Datos del trabajo


Título

MULHERES EM SITUAÇAO DE VIOLENCIA: PERCEPÇOES SOBRE A PERPETUAÇAO DA VIOLENCIA EM SUAS VIDAS

Introdução

A violência tornou-se um grave e complexo problema de saúde diante de suas consequências físicas e psicológicas que interferem na qualidade de vida e no desenvolvimento do indivíduo. Especificamente, a violência contra a mulher é um fenômeno que atinge diferentes classes sociais, origens, regiões, estados civis, escolaridade e raças/etnias, sendo cometida principalmente por pessoas com vínculos afetivos, como parceiro, pai e outros familiares. A violência na vida da mulher pode se iniciar desde a sua infância, perpetuando-se em sua vida adulta, ou seja, observa-se que grande parte de mulheres que foram vítimas de algum tipo de violência na infância são mais suscetíveis de se inserir em relações conjugais de violência. Ademais, há uma tendência de que seus filhos possam se tornar agressivos ou passivos diante da violência vivenciada. Isso denota que tais experiências tendem a ser transmitidas intergeracionalmente, comprometendo todo o cenário familiar. Assim, é possível observar que a dimensão e a amplitude da violência na vida de uma mulher podem estar arraigadas a uma história de constante sofrimento. As consequências atingem todos a sua volta, podendo transpassar gerações, tornando-se enraizada em um meio familiar e social. Além de romper vínculos, perspectivas e gerar sofrimento físico e mental.

Objetivos

Compreender a intergeracionalidade do comportamento violento na vida de mulheres vítimas de violência e identificar suas percepções sobre a atuação do profissional de saúde no contexto de seu atendimento. O presente estudo foi aprovado com o número 1.338.850, pela Comissão de Ética em Pesquisa do Hospital das Clínicas/UFG - CEP/HC/UFG. Todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

Método

Foi realizada uma pesquisa social estratégica de abordagem qualitativa, tendo como campo de estudo o Serviço de Psicologia do Programa de Prevenção às Violências e Promoção da Saúde, da Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde de Aparecida de Goiânia, GO. Participaram da pesquisa dez mulheres adultas que estiveram ou estão em situação de violência. Os dados foram coletados por meio de entrevista semi-estruturada gravada e, após a transcrição, analisados por meio de análise de conteúdo modalidade temática. A entrevista utilizada foi elaborada pela pesquisadora a fim de guiar a mesma na sua coleta de dados, contendo perguntas pertinentes aos objetivos do estudo. As entrevistas foram pré-agendadas com cada participante e realizadas no horário e data combinados, e na unidade de saúde do município que fosse de mais fácil acesso para ela. Tiveram duração média de 35 minutos, formam gravadas com autorização e posteriormente transcritas pela pesquisadora. O processo de análise e interpretação dos dados foi realizado por meio da Análise de Conteúdo modalidade temática proposta por Bardin (2009), que visa compreender os núcleos de sentido que compõem uma comunicação, cuja presença ou freqüência tenham significado para o objeto analítico visado. Todo conteúdo das entrevistas foi transcrito e realizamos a leitura atenta das transcrições, as ideias centrais identificadas foram embasadas nos objetivos do presente estudo e construídas com base em semelhanças de sentido. Com base nos pressupostos teóricos e também nos objetivos, as idéias centrais foram agrupadas para extração dos núcleos de sentido, estes foram reagrupados em temas , formando assim as categorias temáticas do estudo, relacionando o conteúdo encontrado com os pressupostos teóricos e os objetivos do estudo.

Resultados

Emergiram quatro categorias: “o contexto familiar da infância”, “a intergeracionalidade do comportamento violento”, “as expectativas futuras” e “a saúde no contexto da violência contra a mulher”. Os resultados mostraram o impacto gerado pela violência intrafamiliar, demonstrando que a vivência em ambientes familiares violentos leva a formação de um repertório comportamental inadequado, comprometendo todo o desenvolvimento pessoal, influenciando nas escolhas e no modo de vida até a vida adulta. Nos casos estudados a violência esteve presente na vida dessas mulheres desde a sua infância, e elas identificam a influência deste fenômeno em suas relações afetivas e na vida de seus filhos, comprometendo também suas vidas futuras. Além disso, os serviços de saúde não foram percebidos como locais de apoio às vítimas, mostrando a necessidade de mudanças nas condutas diante destes casos.

Considerações Finais

A violência contra a mulher gera consequências a curto, médio e longo prazos, visto que seus impactos são vivenciados e sentidos ao longo de sua vida. Além disso, trata-se de um comportamento que pode ser transmitido para as demais gerações por meio do processo de aprendizagem, demonstrando que a vivência em ambientes familiares violentos leva a formação de um repertório comportamental inadequado, comprometendo todo o desenvolvimento pessoal, influenciando nas escolhas e no modo de vida até a fase adulta. O que reforça a importância de uma intervenção adequada em relação à violência contra a mulher, já que a mesma poderá auxiliar não somente a vítima, mas também todo contexto familiar o qual ela está inserida. Em relação a atuação dos profissionais da saúde, que foi percebida como deficitária, não sendo uma referência de apoio às vítimas, observamos que apesar de ser um fenômeno que influencia de forma intensa e negativa a saúde, o desenvolvimento e a qualidade de vida , os profissionais ainda não estão preparados para lidar com esta problemática, há ainda muito medo e insegurança, além de despreparo por parte deles para agir diante das vítimas, consequentemente a saúde é pouco identificada como local de apoio e orientações para pessoas em situação de violência.

Palavras Chave

Area

Violências e Saúde

Autores

Paula Santos Pereira, Marcelo Medeiros