Datos del trabajo


Título

CONSTRUÇAO AMOSTRAL EM PESQUISAS QUALITATIVAS NO AMBITO CLINICO: CONDIÇOES E PERTINENCIAS.

Introdução

O trabalho de campo aparece como a modalidade de eleição em investigações de cunho qualitativo, sendo a imersão do pesquisador no contexto naturalístico do participante um quesito indispensável para que se consiga, por meio de observação atenta e inter-relacionamento, os primeiros indícios ou evidências indicativas de um potencial participante da amostra. Percebemos na prática, alguns poucos estudos que buscam trazer informações sobre a amostragem em investigações qualitativas, quase sempre não enfocando algumas condições e especificidades ligadas ao pesquisador que tem intima relação com o cuidado e assistência ao indivíduo que sofre. Neste sentido, o foco nos profissionais de saúde, possuem a vantagem - devido a sua experiência de cuidado à saúde - de trazer uma atitude clínica e existencialista inerentes, que lhes permitirá desenvolver valiosa coleta de dados e fazer interpretações dos resultados com autoridade. O termo clínico, do grego Kline... que significa “debruçar-se sobre o leito” em um entendimento assistencial, o cuidar ou tratar do indivíduo que sofre alguma patologia, ganha contornos muito específicos quando se trata de investigação científica na área da saúde. Podemos classificá-las, quando se trata do uso da metodologia clínico-qualitativa, em três tipos de atitudes: 1– Atitude Existencialista – Em relação a valorização intencional das angústias e ansiedades humanas como inquietações e motivação à pesquisa. 2– Atitude clínica - Caracterizada pela inclinação da escuta/olhar para o sofrimento do indivíduo sob estudo, movido pelo hábito de ajuda terapêutica. 3- Atitude Psicodinâmica: Considerando a interação afetiva entrevistador/entrevistado presente na coleta de dados e na teoria psicodinâmica para interpretações no estudo. Em resumo, o pesquisador que executa a investigação numa perspectiva clínico-qualitativa leva em consideração a escuta e observação clínica, acolhimento das angústias existenciais e as relações humana que são impregnadas de emoções conscientes e inconscientes.

Objetivos

Elencar alguns parâmetros para a adequada seleção de participantes e composição amostral em pesquisas, apresentando a pertinência de sua eleição para as investigações realizadas no campo clínico-qualitativo

Desenvolvimento

Para efeito didático caracterizo as condições para orientação no preparo de instrumentos para captação de participantes de uma amostra qualitativa no campo clínico em 4 grandes categorias, sendo elas de caráter: Técnico: a busca pelos elementos constitutivos de uma amostra passa impreterivelmente pelo conhecimento estruturado da proposta teórico-metodológica do projeto de investigação, isso pode soar como óbvio, mas enquanto o pesquisador não tem claros, seu recorte temático, seus objetivos exequíveis, referenciais teóricos iniciais, instrumentos de coleta de dados adequados, qualquer movimento no sentido de aventurar-se em campo, será um movimento fadado ao fracasso. Outro aspecto de especial interesse, diz respeito a sua capacidade empática, vislumbrando a característica existencial e clínica do encontro pesquisador/participante, provavelmente o entrevistado ou participante num setting clínico será um reflexo às atitudes do pesquisador/entrevistador, a atitude de acolhimento de angústias e perspectiva catártica do participante em poder compartilhar informações com o pesquisador atento, pode potencializar a qualidade dos dados fornecidos. Aspectos transferenciais, dentro de um paradigma psicodinâmico, também devem ser percebidos e considerados como fonte de dados inferenciais. Contextuais: não trata necessariamente apenas do contexto físico oferecido para coleta de dados, mas também de toda ambientação oferecida pelo pesquisador para propiciar um setting, entendido aqui “como um ambiente delimitado, um enquadramento que engloba todos os aspectos incidentais e que envolvem as pessoas, num momento em particular, reconhecendo e valorizando os elementos latentes que transitam no corredor desta relação intersubjetiva”. O ambiente naturalístico comum às pesquisas no campo clínico da saúde é constituído, via de regra, pelo local onde os sujeitos são atendidos, onde recebem cuidados e tratamento, onde se inter-relacionam com os membros da equipe de saúde, mas também no ambiente não institucionalizado (residência, comunidade, espaços sociais), demandando um conhecimento prévio do local de busca dos participantes, na tradição antropológica, a aculturação, torna-se essencial para a percepção e escrutínio do pesquisador no que se refere a seleção de participantes do estudo, pois permitem com essa vivência, conhecer previamente os perfis e experiências em fornecer dados qualificados de cada elemento e seu potencial como informante. Individuais e grupais: Relacionado aos participantes, esses devem demonstrar as características desejáveis a temática e objetivos da pesquisa e selecionados aqueles com maior capacidade de fornecer dados vitais e de interesse para o alcance dos objetivos do estudo. O conceito de serendipidade (entendido como a capacidade de um participante em trazer inesperadamente dados valiosos ao estudo), que apesar de traduzir-se em um elemento “surpresa”, numa percepção atenta e de sensibilidade do pesquisador pode ser investida naquele indivíduo que apresenta capacidade, previamente percebida, de promover maior intensidade de “insights” em um diálogo livre ou entrevista em profundidade. Há coerência que se investigue uma Homogeneidade Ampla, entendida como o “conjunto de características/variáveis comuns a todos os sujeitos da amostra”, mas também não dispensando a necessidade de perscrutar as heterogeneidades (indivíduos que tenham pontos de vista conflitantes, mas originais) existentes como forma de preservar a interpretação da lógica individual e intra grupal. Éticas: - Pesquisas com seres humanos tem a necessidade de aprovação prévia do protocolo de investigação junto a um Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), regidos pela normatização da Resolução n. 466/12, o que traz várias garantias e proteção aos participantes. Porém em complemento a estas normativas, observamos o respeito as angústias do participante, a condução atenta e demonstração de interesse não somente no dado isolado, ou somente de interesse investigativo demonstrado dentro de um contexto dinâmico e humano de sua produção devem ser providenciados. O favorecimento de discurso de natureza catártica por parte do participante e o acolhimento desta angústia de maneira empática pelo pesquisador é de caráter essencialmente humano e ético na condução da coleta de dados. Um dado confiável, passa primeiro pela própria confiança do entrevistado no seu interlocutor.

Considerações Finais

O conhecimento e a previsão das técnicas de amostragem adequadas são primordiais para o resultado final da pesquisa, por instrumentalizarem os pesquisadores a selecionarem os participantes mais aptos a fornecer dados relevantes e pertinentes para o atendimento dos objetivos da pesquisa.

Palavras Chave

Metodologia; Pesquisa Qualitativa; Amostragem; Saúde

Area

Outros

Autores

Claudinei José Gomes Campos