mais com a prevenção de uma gravidez não planejada do que o risco de se infectar por uma IST.

Considerações Finais

A investigação apontou que existe falta de informação e de educação para saúde entre os adolescentes pesquisados. Existem estereótipos sobre a infecção pelo HIV, bem como riscos inerentes à experiência sexual de adolescentes, sobretudo, por relações sexuais não protegidas devido à “urgência” ou ao acontecimento inesperado que assumem. Pode-se inferir que as instituições sociais, como a família e a escola, devem se abrir mais para construir com os adolescentes conhecimentos que façam sentido para eles, respeitando suas experiências, temores, incertezas, desejos e diferenças, além de se possibilitar a definição de limites para si mesmos, a fim de diminuir vulnerabilidades nas experiências sexuais e em face do risco de infecção pelo HIV.

Palavras Chave

Saúde Sexual; HIV; Infecções por HIV; Sexualidade; Doenças Sexualmente Transmissíveis; Representação social; Adolescente.

Area

Gênero, Sexualidade e Saúde

Instituciones

Universidade Federal de Minas Gerais - Minas Gerais - Brasil

Autores

Marco Aurélio Sousa, Nathália Cristina Pereira Costa, Ariana Paula Silva, Maria Imaculada Fátima Freitas