Datos del trabajo


Título

ENFRENTAMENTO DAS SITUAÇOES DE VIOLENCIA PELAS MULHERES: QUAIS SERVIÇOS E PESSOAS ELAS PROCURAM?

Introdução

Por sua magnitude, a violência contra as mulheres é considerada mundialmente um problema de saúde pública. É definida como qualquer ato que resulta ou possa resultar em danos ou sofrimentos de natureza física, sexual, psicológica ou patrimonial, incluindo ameaças, coerção, privação arbitrária em público ou privada, assim como castigos, maus-tratos, pornografia, agressão sexual e incesto (CONVENÇÃO DE BELÉM DO PARÁ, 1994). Dados do balanço de 10 anos (2005-2015) da Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180) apontam que no Brasil, desde sua criação, foram realizados 4.708.978 atendimentos. Desses, a maioria dos relatos de violência ocorreram em 2010 (108.171) e 2012 (88.685), sendo a média anual de 55.275 (BRASIL, 2015). No que tange às formas de violência a física representa mais da metade dos relatos (56,72%), seguida da violência psicológica (27, 14%), da violência moral (10,16%) e da violência sexual (2,32%) (BRASIL, 2015). Diante do exposto, este estudo tem em vista subsidiar estratégias de articulação entre os atores envolvidos no enfrentamento da violência contra as mulheres e a qualificação de uma rede atenção a estas mulheres.

Objetivos

Identificar os serviços e as pessoas aos quais as mulheres recorreram ao vivenciarem situações de violência.

Método

Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa, que teve como cenário a Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher, Centro de Referência da Assistência Social, Centro de Referência Especializado de Assistência Social, hospital referência no atendimento de violência sexual e Casa-Abrigo. Estes serviços estão situados em um município do interior do estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Como critérios de inclusão das participantes elencou-se: ser mulher entre 18 e 59 anos, que tenha acessado um dos serviços cenário do estudo. Participaram 12 mulheres, cuja idade variou entre 21 e 56 anos. As técnicas de coleta de dados empregadas foram entrevistas semiestruturadas, observação participante e Dinâmica de Criatividade (DCS) e Sensibilidade Mapa Falante (CABRAL; MORAES, 2015). Esta última foi aplicada de modo individual e possibilitou que as participantes destacassem na produção artística os lugares e pessoas que faziam parte do percurso de sua experiência, associando a arte, criatividade e sensibilidade, de forma simples e lúdica (FERREIRA, PEREIRA, 2013). Os dados oriundos da observação participante foram registrados em diário de campo e os obtidos por meio da DCS Mapa Falante e entrevistas foram gravados (áudio). A sistematização e análise dos dados foi realizada com base na análise de conteúdo temática (MINAYO, 2014). Destaca-se que o encerramento do trabalho de campo deu-se mediante o critério de saturação temática. O estudo foi desenvolvido seguindo as recomendações previstas na Resolução nº466 do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 2012) e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Instituição (CAAE nº 70087817.0.0000.5346).

Resultados

A partir das entrevistas e da DCS Mapa Falante, evidenciou-se que as mulheres em situação de violência no cenário estudado procuraram majoritariamente serviços policiais: Brigada Militar, Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM) e Delegacia de Polícia de Pronto-Atendimento. Esta última foi procurada pelas mulheres para a realização de denúncia ao agressor, especialmente após as 18hs, nos finais de semana e feriados, visto que a DEAM atende apenas em dias úteis das 08h30min às 12hs e das 13h30min às 18hs. Algumas mulheres também buscaram atendimento em serviços de saúde como hospitais e unidades de pronto-atendimento, nos casos em que houve lesões provocadas por violência física (fratura e outras). Outro serviço procurado foi o Conselho Tutelar, principalmente nos casos de vulnerabilidade social. Quanto à indicação pelas participantes de quais pessoas elas procuram se destacaram os familiares (avós, pais, mães, irmãos, filhos) e amigas.

Considerações Finais

A busca pelos serviços policiais e por familiares próximos e amigas perpassa a decisão de romper com a situação de violência, sendo o primeiro passo da rota crítica para o enfrentamento da situação. O que aponta a necessidade de acesso a um conjunto de serviços para ingresso em uma rede composta por outros serviços como os de educação e de saúde, este último acionado apenas em casos de lesões físicas aparentes e até mesmo graves.

Referências

BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de saúde. Resolução, n.66/2012 - Normas para pesquisa envolvendo seres humanos. Brasília, DF, 2012.

BRASIL. Presidência da República. Secretaria de Políticas para as Mulheres. Balanço Ligue 180: uma década de conquistas. Brasília: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, 2015.

CABRAL, I.E.; MORAES, J.R.M.M. Family caregivers articulating the social network of a child with special health care needs. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 68, n. 6, p. 769-76, 2015.

CONVENÇÃO DE BELÉM DO PARÁ. Organização dos Estados Americanos. Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher. Belém/PA (Brasil): Comissão Interamericana de Direitos Humanos, 1994.

FERREIRA, A.L.; PEREIRA, M.F.W. O mapa falante como instrumento do processo ensino-aprendizado do aluno de medicina. Revista de Pediatria SOPERJ, v. 12, n. 14, p. 29-32, 2013.

MINAYO, M. C. S. O Desafio do Conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 14. ed. São Paulo: Hucitec, 2014.

Palavras Chave

Violência
Violência contra a mulher
Saúde da Mulher

Area

Violências e Saúde

Instituciones

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Jaqueline Arboit, Stela Maris de Mello Padoin