Datos del trabajo


Título

VIVENCIA DO PERIODO GRAVIDICO-PUERPERAL NA ADOLESCENCIA

Introdução

A atenção à saúde da mulher no período puerperal não está consolidada, visto que a maioria das mulheres que retornam ao serviço de saúde no primeiro mês após o parto tem como principal preocupação a avaliação e a vacinação do recém-nascido. De maneira geral, o puerpério tem como foco das atenções, a criança, e, quando é vivenciado por mulheres adolescentes, algumas questões sociais podem ser intensificadas quando comparadas com mulheres de outra faixa etária. Essas questões sociais podem ser desencadeadas também, em virtude do processo de gestação e maternidade, quais sejam, situações de pobreza, monoparentalidade, abandono escolar e desemprego, além de depressão, baixa-estima e isolamento social. Neste sentido, como consequência, as adolescentes podem sofrer mais intercorrências de saúde durante gravidez e mesmo após o nascimento do filho(s). A importância do conhecimento acerca do processo de ter um filho na adolescência justifica-se pelas implicações que esse acontecimento desencadeia tanto na vida da mãe quanto do recém-nascido, visto que pode estar associada a riscos pessoais e sociais para o desenvolvimento de ambos.

Objetivos

conhecer como a mulher adolescente vivencia o período gravídico-puerperal.

Método

trata-se de um estudo com abordagem qualitativa, de campo, de caráter descritivo. A abordagem qualitativa foi entendida como sendo a mais adequada para este estudo, pois considera o significado das ações, motivações, aspirações, crenças, valores, atitudes e relações humanas. Optou-se pela realização de uma pesquisa de campo para investigar práticas, comportamentos, crenças e atitudes. Quanto ao estudo descritivo, este busca conhecer as distintas situações e relações que ocorrem na vida social, política, econômica e nos diferentes aspectos do comportamento humano, tanto isoladamente quanto em grupos e comunidades. O campo escolhido para realização da captação das participantes foi um hospital do interior do Rio Grande do Sul, ligado ao Sistema Único de Saúde. Os critérios de inclusão das participantes compreenderam adolescentes que estavam vivenciando o puerpério e tinham vínculo com o hospital em que se realizou a pesquisa, e que já haviam passado pelo período do puerpério imediato (até o 10º dia após o parto), para que elas tivessem algum tempo de vivência com o bebê. Totalizando 11 participantes. A coleta de dados aconteceu no período de maio a agosto de 2016, após apreciação do Comitê de Ética sob parecer número 1.538.235. A captação das participantes do estudo foi de forma intencional, por indicação das enfermeiras do hospital. A análise do material seguiu a proposta operativa e, a pesquisa seguiu os preceitos éticos da Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde.

Resultados

Ao descobrir a gestação, as adolescentes relataram ter manifestado sentimentos de insegurança, medo, rejeição, por não sentirem-se preparadas para exercer a função de mãe. Apontaram algumas mudanças de valores em suas personalidades a partir da descoberta da gestação. Suas ações colocaram como prioridade os filhos. Com isso, planejam retornar à escola para aumentar a possibilidade de oferecer oportunidades ao futuro dos filhos. Ainda, houve relato de deixar de lado a preocupação com o corpo e se preocupar em ter uma alimentação variada para ofertar os nutrientes que o bebê precisa. Na perspectiva das puérperas adolescentes, a idade não influenciou no amor que elas sentem pelos filhos, porém, se fosse mais tarde, compreendem que poderiam oferecer mais oportunidades a eles. O preconceito esteve presente em seus depoimentos na vivência em família e até com desconhecidos. Os relatos demonstraram alguns abandonos, destaca-se o afastamento escolar, como consequência da necessidade de cuidar do filho e também, para evitar julgamentos entre os pares. Outros abandonos relatados foram por parte do companheiro e amigas. Também mencionaram mudanças na rotina e alterações no estilo de vida. A reorganização na vida das adolescentes ficou evidente ao ter que acordar de madrugada para atender o bebê e fazer as atividades com pausas para ver se está tudo bem com o filho. As dificuldades foram significadas com o sentido de superação. Dentre estas, está o sucesso na amamentação, a organização das atividades e ter renda para sustentar o filho ao conseguir emprego. Em relação a ter uma experiência prévia, a convivência anterior das puérperas parece ter proporcionado mais segurança e confiança para cuidar do filho, o qual foi considerado motivo de felicidade.

Considerações Finais

Como contribuições para a prática em saúde, sugere-se que tanto nas consultas de pré-natal quanto no puerpério é importante que os profissionais tenham sensibilidade para incluir em suas ações assistenciais, atenção ao preconceito, evasão escolar, abandono e afastamentos sociais, além da participação da família nesta experiência de vida. O diálogo nas consultas deve perpassar, também, orientações sobre o futuro destas adolescentes e promoção de autoestima para conduzirem essa nova vivência com mais segurança. Estes aspectos subjetivos demarcam diferença na qualidade e satisfação de tal vivência às adolescentes. Ainda, destaca-se a importância de planejar ações de promoção da saúde em ambiente escolar, para discussão com os adolescentes acerca das consequências da gestação nessa fase de vida e da importância do apoio familiar e respeito para com os colegas, sem julgamentos, visto que as repercussões podem ter graves consequências na vida de quem sofre julgamento ou preconceito.

Palavras Chave

Adolescente, Período Pós-Parto, Enfermagem

Area

Cultura e saúde

Autores

Luiza Cremonese, Lúcia Beatriz Ressel, Cristiane Cardoso de Paula, Laís Antunes Wilhelm, Lisie Alende Prates, Marcella Simões Timm, Caroline Bolzan Ilha, Camila Nunes Barreto