Datos del trabajo


Título

OS CUIDADOS NOS MODOS DE VIVER: REPRESENTAÇÕES SOBRE IDADE E GÊNERO

Introdução

Os cuidados nos modos de viver das pessoas estão associados a uma série de aspectos que envolvem a subjetividade de cada ser humano, assim como fatores objetivos tais como faixa etária e gênero. Em cada faixa etária, as pessoas assumem determinados comportamentos para cuidar ou não de sua própria saúde, de acordo com suas crenças, convicções e hábitos e contextos de vida. Há também diferenças relacionadas ao cuidar quando se trata de gênero. O programa Academia de Saúde foi instituído pelo governo federal em 2011, como estratégia de promoção de saúde ofertada para qualquer cidadão acima de 18 anos de idade, por meio de atividades físicas e educação em saúde, realizadas sob a supervisão de profissionais capacitados e em estruturas específicas distribuídas em todos os municípios brasileiros que se organizaram e pleitearam recursos específicos junto ao Governo Federal.

Objetivos

Compreender representações sobre cuidado nos modos de viver de usuários das academias da saúde de Belo Horizonte, Minas Gerais.

Método

Trata-se de pesquisa qualitativa, fundamentada na teoria das Representações Sociais, na perspectiva de Alain Giami. O estudo foi realizado em academias de saúde do município de Belo Horizonte, Minas Gerais. Houve sorteio das academias por região da cidade, o que totaliza nove distritos sanitários. Foram realizadas entrevistas com 32 usuários selecionados por conveniência, de acordo com a presença nos serviços no dia da coleta de dados. A coleta ocorreu por meio de entrevistas individuais abertas e em profundidade, que foram gravadas em áudio e posteriormente transcritas. Os dados foram interpretados com base na Análise Estrutural de Narração.

Resultados

A partir da análise do conjunto das entrevistas, surgiram duas categorias relativas às representações sobre o cuidado: “Influência da idade no cuidar em saúde” e “Cuidar como questão de gênero”. Na categoria “Influência da idade no cuidar em saúde”, as expectativas em relação à saúde são determinantes para as condutas de cuidado, por faixa etária. O fato de ser jovem significa ser saudável, representação muito presente justamente entre os jovens. Para esses, cuidar de si está relacionado, prioritariamente, às questões estéticas e não há preocupação com a saúde. Acreditam em uma cronologia da morte que “prioriza” os mais velhos, o que resulta em transgressões de normas de “ser saudável” com maior facilidade. Entre adultos e adultos jovens, há uma tentativa de equilíbrio entre o prescrito (a norma oficial) e o considerado possível em meio à falta de tempo. Esta postura é justificada, sobretudo, pelas obrigações laborais e cuidado com os filhos, e resulta em mais ou menos aceitação de alimentação inadequada, uso de bebidas, etc., mesmo considerando que representam um consumo não saudável. Como os mais jovens, os adultos reproduzem o estereótipo de que o idoso é débil e frágil e necessita de mais cuidado do que o jovem, forte e ativo. Entre pessoas acima de 60 anos, há a representação de que a sua idade requer adaptações a necessidades próprias, além de preocupação com sua capacidade financeira para se cuidar e se manter saudável. Em todas as idades, em geral, o cuidado preventivo em saúde é pensado como necessário a partir dos 40 anos, relacionando-o também com certa possibilidade advinda de maior “liberdade para cuidar de si”, pela diminuição de obrigações familiares, de gênero, laborais, entre outras. Na categoria “Cuidar como questão de gênero” houve unanimidade nas falas dos entrevistados no que se refere às representações de cuidado: a qualidade das mulheres de serem cuidadoras. É atribuída à mulher a característica de quem cuida de si mesma, do marido e dos filhos, o que ressalta o protagonismo feminino no universo do cuidar. Contudo, as mulheres cuidam de si tardiamente, devido às exigências da organização social de gênero, no interior da família e no mundo laboral. O trabalho é a principal justificativa para a representação de falta de cuidado de homens com a saúde. Considera-se que “cuidado não é coisa de homem” ou “é a mulher quem cuida dos homens”, havendo grande resistência masculina em inserir-se nos serviços de saúde e programas de promoção, como o Programa Academia da Saúde.

Considerações Finais

Considerar a resistência dos jovens às práticas normativas de saúde, as dificuldades de tempo e trabalho dos jovens e jovens adultos na busca por modos de vida mais saudáveis e as preocupações dos mais velhos com necessidades próprias da idade demonstra a diversidade de expectativas que se encontram no objeto “ser saudável”, nas diferentes idades. Tal quadro mostra a complexidade a ser enfrentada nas práticas de promoção dentro do Programa Academia da Saúde. Destaca-se, ainda, que as representações desveladas nas diferentes idades são influenciadas transversalmente por questões de gênero. Ao analisar o cuidar, confirma-se a concepção de protagonismo feminino nas representações sobre cuidar da saúde. Historicamente, as ações de cuidar são de responsabilidade das mulheres, e incluem obrigações de cuidar da casa e dos filhos. Isso persiste na sociedade contemporânea, apesar de grandes mudanças nos modos de viver.

Palavras Chave

Promoção da Saúde; Prevenção de doenças; Doenças Crônicas; Politicas Públicas; Atenção Primária à Saúde.

Area

Promoção da saúde

Instituciones

Universidade Federal de Minas Gerais - Minas Gerais - Brasil

Autores

Nathália Cristina Pereira da Costa, Rosana Franciele Botelho Ruas, Marco Aurélio Sousa, Ariana Paula da Silva, Maria Imaculada de Fátima Freitas