Datos del trabajo


Título

O TERRITORIO COMO CATEGORIA DE ANALISE EM ESTUDOS SOBRE VIGILANCIA EM SAUDE

Introdução

A efetivação da Vigilância em Saúde como um modo tecnológico de intervenção em saúde pautado na/pela rearticulação de saberes e práticas sanitárias requer movimentos complexos de revisão e incorporação de sujeitos, não apenas os profissionais de saúde; objetos, para além de fatores clínico-epidemiológicos, processos e procedimentos, que ultrapassem tecnologias médico sanitárias, e formas de organização de trabalho que vão além de espaços institucionais de serviços de saúde. Somado a esses fatores, acreditamos que a incorporação do território, muito mais do que um dispositivo político operacional, é fundamental. Nesse sentido, assumir a construção histórica e social do espaço/território e sua conformação indissociável, híbrida, solidária e também contraditória de fixos e fluxos, seguindo produção teórica de Milton Santos, instrumentaliza-nos a adotar o território como categoria de análise em estudos sobre a Vigilância em Saúde. Os desdobramentos metodológicos a que conduz essa incorporação são permeados por possibilidades e desafios discutidos a partir da potência que vislumbramos nas Metodologias de Pesquisa Qualitativa.

Objetivos

Refletir sobre a potencialidade das Metodologias de Pesquisa Qualitativa como caminho teórico metodológico para incorporação do território como categoria de análise em estudos sobre Vigilância em Saúde.

Desenvolvimento

A articulação entre teoria e metodologia confere coerência metódica e sistemática a uma investigação. Essa articulação não se opera sem inserir consequências na abordagem do social. Ao trabalhar com Metodologias de Pesquisa Qualitativa e assumir sua capacidade de “incorporar a questão do significado e da intencionalidade como inerentes às relações e às estruturas sociais” destacamos o conceito que é central para a análise sociológica – o significado - e fazemos uma opção epistemológica pelas teorias compreensivas. O locus privilegiado por essas teorias, sobretudo a Fenomenologia, é o cotidiano e as experiências do senso comum, interpretadas e (re)interpretadas pelos sujeitos que a vivenciam. Este é também o locus de investigação requerido em estudos sobre Vigilância em Saúde, já que permite abarcar o reconhecimento do território e das práticas sociais (re)produzidas e transformadas em rotina em cotidianos diversos: dos indivíduos, dos serviços, das instituições e do próprio território. Assim, um caminho metodológico bastante produtivo para construção de dados em estudos sobre Vigilância em Saúde nos parece ser o da Pesquisa Qualitativa. Um desafio ao trilhar esse caminho é incorporar ferramentas de construção de dados que permitam re(conhecer) materialidades (fixos) e vivências (fluxos), que constituem de forma indissociável o território; identificar e compreender as relações de poder instituídas e instituintes no/do território e construir um quadro empírico que permita compreender contextos/espaços de produção de saúde, de doença e de vulnerabilidades. Uma possibilidade é a utilização de ferramentas participativas denominadas “ferramentas de diálogo”, entre as quais destacamos o mapa falado, um desenho representativo do território que está sendo objeto de reflexão por um grupo. O mapa é construído com elementos disponíveis no local como barbantes, folhas, pedras, fitas coloridas, etc. Essa mobilidade é importante, pois permite que modificações sejam feitas a qualquer momento sem prejudicar a visualização pelo grupo. O maior objetivo não é completar o mapa e sim propiciar a discussão sobre cada componente da realidade. A construção dialogada do mapa permite a identificação e reflexão sobre fixos, como características físicas do território (recursos hídricos, relevo, elementos de fauna/flora), pontos de poluição (disposição/lançamento de dejetos/esgoto a céu aberto), equipamentos e serviços, igrejas, escolas, dentre outros. Fluxos podem ser acessados durante a elaboração do mapa falado como as relações entre os elementos (fixos) identificados, aí incluídas as de poder, em constante movimento no território. A representação gráfica do território convoca os integrantes do grupo a percorrerem seus itinerários cotidianos percebendo neles problemas e necessidades, bem como potencialidades que podem ser acionadas para resolução de problemas.

Considerações Finais

Abarcar os espaços da vida cotidiana a partir de ferramentas de diálogo como o mapa falado afirma a potência da Pesquisa Qualitativa como caminho teórico metodológico para incorporação do território como categoria de análise em estudos sobre Vigilância em Saúde. O movimento de (re)descobrir o território a partir dos atores sociais que dele se utilizam é fundamental para a produção e aplicação de conhecimentos em Vigilância em Saúde, uma área ainda fragmentada e fragilizada nos serviços e práticas de saúde, requerendo inventividades que dialoguem saberes técnicos e saberes comuns, aproximando os sujeitos em ação.

Palavras Chave

território

vigilância em saúde

metodologias pesquisa qualitativa

Area

Ambiente e Saúde

Autores

Rose Ferraz Carmo, Danielle Costa Silveira, Paula Dias Bevilacqua, Zélia Maria Profeta Luz