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Título

O CONHECIMENTO E A CORRESPONSABILIDADE DO MOTORISTA DE TRANSPORTE PUBLICO DA AREA DA SAUDE: UMA ANALISE REFLEXIVA

Introdução

O Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil, tem sido avaliado nacional e internacionalmente, como um exemplo positivo de modelo de assistência à saúde universal gratuita. Contudo, diversas pesquisas apresentam que há problemas que impactam na qualidade dos serviços ofertados no SUS. Um desses contextos problemáticos refere-se ao transporte público de saúde que o usuário precisa utilizar para se deslocar de seu habitat até o serviço de saúde onde receberá atendimento médico e/ou não médico, ambulatorial e/ou de exames. A vivência profissional demonstra que comumente os usuários chegam atrasados, sem os documentos pessoais, sem guias de encaminhamento, sem acompanhante em casos especiais e outras não conformidades para um atendimento ambulatorial com agendamento prévio. Ressalta-se, que em situações caracterizadas como não conformes, o usuário pode ser dispensado, havendo assim, a necessidade de um novo agendamento, no que implica em retornar à fila de espera e aguardar por mais alguns dias e/ou meses o atendimento de acordo com a especialidade e ofertas de cotas externas e internas distribuídas pela Diretoria Regional de Saúde (DRS). Uma hipótese para levantar as causas raízes desse problema é analisar o conhecimento e as orientações dadas pelos condutores de transporte público da área da saúde aos usuários do SUS.

Objetivos

O objetivo do estudo é analisar o conhecimento dos condutores de transporte público da área da saúde de uma região do Noroeste Paulista sobre seu protagonismo junto aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).

Método

O estudo caracteriza-se como exploratório-descritivo, com análise de dados por conteúdo e classificado como qualitativo, tendo como sujeitos pesquisados os profissionais condutores de transporte público da saúde em atuação na região do Noroeste Paulista, no interior do estado de São Paulo. O período de segmento do estudo classifica-se como transversal.
A pesquisa teve, como universo, os condutores de transporte público que atuam na área da saúde, da 8º Região Administrativa de São José do Rio Preto e que, atualmente, exercem a profissão transportando pacientes, acompanhantes e/ou responsáveis para o atendimento médico ambulatorial, atendimento de urgência/emergência, realização de exames e/ou procedimentos. A referida Região Administrativa é composta por 96 municípios, que até o ano de 2000 concentrava 1.296.893 habitantes, tornando-a a 5º Região Administrativa com maior número de população do Estado de São Paulo (SEADE, 2012, p. 5). A seleção dos participantes foi a partir de amostragem, sendo que os condutores de transporte público da área da saúde foram convidados intencionalmente a participarem de uma pesquisa em forma de entrevista individual, para melhor compreensão da realidade da atuação profissional e das expressões da questão social que os cercam. O estudo respeitou todos os princípios éticos e foi autorizado por um Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos sob o parecer nº 1.404.980.
A amostra do estudo foi constituída por 10 condutores de transporte público que atuam na área da saúde. Nesse estudo, o universo da pesquisa é representado por 32 condutores, e a amostra representou 31,25% da população. O procedimento utilizado para a seleção de cada elemento da amostra foi a probabilística em forma de sorteio. O tamanho da amostra foi desenhado observando-se a metodologia qualitativa. O instrumental utilizado foi um formulário de entrevista semiestruturado para a realização da observação e análise de discurso.
O fluxo da coleta de dados utilizado para este estudo foi o modelo ecológico de efetividade de equipes de trabalho, proposto por Sundstrom, De Meuse e Futrell (1990), que possibilita a compreensão do desempenho individual dos condutores e suas equipes, bem como, o entendimento dos processos grupais internos e de suas relações com o meio externo. Para a análise dos dados por conteúdo, aplicou-se a técnica de Análise do Discurso (AD) e os dados foram coletados por meio da produção do discurso dos condutores envolvidos no estudo usando os softwares Word e Excel da empresa Microsoft Corporation.
Os resultados são apresentados em forma de falas na íntegra e comparação entre os dados.

Resultados

É notável que a percepção do condutor em relação ao seu exercício profissional não ultrapassa da técnica de conduzir o veículo de transporte público na área de saúde e da visão caritativa em relação comportamental e vínculo assistencialista. A concepção das atribuições está muito acoplada em se manter no exercício profissional sem a necessidade de se indispor com o usuário munícipe e evitando o questionamento e confronto político. Seguem algumas falas que caracterizam esses achados: “tenho a responsabilidade de carregar os pacientes para onde precisam e pegar os encaminhamentos agendados para levar no posto de saúde”; “ir todos os dias na unidade do transporte, pegar o itinerário dos lugares que vou ter que levar os pacientes. Todos os dias são lugares e pessoas diferentes, não é a mesma coisa e meu principal trabalho é levar as pessoas para passar no médico e fazer tratamento”; “trabalhar sempre com o coração e dedicação aos pacientes, ter e dar uma atenção redobrada de carinho aos pacientes e mais necessitados... ou seja fazer tudo com muito amor; “eu acho que o principal trabalho é dirigir bem e trazer os pacientes” e “então eu estou na saúde faz pouco tempo, mas meu serviço é basicamente transportar os pacientes e ficar esperando eles saírem para a gente ir embora”.

Considerações Finais

O condutor de transporte público da área da saúde tem o entendimento que ele é apenas um motorista, ou seja, o mesmo não se reconhece como um agente do SUS, não vislumbra ser um protagonista frente a sociedade usuária do transporte coletivo de saúde. Contudo, um processo de capacitação pode reverter esse cenário, orientações junto aos condutores poderão permitir que o condutor reconheça a importância do transporte público aos usuários do SUS. Conclui-se que os condutores exercem apenas o papel de motorista por ausência de conhecimento, contudo, com capacitações poderão contribuir positivamente para com seus “passageiros”, passando de motoristas ao reconhecimento de condutores e orientadores sociais.

Palavras Chave

Condutores da área da saúde. Sistema Único de Saúde. Cidadania. Análise Qualitativa.

Area

Saúde Coletiva

Instituciones

Universidade de Ribeirão Preto - São Paulo - Brasil

Autores

Camila Bergamin Santos, Neide Aparecida Souza Lehfeld, Edilson Carlos Caritá