Datos del trabajo


Título

AS SIGNIFICAÇOES ATRIBUIDAS A EDUCAÇAO ALIMENTAR E NUTRICIONAL POR PROFESSORES DO ENSINO FUNDAMENTAL I DAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE DIAMANTINA/MG/BRASIL

Introdução

Exercer educação no campo da Alimentação e Nutrição exige que os profissionais adotem outra abordagem sobre o ato alimentar, no sentido de superar a valorização dos aspectos biológicos/nutricionais, sem perder a dimensão de que esse é um processo multideterminado. Portanto, precisamos sinalizar a adoção de uma perspectiva crítica no campo da Nutrição, de modo a pensar e trabalhar a alimentação como um fenômeno sociocultural historicamente determinado, para que assim possamos compreender as questões que permeiam o comer e a comida. Neste cenário, configurado pelo reconhecimento das múltiplas dimensões da alimentação, as ações de Educação Alimentar e Nutricional (EAN) ganham papel de destaque. Por este motivo, entendemos que as ações de EAN devem considerar a complexidade do ser humano e da alimentação, pois ambos devem ser compreendidos em sua multidimensionalidade. Acreditamos ainda que uma educação crítica e problematizadora é premissa fundamental para a superação de práticas tradicionais, de modo a propiciar reais transformações no sujeito e na sua relação com a alimentação.

Objetivos

Nesta direção, o estudo objetivou desvelar as significações (sentidos e significados) atribuídas à EAN por professores do ensino fundamental I.

Método

Como pressupostos epistemológicos orientadores do estudo, adotamos a Psicologia Sócio-histórica (PSH) e algumas de suas categorias de análise sentidos e significados (significações). Esta psicologia adota o Materialismo Histórico e Dialético como filosofia, teoria e método. Para a PSH os significados são produções históricas e sociais e os sentidos e são aspectos individuais do sujeito que se constroem socialmente. Utilizar esse referencial teórico-metodológico permitiu o reconhecimento das questões subjetivas constitutivas do sujeito e da realidade, sendo fundamental para entender o processo de inclusão da EAN pelos professores no contexto escolar.
A pesquisa de campo foi desenvolvida em três escolas municipais de Diamantina/MG/Brasil e contou com a participação de seis professores do ensino fundamental I. Utilizamos como técnica de produção de informações a entrevista semiestruturada e, para proceder sua análise e interpretação, nos inspiramos na proposta de Núcleos de Significação e também na estratégia complementar de Núcleos Temáticos.

Resultados

Da análise emergiram Núcleos de Significação, os quais foram organizados em três Núcleos Temáticos. Nos Núcleos Temáticos I e II: “Significações atribuídas pelos professores ao conceito de EAN: concepções e implicações na construção do conhecimento” e “Processo de (não)inclusão da EAN no contexto escolar: dificuldades e desafios” buscamos desvelar as concepções agregadas à EAN e ao seu processo de (não)inclusão. Vimos no primeiro núcleo que os professores não se atêm ao conceito de EAN, enfocando a dimensão biológica quando relatam que trabalhar com a EAN é trabalhar com uma alimentação “saudável”, “adequada”, “balanceada”, “correta” e “equilibrada” ideias essas que, no nosso entendimento, são moldadas pela racionalidade nutricional.
No segundo núcleo revelamos os sentidos atribuídos ao processo de (não)inclusão da EAN pelos professores, os quais consideram a EAN um assunto relevante a ser trabalhado na escola, mas, contraditoriamente, não encontram as condições objetivas para sua efetiva inclusão, sendo “a inadequada estrutura física e material da escola, sua engessada estrutura educacional, a falta de formação profissional, a falta de tempo e também a insuficiência/inadequação dos documentos norteadores e livros didáticos” alguns elementos apontados como dificultadores.
No Núcleo Temático III “Significações das ações realizadas: o caráter pontual, responsabilização compartilhada e as possibilidades de avanços na abordagem de EAN” buscamos desvelar as significações que os professores atribuem à promoção da EAN na escola, à responsabilidade conferida a escola e profissionais da saúde, à parceria com a família e à sua inclusão interdisciplinar e transversal. Desvelamos nesse núcleo, que as significações atribuídas à promoção da EAN na escola estão apoiadas pelo caráter pontual das ações, cuja concretização só aconteceria caso os profissionais da saúde, a escola e/ou a família se responsabilizassem por elas. As significações atribuídas pelos professores às ações interdisciplinares e transversais de EAN revelam-se como uma atividade-meio, estando ainda ligadas à lógica instrumental. O entendimento de que a EAN é mais um conteúdo a ser trabalhado e a consequente sobrecarga de trabalho, podem justificar a sua não inclusão pelos professores.

Considerações Finais

Em suma, ao referirem ao conceito de EAN os docentes acabam por reproduzir o discurso hegemônico vigente no campo da Nutrição. Assim, as ações de EAN se revelam como reflexo das concepções dominantes no campo, que permanece distante da multidimensionalidade que envolve a alimentação e nutrição.
Ao adotarmos os pressupostos da PSH, entendemos que a relação dos sujeitos com a alimentação não pode ser entendida apenas em sua dimensão biológica. Comer é um ato que transcende a biologia, estando intrinsecamente relacionado às outras dimensões. Além disso, as discussões subsidiadas pela PSH nos oferece um entendimento de sujeito que se constitui na e pela atividade, sempre socialmente direcionada, assim, o sujeito/professor não pode ser compreendido isoladamente, mas sempre na relação que estabelece com a realidade.
Por fim, as reflexões finais dessa pesquisa apontam para a necessidade de pensar a formação e a realidade dos professores da rede municipal de ensino a fim de que esses profissionais possam ter maior autonomia de ação e desenvolver estratégias criativas para que a inclusão da EAN seja uma realidade na escola.

Palavras Chave

Educação Alimentar e Nutricional. Psicologia Sócio-Histórica. Significações. Professores.

Area

Alimentação e Nutrição

Instituciones

Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri - Minas Gerais - Brasil

Autores

Ana Carolina Souza Silva, Nadja Maria Gomes Murta, Agnes Maria Gomes Murta, Luciana Neri Nobre, Maria de Fátimas Gomes Silva, Virgínia Campos Machado