Datos del trabajo


Título

GERENCIA DE RISCO HOSPITALAR E A VIGILANCIA POS-COMERCIALIZAÇAO DE PRODUTOS PARA A SAUDE: ESTUDO DE CASOS MULTIPLOS

Introdução

A Rede Sentinela é uma estratégia do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária constituída por uma rede de hospitais, configurada em todo o território brasileiro. Funciona como observatório no âmbito dos serviços para o gerenciamento de riscos à saúde, em atuação conjunta entre gestores, com o objetivo de obter informações qualificadas dos produtos utilizados na assistência à saúde após sua comercialização. Os hospitais credenciados à Rede Sentinela realizam notificações de eventos adversos e queixas técnicas, nos três principais campos de atuação: tecnovigilância, hemovigilância e farmacovigilância. Os hospitais assumem o compromisso de implantar, em sua estrutura, uma gerência de risco e designar um profissional para atuar como gerente de risco e coordenar as ações desse âmbito, tornando-se um elo entre o hospital e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).

Objetivos

Evidenciar como se desenvolvem as ações da gerência de risco hospitalar na vigilância sanitária pós-comercialização de produtos para a saúde.

Método

Estudo de casos múltiplos, com abordagem qualitativa. Os participantes do estudo foram quatro instituições hospitalares públicas, integrantes da Rede Sentinela em Florianópolis, Santa Catarina, correspondendo cada uma a um caso. Os casos corresponderam a um hospital universitário federal e três hospitais de referência estadual. Em cada instituição, os informantes-chave foram os gerentes de risco, que coordenam os setores de gerência de risco e outros profissionais que atuam juntamente com o gerente na vigilância sanitária pós-comercialização, totalizando 11 profissionais. Os dados foram coletados no período de fevereiro a junho de 2017, por meio de entrevista semiestruturada, observação direta não participante e pesquisa documental. A análise dos dados ocorreu por meio da síntese cruzada dos casos e utilizou-se como ferramenta de apoio o software MaxQDA®plus. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina.

Resultados

Os casos estudados apresentam similaridades e contrastes nas ações desenvolvidas pelas gerências de risco hospitalar, na vigilância sanitária pós-comercialização. Em todos os casos, as ações desenvolvidas são articuladas entre si, sendo desencadeadas a partir das notificações recebidas pelo setor. Entre as ações desenvolvidas pela gerência de risco dos casos A, B e D estão: receber as notificações, investigar o evento notificado, notificar no sistema NOTIVISA, buscar solucionar o incidente que ocasionou a notificação e acompanhar o evento notificado dentro da instituição e pelo sistema NOTIVISA. Todos os casos estudados apresentaram similaridade nas ações que envolvem a investigação das notificações recebidas pelo setor e nas mudanças de processos internos ocasionadas pela notificação/investigação. A investigação ocorre por meio da busca em prontuários e interação com os autores envolvidos no evento notificado, sendo priorizado os eventos mais graves. Isso resulta em planos de ação, mudanças de processos internos e criação de barreiras, com o objetivo de evitar a ocorrência de um novo evento. Ademais, todos os casos estudados realizam capacitações da equipe sobre as áreas de atuação da gerência de risco. A busca ativa é realizada em prontuários dos pacientes (caso B e C) ou pessoalmente, com os profissionais nas unidades, questionando-os sobre possíveis eventos adversos e queixas técnicas ocorridas nos setores (caso D). O caso A não realiza busca ativa, isso ocorre porque o local onde são realizadas as ações da gerência de risco na instituição, inviabiliza este processo. Importante destacar que a gerência de risco realiza retorno, ao notificador, aos setores e/ou profissional envolvido no incidente notificado. O retorno é realizado por e-mail ou pessoalmente (caso B), por carta (caso D) ou, ainda, por um plano de ação, com base nas demandas que surgem das notificações, visando à correção de falhas nos processos de trabalho (caso C). Os casos A, B e D quando identificam queixas técnicas ou eventos adversos nos artigos médico-hospitalares e/ou medicamentos, entram em contato com o fornecedor e comunicam o ocorrido, além de arquivarem as amostras desse artigos ou medicamentos notificados. O caso D desenvolve uma ação que osdiferencia dos demais casos. O gerente de risco é responsável por averiguar se os artigos médico-hospitalares possuem queixas técnicas ou eventos adversos notificados, antes de encaminhá-los para os setores realizarem o parecer técnico. O caso B também apresenta alguns contrastes. A gerência de risco desenvolve ações voltadas para a comunicação interna dos riscos, por meio de boletins informativos em farmacovigilância (realizado em situações pontuais), triagem e repasse dos alertas técnicos da ANVISA para os setores do hospital e comunicação dos eventos adversos que causaram danos ao paciente para a direção e para os principais gestores da instituição.

Considerações Finais

entre as ações desenvolvidas pela gerência de risco, desatacam-se o encaminhamento das notificações para a ANVISA, via o sistema NOTIVISA. Esta ação é fundamental para que a agência realize a vigilância sanitária dos produtos utilizados na assistência à saúde, na fase pós-comercialização. Ademais, a gerência de risco busca soluções para as falhas identificadas, em que grande parte dos problemas são solucionados pela mudança dos processos internos e capacitação dos profissionais. Tais ações influenciam e promovem impactos positivos na segurança e na qualidade do atendimento prestado pelas instituições hospitalares.

Palavras Chave

Gestão em Saúde. Vigilância em Saúde. Vigilância Sanitária. Gestão de Risco.Hospital.

Area

Gestão de Serviços de Saúde

Autores

Márcia Daniele Schmitt, Selma Regina de Andrade