Datos del trabajo


Título

SAUDE NA MIDIA: REPRESENTAÇOES SOCIAIS SOBRE ZIKA VIRUS NA IMPRENSA

Introdução

As experiências vividas por parte dos indivíduos afetados e as diversas formas de racionalidade, aliadas às múltiplas características das sociedades e dos grupos sociais contemporâneos, possibilitam existir diferentes visões de um mesmo problema ou objeto. Portanto, as representações sociais, em meio à velocidade da informação por esses meios de comunicação, levam a um processo constante daquilo que é novo, sendo uma tradução da realidade. No contexto da saúde, a Teoria da Representação Social é composta por diversos elementos, como crenças e opiniões. É estabelecida a fim de descrever algo sobre a realidade. No estudo do processo saúde-doença da epidemia do vírus Zika, percebe-se a importância da capacidade de resgatar esclarecimentos sobre a sociedade, por conduzirem a determinadas atitudes e comportamentos.

Objetivos

Resgatar as representações sociais contidas em mensagens veiculadas pela mídia sobre os principais temas da epidemia por Zika vírus e descrever o papel social da imprensa na divulgação científica para a sensibilização da população.

Método

O estudo descritivo qualitativo foi feito por meio de análises de reportagens publicadas sobre a epidemia de zika vírus no Brasil, no período de janeiro de 2015 a julho de 2017. Dados secundários foram coletados em acervos dos jornais online "O Estado de S. Paulo" e "Folha de São Paulo". O estudo teve como base teórica a Teoria das Representações Sociais. O uso do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC) foi utilizado como método para investigar o contexto da epidemia na época de estudo, no qual o pensamento de um grupo aparece como um discurso individual na primeira pessoa do singular. O DSC parte do objetivo de demonstrar a concepção da sociedade e o processo de como o conhecimento social é produzido, fundamentando-se na Teoria das Representações Sociais apresentada anteriormente.

Resultados

Foram selecionadas 91 notícias publicadas sobre o tema Zika Vírus nos jornais online O Estado de S. Paulo e Folha de São Paulo (66 e 25 notícias, respectivamente). No entanto, no transcorrer do trabalho, se for realizada uma somatória do total de notícias utilizadas como resposta para cada pergunta do estudo, será encontrado um número superior às 91 notícias coletadas, pois algumas delas continham resposta para mais de um subtema de interesse (representado por uma pergunta) ou apresentaram mais de uma ideia central. Para a realização deste estudo, foi feito um recorte com enfoque no subtema Epidemiologia do Zika Vírus. Cada categoria formada encontra-se de acordo com a disponibilidade de notícias divulgadas na mídia sobre o tema em questão. Para o subtema apresentado, 49 respostas foram extraídas das notícias encontradas. Dessas 49, 12 (24,48%) abordaram o perfil epidemiológico do vírus Zika e 10 (20,40%) o perfil pandêmico do Aedes, não priorizando abordagem sobre medidas preventivas, trazendo apenas a proteção específica para discussão. É possível confirmar assim que a informação divulgada tem caráter superficial e imediato. Por meio da análise dos DSC elaborados, percebe-se que as notícias midiáticas sobre a prevenção contra o vetor transmissor ainda são pouco difundidas no âmbito dos jornais. O perfil epidemiológico mostra que a maioria das crianças afetadas com microcefalia está em famílias com vulnerabilidade social e há prevalência dos casos de microcefalia entre mães adolescentes. As medidas preventivas deveriam ser priorizadas pelas políticas públicas de saúde e valorizada pelos indivíduos. Se cada cidadão fizer a sua parte, teremos uma melhoria nos índices de saúde, não somente em alguns locais, mas no país como um todo.
O resgate das representações sociais pode vir a ser útil na realização de pesquisas futuras com o intuito de fazer uma comparação desta epidemia com as seguintes, por exemplo, para avaliar as políticas de informação e comunicação em torno da prevenção da doença. Mesmo havendo predominância de questões políticas nas representações sociais veiculadas pelos jornais, foram abordados outros assuntos como: medidas preventivas contra o vetor, perfil epidemiológico da doença, desenvolvimento de vacina, diagnóstico de microcefalia e reabilitação, direitos reprodutivos da mulher, dentre outros.

Considerações Finais

Por meio da identificação do noticiário publicado foi possível resgatar as representações sociais sobre a epidemia do Zika vírus no Brasil e por meio das análises dos Discursos do Sujeito Coletivo, formadas a partir da cobertura dos jornais Folha de São Paulo e O Estado de São Paulo, conseguiu-se entender como a mídia atualizou o surto e como se deu a construção dos sentidos acerca da doença. Na prática discursiva da cobertura midiática, comprovou-se a controvérsia de algumas informações disponibilizadas nos meios de comunicação e observou-se intenso viés político nas reportagens veiculadas. Percebe-se que não há um espaço midiático transparente no que diz respeito ao apoio governamental para a população acometida pelo zika vírus. Em uma parcela dos casos de microcefalia relatados pela mídia, depara-se com certa subjetividade no tratamento e reabilitação, além da ausência da veiculação de informação específica sobre políticas públicas de saúde adotadas pelo governo brasileiro atual.

Palavras Chave

Zika vírus, Epidemia, Meios de Comunicação de Massa, Representações Sociais, Discurso do Sujeito Coletivo.

Area

Comunicação e Saúde

Instituciones

Universidade Federal de Goiás - Goiás - Brasil

Autores

Edlaine Villela, Crislene Moura