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Título

AMOR MUNDI – REFLEXOES ARENDTIANAS SOBRE OS NEXOS AXIOLOGICOS ENTRE CUIDADO E RESPONSABILIDADE NA INTEGRALIDADE DAS AÇOES DE SAUDE

Introdução

O principio da integralidade das ações de saúde foi forjado num contexto histórico, social e politico da Reforma do Estado Brasileiro, deflagrado nos anos 80 do século passado, como fruto de uma luta da sociedade brasileira por melhores condições de saúde e de
justiça social. Dentre os princípios doutrinários da politica de saúde do Estado Brasileiro – o SUS, a
integralidade das ações tem sido tomada nos últimos 20 anos, como objeto em diferentes estudos no
campo da saúde coletiva brasileira, que em suas perspectivas teóricas-metodológicas híbridas e
interdisciplinares oferecem evidências de que o Cuidado
constitui o imperativo categórico para sua
materialização como direito e ação no cotidiano dos sujeitos na relação entre a demanda e oferta nos
serviços de saúde. Tais estudos enfatizaram aspectos subjetivos (relativos a vínculos, laços de
sociabilidade, relações com a alteridade), políticos, éticos, filosóficos envolvidos com a questão do
cuidado, que no seu conjunto mantêm-se interligadas por um ethos publico que consiste na
afirmação da saúde como direito humano ao cuidado2
. Todavia uma questão subjacente pode ser
percebida nessa discussão, que diz respeito ao descompasso entre o que é demandado e o que é
ofertado por cuidado. Isto porque a natureza fragmentada dos conhecimentos científicos, de cunho
generalizante, que consubstancia a oferta por cuidado na saúde impõe obstáculos e desafios para
lograr ou mesmo vigorar como uma prática eficaz de cuidado com direito humano à saúde. A
fixação de parâmetros absolutos baseado em regras, medidas e padrões para nos orientarmos no
mundo que vivemos, desprezam a experiência (cotidiano – a vida das pessoas) 3
., e incentiva a
apolitia, ou seja impede o reconhecimento da pluralidade humana que somos, que no sentido
arenditiano significa negar a política como ação instituinte. Não obstante, os estudos que se
aproximam ainda mais do cotidiano das pessoas que buscam cuidado e cuidam na sociedade atual,
revelam que na configuração do direito humano à saúde, torna-se possível visibilizar o surgimento
de novos arranjos sociais, associativos, públicos, por meio dos quais as questões éticos-politicas são
recolocadas no centro da discussão do provimento de cuidados
, e é justamente nesse movimento
que a responsabilidade emerge como uma exigência de ação politica, necessariamente coletiva e
pública. Entendemos por responsabilidade como sendo um agir consistente vis-á-vis nossas ações
públicas, interações, opiniões cuja qualidade estaria comprometida pelo encorajamento, exercício e
cultivo de um ethos publico, pois se refere a essa capacidade de sentir satisfação com aquilo que
interessa ao Outro e no espaço de sua visibilidade, ou seja, na vida em sociedade.

Objetivos

Refletir criticamente a ideia de responsabilidade, a partir das contribuições da pensadora Hannah Arendt, destacando sua dimensão axiológica para (re) pensar no campo da saúde, como horizonte
ético do cuidado e o cuidado como ação política da integralidade das ações na saúde, sendo a
“responsabilidade política” à ser conferido por este último, que não exime a “responsabilidade
pessoal” do sujeito em suas práticas cotidianas.

Desenvolvimento

Apoiada nas obras “A
Vida do Espirito5
” e a “Condição Humana6
” da pensadora Hannah Arendt - – serão apresentadas as
principais reflexões sobre os nexos axiológicos entre cuidado e responsabilidade, a partir de quatro
questionamentos: o primeiro diz respeito à responsabilidade e a decisão na produção do cuidado na
saúde, no sentido reatar os fios soltos do modo de viver publicamente em contraposição à
burocratização e utilitarismo, tomando a “politica de humanização” como caso analise; o segundo
consiste em discutir sobre a busca por cuidado (demanda) como condicionante de saúde,
problematizando a perspectiva participativa e inclusiva do cidadão, assim como suas formas de
organização de representação na formulação e na efetivação do direito à saúde, o terceiro se refere
aos efeitos do progresso cientifico e tecnológico sobre difícil conciliação entre ética e técnica, fruto
da dependência recíproca entre tecnologias educacionais e de saúde e o quarto que se relaciona a
produção do comum na atividade do “cuidar” e os desafios que são impostos pela produção do
conhecimento sobre cuidado, que capaz de criticar as clássicas dicotomias entre subjetividade e
objetividade, individual e coletivo, preventivo e curativo, forjando uma nova teoria da humanidade
(ou da solidariedade?) operando a desconstrução de saberes fatiados, que cortam as práticas em
pedaços, fragilizando ainda mais a vida, a existência no mundo.

Considerações Finais

A
propositura desse trabalho consiste uma abertura de possíveis diálogos entre concepções teóricas
metodológicas das pesquisas em saúde distinta, que tenham em comum a valorização
epistemológica da “experiência” como uma fonte de exercício do pensamento com origem na
realidade dos acontecimentos7
. Crescem as abordagens analíticas sobre o cuidado no campo da
saúde sob o eixo efetividade –eficiência, que por muitas vezes tem seguido a lógica da economia
politica (técnico-cientifica) vigente, marcada pela fragmentação, servindo aos Estados capitalistas a
justificativa social de se desresponsabilizarem do dever de garantir o direito à vida dos cidadãos,
com flagrantes de violação de direitos humanos. Pareceu-nos pertinente que refletir sobre uma ética
da responsabilidade, no intuito de alargar nossa mentalidade epistêmica para compreensão sobre as
demandas e necessidades requeridas por grupo populacionais vulneráveis ou em situação de
vulnerabilidade que tem na igualdade o le motive para ampliação do escopo conceitual e
metodológico pesquisas em saúde. Nesse sentido apostamos que as contribuições do pensamento
arendtiano sobre pluralidade humana nos permitirá adensar esse debate sobre a ideia de igualdade,
pela sua objetividade em buscar distinções entre as esferas “social e politica” destacando espaço
publico do direito à ter direitos. Isto não quer dizer haja a possibilidade de outros pontos de vistas
epistemológicas como aquelas advindas da fenomenologia schutziana, que em seu turno nos
oferecer subsídios debate sobre a tema igualdade, a partir dos com elementos do mundo da vida,
dos atores, nos contextos que se inserem e nas subjetividades que os sustentam. Acreditamos que tal
aposta pode contribuir para o fortalecimento da a identidade epistemológica da pesquisa qualitativa
em saúde ibero americana, mas sem abrir mão de sua dimensão ética-pedagógica-formativa que no caso brasileiro no serve a própria democratização o conhecimento, pela visibilidade de ações
pensamentos no intuito de combatermos o desrespeito a dignidade humana daquelas populações
mais vulneráveis.

Palavras Chave

A saúde coletiva tem essa responsabilidade vicária com o mundo da vida, pois se
trata de um mundo que inclui a vida daqueles que cuidam, dos que são cuidados e daqueles que
ensinam e aprendem a cuidar. Amor Mundi no sentido arendtiano do termo, significa justamente ver
o mundo pelo ponto de vista do Outro, ensinando e aprendendo, per se, é uma ação política por
excelência8

Area

Ética, Bioética e Filosofia em Saúde

Autores

ROSENI PINHEIRO